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Pegada brasileira de carbono é muito menor que de outros, destaca o líder
Buscar o equilíbrio das cadeias produtivas do agro, com respeito ao meio ambiente, e a sua valorização para o desenvolvimento sustentado do Brasil e a liderança na oferta global. Estes já foram objetivos traçados pela Associação Brasileira de Agronegócio (Abag) desde a sua fundação em 1993 e continuam bem presentes na entidade ao completar 30 anos de existência em 2023, conforme acentua o presidente Luiz Carlos Corrêa Carvalho. Ao avaliar que, apesar das complexidades, o ano de 2022 foi positivo para o setor e o mesmo espera em 2023, o líder destacou a necessidade de se realçar, de forma unida e pacífica, a importância do Brasil como um importante produtor de alimentos e energia limpa neste mundo de insegurança alimentar e energética.
O ano de 2022 foi complexo, com questões como cenário de transição política, reflexos da guerra da Rússia e Ucrânia e, ainda, da Covid na China, o grande importador, mas Carvalho enfatiza que o Brasil se diferenciou em relação a outros países, com antecipação na política monetária restritiva, sofrendo menos e crescendo mais. O agro, por sua vez, surpreendeu novamente, sublinha, com um terço a mais nas exportações, superávit de US$ 142 bilhões na balança comercial, 47,6% da venda externa total do Brasil, PIB de quase 28% do total brasileiro, e bons preços, apesar de custos altos.
Mesmo com o conflito russo/ucraniano, região fornecedora de insumos ao setor, estes não faltaram, com suporte da política pública do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “O impacto nosso não foi falta, foi seu preço, o que afetou a margem do produtor”, comentou Luiz Carlos, além de citar a influência de questões logísticas globais. Para 2023, espera queda nestes custos, como já ocorria, mas registra pressão da recessão na Europa e inicial nos Estados Unidos. Já o petróleo, base dos preços de commodities, deverá seguir perto de US$100/barril, pelas suas informações, o que o levava a crer em preços agrícolas novamente bons, e, junto com previsão de boa safra, ter a expectativa de manter o agro como sustentáculo do crescimento do País.
“Só espero que as políticas públicas estejam à altura da relevância que tem o agro no Brasil”, salienta o presidente da Abag, lembrando que o País está entre os três maiores fornecedores de alimentos no mundo, junto com Estados Unidos e União Europeia, e o sétimo entre os grandes players de energia. Observa que se está entrando em “complexo novo governo, com muito mais ministérios, o da Agricultura dividido em quatro segmentos, dois deles em ministérios também do agro e um deles indo para o Meio Ambiente, Indústria e Comércio, cujo funcionamento ainda precisamos entender”. Ressalta que estes dois setores, junto com o de Relações Exteriores, são fundamentais para as discussões que o agro tem em nível nacional e internacional, e sua ação é fundamental ao seu fortalecimento.
POR UMA VISÃO MULTILATERAL
Segundo o presidente da Abag, a geopolítica vai condicionar as relações econômicas no comércio internacional, junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e na entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE), e, por isso, “precisamos ser proativos nesta questão pelo peso e relevância do Brasil”. Luiz Carlos Carvalho afirma que, durante reunião na OMC, percebeu “um crescente unilateralismo e não multilateralismo, que foi tão importante para a geopolítica global e o crescimento do mundo”. Ele exemplifica com o Pacto Verde (Green Deal) decidido na União Europeia, que “força um unilateralismo baseado no mundo temperado, muito diferente da nossa realidade de mundo tropical”.
Carvalho participou no final de 2022 do Agri-Food Business Day promovido pela OMC e a entidade realizou em 31 de janeiro de 2023 um debate sobre o assunto. O dirigente acentua que essa discussão é muito importante quando se volta a adotar medidas e ideias precaucionistas, que dificultam o combate à insegurança alimentar no mundo. “Precisamos realçar a importância do Brasil neste mundo de insegurança alimentar e energética, em especial no processo de descarbonização, onde o Brasil está muito à frente com o seu agro, quando comparado, por exemplo, com o agro do mundo temperado”, assinala.
O líder ainda acrescenta a respeito: “Nossa pegada de carbono é muito menor e temos políticas públicas já firmadas, como a RenovaBio, voltada à redução das emissões de carbono e estímulo ao produtor para tanto. Esperamos continuar nesta evolução positiva, que é um exemplo para outros países, o que precisa ser reforçado em nível mundial, fazendo frente a narrativas negativas que procuram reduzir essa importância e focam apenas em desmatamento, ao mesmo tempo em que não se deve deixar de controlar essa ação ilegal em terras indígenas, por exemplo”, relata. “Esperamos que se possa ter ministérios integrados com o setor privado em iniciativas internacionais que mostrem o que é o Brasil de fato neste campo, e ter preocupação interna sobre o que se vai dizer e fazer, pois o mundo está de olho e quer investir ainda mais no País pelo que significa em produção de alimentos e energia limpa”, conclui.
PERFIL
Luiz Carlos Corrêa Carvalho é engenheiro agrônomo formado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP, 1973), com cursos de pós-graduação em Agronomia e Administração pela Faculdade de Economia e Administração da USP e Vanderbilt University (USA). Preside a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e a Academia Nacional da Agricultura da SNA. Ainda é diretor da Canaplan, empresa privada de consultoria e projetos para o setor sucroalcooleiro, diretor de Relações com o Mercado das Usinas do Grupo Alto Alegre, e sócio da Bioagência, empresa que comercializada açúcar e etanol nos mercados interno e externo, além de conselheiro da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e diretor da União dos Produtores de Bioenergia (Udop).
(Extraído da Revista “AgroBrasil – Balanço Brasileiro do Agronegócio 2022/2023, Editora Gazeta)