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junho 30, 2025Mais de 1.200 líderes empresariais dos setores de alimentos, rações, mobilidade sustentável e materiais se reuniram na sede da Bühler em Uzwil, Suíça, para discutir o desafio urgente de construir negócios bem-sucedidos que alimentem e movimentem 10 bilhões de pessoas de forma sustentável até 2050. Muitas soluções estratégicas já estão disponíveis para enfrentar tais desafios — o que se faz necessário agora é multiplicar esses impactos. Nos dias 23 e 24 de junho, representantes da indústria, do meio empresarial e da academia se reuniram para compartilhar soluções práticas para os desafios contínuos e emergentes de sustentabilidade — uma plataforma única voltada à promoção de abordagens inovadoras, ao fortalecimento de parcerias estratégicas e à valorização da educação e da liderança. Com o tema “Multiplicando impactos juntos”, o Networking Days 2025 destacou a coragem necessária para navegar em tempos de incerteza e apresentou soluções já disponíveis para construir empresas de sucesso com impactos positivos em larga escala.
Durante o evento, o CEO do Grupo Bühler, Stefan Scheiber, destacou o poder da colaboração e da cooperação para multiplicar os impactos da inovação. “Cada avanço, parceria e decisão ousada tem o potencial de gerar ondas — disseminando conhecimento, inspirando ações e impulsionando o progresso. Mas seu verdadeiro poder está no efeito multiplicador: quando essas ondas se conectam, elas criam verdadeiras marés de mudança. Ao trabalharem juntos, empresas e setores industriais não apenas contribuem para o progresso — eles o aceleram, ampliando sua influência e escalando soluções além do que qualquer esforço isolado seria capaz de realizar”.
O CTO do Grupo Bühler, Ian Roberts, complementou: “Está mais claro do que nunca que precisamos agir com foco e em colaboração para gerar os impactos necessários à preservação do estado saudável do nosso planeta. Fico energizado pelo potencial e pela disposição demonstrados por nossos 1.200 convidados – não apenas para falar, mas para agir concretamente e compartilhar conquistas, promovendo o aprendizado coletivo e a multiplicação de impactos”.
O Networking Days 2025 marcou a quarta edição do evento promovido pelo Grupo Bühler. Desde 2016, o grupo suíço de tecnologia reúne, a cada três anos, líderes dos setores nos quais atua. Os participantes da edição deste ano vieram de 90 países e seis continentes.

Grandes transformações exigem liderança ousada
Falando diretamente aos inúmeros líderes da indústria alimentícia presentes no evento, Laurent Freixe, CEO da Nestlé, ressaltou a responsabilidade do setor em encontrar formas sustentáveis de alimentar uma população global em constante crescimento.
“As mudanças climáticas são uma realidade, mas há liderança e há soluções baseadas na ciência; por isso, estou extremamente esperançoso de que, juntos, podemos gerar um impacto coletivo. Como atores essenciais do sistema alimentar, temos poder coletivo. Temos a capacidade de enfrentar muitos dos desafios que o planeta impõe – e devemos levar muito a sério a responsabilidade que isso acarreta”.
Em um ano marcado por turbulências políticas e econômicas, os palestrantes principais enfatizaram o papel urgente da indústria na abordagem dos desafios globais mais críticos. Em tempos como esses, é fácil para líderes empresariais a adoção de uma postura excessivamente cautelosa, mas construir negócios resilientes e preparados para o futuro exige coragem e ações decisivas.
“A moeda para sobreviver em uma era de incertezas é a coragem,” declarou em sua palestra Ranjay Gulati, professor da Harvard Business School. “A incerteza gera medo, e o medo pode ser paralisante. Mas para sobreviver e prosperar, é preciso ousar e agir.” Gulati explicou que, em ambientes imprevisíveis, as empresas não conseguem eliminar a incerteza. Em vez de resistir a ela, ele instou os líderes a adotarem uma mentalidade ágil, que permita experimentação, aprendizado e evolução contínua no caminho a seguir.
Sucesso empresarial sustentável
A principal mensagem do evento foi clara: a sustentabilidade é uma estratégia empresarial sólida, capaz de impulsionar o crescimento lucrativo e a resiliência no longo prazo — e é resultado direto de uma liderança forte.
O professor Johan Rockström, referência global em sustentabilidade e diretor do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre Impacto Climático, destacou a urgência da indústria operar dentro dos limites seguros do planeta. Como idealizador da estrutura dos Limites Planetários, ele reforçou que a sustentabilidade deixou de ser opcional — ela é essencial à resiliência, à competitividade e ao sucesso futuro. Ele encorajou os líderes a se posicionarem abertamente sobre o valor estratégico da sustentabilidade: “Devemos tratar a sustentabilidade como um pilar central da competitividade, da segurança, da estabilidade e da saúde dos negócios. Quando uma decisão melhora seu desempenho, atrai talentos, abre novos mercados ou fortalece a resiliência, comunique isso com clareza: mostre que sustentabilidade não é um fardo – é uma vantagem competitiva”.
Ao longo do evento, os palestrantes reforçaram a magnitude e a urgência dos desafios, defendendo a aceleração da inovação – em ferramentas digitais, tecnologias de processo e modelos de negócio – para gerar mais valor com menos recursos.
Johan Westman, CEO da AAK, produtora de óleos vegetais, compartilhou a jornada da empresa rumo à liderança em sustentabilidade. Desde 2019, a AAK tem transformado sua cadeia de suprimentos de óleo de palma, priorizando fornecedores comprovadamente livres de desmatamento. Em 2024, 91% da cadeia de suprimento da empresa já atendia a esse critério, o que coincidiu com um aumento significativo na lucratividade. A AAK acredita que é necessário haver mais foco na produção sustentável de óleo de palma. “O óleo de palma oferece uma produtividade por hectare de 4 a 10 vezes maior do que qualquer outro óleo vegetal. Isso é fundamental quando se trata de alimentar o mundo”.

Transformação por meio da colaboração
Thomas Zurbuchen, líder do ETH Zurich | Space e ex-diretor de Ciência da NASA, destacou a importância da colaboração entre ciência e indústria para enfrentar os desafios climáticos e ambientais. “A indústria tem a capacidade de transformar ideias científicas em soluções inovadoras que geram impacto real. Às vezes, o futuro já está presente — só é preciso colocá-lo em prática em maior escala.” Como exemplo, Zurbuchen mencionou os avanços recentes na tecnologia de imageamento por satélite: “Hoje conseguimos utilizar novas tecnologias para analisar dados espaciais com resolução de milímetros e transformá-los em informações úteis para decisões em solo. Um agricultor pode, por exemplo, usar imagens de satélite para identificar exatamente quais campos precisam de fertilizante e quais não”.
Vários palestrantes reforçaram a mensagem sobre o poder da colaboração para promover o sucesso sustentável dos negócios, mitigar as mudanças climáticas, proteger e restaurar a natureza, gerar empregos e garantir a segurança alimentar.
Julia Binder, professora do IMD, sugeriu que os participantes refletissem sobre a economia circular como “um meio de unir rentabilidade, crescimento e sustentabilidade.” Ela os encorajou a adotar uma abordagem ousada na reinvenção de seus modelos de negócio com base em princípios circulares: “A economia circular funciona como um ecossistema — é altamente centrada no cliente e extremamente colaborativa. As empresas que realmente prosperarão no futuro serão aquelas que utilizarem sua capacidade de inovar. Convido vocês a começarem pelo futuro: visualizem uma ou duas inovações transformadoras capazes de redefinir seu negócio, e então estabeleçam os passos necessários para chegar lá”.
Michele Andriani, CEO da Andriani S.p.A., trouxe um exemplo concreto do poder da circularidade para abrir novos mercados. Sua empresa se propôs a encontrar usos alternativos para todos os subprodutos gerados em sua atividade principal de produção de alimentos. Isso resultou no desenvolvimento de novas linhas de produtos, que incluem desde ração animal até suplementos nutricionais, com apoio da Bühler e de outros parceiros. Todo material que não pode ser transformado em um produto de valor é utilizado para gerar energia para a produção. “Sustentabilidade não é um objetivo, mas uma forma de agir e conduzir os negócios. Para nós, circularidade não é apenas um conceito de sustentabilidade — é um gerador de inovação e crescimento que nos abriu portas para setores totalmente novos”.
Aproveitando o tema da valorização de resíduos, Andrea Illy, presidente da illycaffè S.p.A. e copresidente da Regenerative Society Foundation, compartilhou como sua empresa tem aplicado princípios semelhantes. Ao reaproveitar subprodutos do café como ingredientes bioativos para o setor de cosméticos, a illycaffè criou uma nova linha de negócios. A empresa também colabora com seus produtores para fomentar práticas agrícolas regenerativas: “Começamos com apenas dois sítios para demonstração em 2019. Hoje, 90% dos nossos produtores adotaram pelo menos 70% dessas práticas regenerativas. Todos precisamos migrar de modelos de negócios que dependem da destruição do capital natural para um novo paradigma, em que transformamos um ciclo vicioso em virtuoso — regenerando a biosfera à medida que fazemos a economia crescer”.
Cumprindo promessas: expandir os negócios, reduzir a pegada ambiental
Durante o Networking Days de 2019, a Bühler assumiu o compromisso de, até 2025, multiplicar soluções capazes de reduzir em 50% o consumo de energia, a geração de resíduos e o uso de água nas cadeias de valor de seus clientes. Desde então, a empresa investiu cerca de 500 milhões de francos suíços em pesquisa e desenvolvimento para cumprir essa promessa. Realizou uma análise detalhada do potencial de economia em 15 cadeias de valor prioritárias e desenvolveu novas tecnologias e soluções.
“Dada a urgência com que precisamos agir, nossos esforços vão além do simples cumprimento de requisitos legais — são baseados em parcerias, inovação e foco na construção de negócios capazes de entregar reduções ambientais mensuráveis, ao mesmo tempo em que promovem o aumento do lucro dos nossos clientes e da própria Bühler,” afirmou Ian Roberts, CTO do Grupo Bühler. “Esse trabalho não apenas beneficia o meio ambiente, mas também impulsiona a eficiência operacional, gera empregos e fortalece a resiliência de longo prazo. Estamos ajudando nossos clientes a conseguir reduções significativas no consumo de energia, na geração de resíduos e no uso da água — promovendo impactos reais em toda a cadeia de valor”.
Multiplicar essas abordagens em diferentes empresas e setores exige soluções e serviços que viabilizem o crescimento dos negócios com menor pegada ambiental. Isso inclui impulsionar vendas, rentabilidade, criação de empregos e resiliência de longo prazo, atendendo às necessidades da sociedade enquanto se reduzem as emissões, o uso da terra e da água, e os impactos sobre os ecossistemas.
A Bühler apoia seus clientes nesse processo por meio de diversas frentes: desde a oferta de novas soluções de ponta, até a otimização de sistemas já existentes, por meio de serviços como reforma de máquinas, controle digital de processos e manutenção preditiva. Esses serviços aumentam a produtividade e os rendimentos, proporcionando melhor retorno sobre o investimento com impactos ambientais positivos.
Como resultado, a Bühler está cumprindo sua promessa de multiplicar soluções capazes de reduzir em 50% o consumo de energia, a geração de resíduos e o uso de água nas cadeias de valor dos seus clientes. Segundo a análise de cadeias de valor da empresa, quando combinadas com outras tecnologias e soluções fora do portfólio da Bühler, o potencial máximo de economia ultrapassa 80% em algumas cadeias de valor. O potencial de redução de emissões de CO₂ equivalente é de 71% no processamento de alumínio até o produto final, 77% na transformação de grãos de cacau em chocolate e 65% no processamento de arroz.

Comércio, grãos e fluxos de dados
No segundo dia do evento, o foco se voltou para desafios e oportunidades além da sustentabilidade. Stefan Legge, vice-diretor e chefe de Política Fiscal e Comercial da Universidade de St. Gallen (Suíça), incentivou os participantes a manterem uma postura crítica diante das alegações de que a globalização estaria em retração. “A desglobalização ainda não se reflete nos dados,” afirmou. “O comércio global continua crescendo, embora em ritmo mais lento.” Legge previu um período de crescimento global mais moderado e de maior volatilidade, reforçando a importância da confiança: “Há uma escassez de confiança na economia global, o que torna ainda mais importante encontrar parceiros confiáveis”.
Vito Martielli, analista sênior de grãos e oleaginosas do Rabobank, apresentou pesquisas indicando o crescimento contínuo do comércio global de grãos, impulsionado pela demanda crescente na China e na África. Ele observou que essas mudanças estão reconfigurando os fluxos globais e podem estimular investimentos em infraestrutura, como portos e armazenagem, especialmente no Brasil e no sudeste da Europa.
Neil Barua, CEO da empresa de software PTC, apontou a digitalização como fator essencial para a gestão de riscos nas cadeias de suprimentos: “A inteligência artificial vai ajudar as organizações a lidarem com interrupções de forma mais eficaz. Mas para isso, é preciso ter dados robustos sobre sua cadeia de suprimentos”.
Alimentos seguros, saudáveis, acessíveis e saborosos
Um painel discutiu o desafio de fornecer alimentos seguros, saudáveis e acessíveis para uma população global em crescimento. Abigail Stevenson, diretora científica da Mars, destacou a crescente importância da densidade nutricional nos alimentos industrializados, com a incorporação de grãos integrais, castanhas e leguminosas. Ela também enfatizou o valor da colaboração intersetorial: “Olhar além do nosso setor é fundamental para ampliar perspectivas e pensar de forma diferente. Ao unir pessoas de diferentes partes da indústria e do ecossistema, encontramos formas inovadoras de enfrentar os desafios comuns”.
Florian Schattenmann, CTO da Cargill Incorporated, destacou a complexidade dessa missão e observou que as empresas precisam atender a quatro exigências simultâneas:
“Os produtos precisam ter o sabor certo, o perfil nutricional certo, o perfil de sustentabilidade certo e o custo certo,” disse. “E, entre esses, o sabor é fundamental”.
Simon Tecleab, CEO do Naval Group, comentou os desafios específicos da operação de sistemas alimentares na África, incluindo infraestrutura limitada e dificuldades para captar conhecimento técnico e capital: “É preciso ter empresas bem-sucedidas para alimentar o mundo,” afirmou, descrevendo como sua empresa expandiu suas atividades além da Eritreia, criando uma rede de produção e processamento em países vizinhos. O grupo também estabeleceu sua própria empresa de logística para transportar produtos das fazendas até as unidades de processamento e no momento é parceiro da Bühler na construção de um parque industrial de alimentos de última geração em Angola.
Mandla Nkomo, CEO da Partners in Food Solutions, também defendeu o papel da inovação e do empreendedorismo para resolver os desafios dos sistemas alimentares africanos. Sua organização conecta especialistas de empresas alimentícias globais com produtores e processadores de alimentos em diversos países do continente: “O talento está distribuído de forma equitativa, mas as oportunidades não,” declarou. “Vamos criar uma rede estruturada de oportunidades para transformar os sistemas alimentares da África – uma fábrica por vez”.
Mobilidade e materiais sustentáveis
Como de costume, o Networking Days não se limitou ao setor de alimentos. Especialistas realizaram discussões aprofundadas sobre mobilidade e materiais sustentáveis, incluindo a redução do peso de veículos e o desenvolvimento de uma indústria europeia de baterias avançadas.
A Bühler anunciou a venda de sua 50ª solução Carat de megafundição, consolidando sua posição como protagonista na viabilização da produção de componentes estruturais de grande porte por meio de megafundição para a indústria automotiva. À medida que a megafundição se consolida, as montadoras globais estão acelerando sua adoção e redefinindo suas estratégias de produção.
Inovação em ação
Os participantes também puderam conferir na prática as tecnologias inovadoras em funcionamento nos centros de pesquisa e treinamento da Bühler em Uzwil. Entre as soluções demonstradas estavam novas tecnologias de moagem, ferramentas de otimização de processos baseadas em IA, fundição controlada digitalmente e tecnologias de alta eficiência energética para expansão de grãos, extrusão de alimentos e produção de proteínas à base de plantas.
Na sessão de encerramento, o tema voltou à liderança ousada. Francois Pienaar, capitão da seleção sul-africana de rúgbi campeã da Copa do Mundo de 1995, refletiu sobre o impacto daquele momento histórico na África do Sul pós-Apartheid. Pienaar compartilhou as lições que aprendeu com grandes líderes ao longo de sua carreira esportiva: “Eles incorporam o espírito da perseverança, compreendem a pressão da competição e prosperam sob ela. Aprendi que grandes líderes tomam decisões fundamentadas em princípios sólidos. Eles equilibram pensamento crítico com resistência ao pensamento coletivo, enfrentando riscos com coragem e mantendo sua integridade. No centro de tudo está o cuidado genuíno com a sociedade e o compromisso com a melhoria das comunidades — seja em casa, na escola, no bairro ou no país. Imagine o impacto que poderíamos ter se cultivássemos uma geração de jovens líderes com integridade”.
O Bühler Networking Days 2025 estabeleceu um novo padrão, reunindo o maior número de líderes da indústria e a mais ampla diversidade de setores desde o início do evento. Os participantes deixaram Uzwil com novas perspectivas, conexões estratégicas e um compromisso renovado com o progresso em suas organizações. Em seu discurso de encerramento, o CEO Stefan Scheiber agradeceu a participação ativa e pelas ideias compartilhadas, fazendo um apelo para ação: “Precisamos de coragem para tomar decisões ousadas – decisões que acelerem o crescimento e promovam a transformação sustentável dos negócios, das cadeias de valor e de setores inteiros. Ao fazer isso, construiremos um futuro melhor para nossas empresas e nossas sociedades, e assim de fato multiplicar nosso impacto”.