A sustentabilidade se tornou prioridade no agronegócio brasileiro

Por Alexandre Vinicius de Assis, diretor de vendas Valtra
O desenvolvimento global, em especial após a primeira metade do século 20, passou a desmistificar a ideia de que as fontes de matérias-primas seriam inesgotáveis no planeta, o que exigiu a busca por um modelo de equilíbrio baseado nas novas demandas sociais, econômicas e ambientais e o encontro de soluções para reduzir a geração de poluentes, preservando e não comprometendo o uso de nossos recursos naturais.
Nesse cenário, organizações dos mais variados setores passaram a direcionar esforços para iniciativas de desenvolvimento sustentável, o que tem se tornado um critério significativo para a estratégia nos negócios com resultados que promovem geração de valor às marcas, crescimento das receitas e a fidelização dos clientes, que compactuam do mesmo propósito. Em 2021, a Opinion Box fez um levantamento com 2.203 pessoas, onde 82% dos brasileiros disseram ter a sustentabilidade “como tema importante” e 62% preferem pagar mais por um produto que agrida menos o meio ambiente.
O agronegócio por natureza – e sem trocadilho – precisa de recursos naturais abrangentes para conseguir produzir em larga escala, durante o ciclo das mais variadas culturas, desde o preparo do solo até o armazenamento dos produtos após a colheita, e tem se mobilizado amplamente para a adesão e a aplicação de conjuntos tecnológicos que otimização todas as etapas da cadeia produtiva e para o desenvolvimento iniciativas precisas e sustentáveis no segmento.
Quando usamos o termo Agricultura 4.0 destacamos a imersão do agro em gerar ferramentas e técnicas que agridam cada vez menos o meio ambiente, da fábrica ao campo, e desmistificando a imagem de que o setor não se preocupa ou investe nessas questões.
Nesse cenário é importante destacar que o principal ator para potencializar essas virtudes no campo é o próprio agricultor, que passa cada vez mais a compreender a influência do equilíbrio ambiental para a perenidade do seu negócio e da utilização responsável da sua área de operação, como a estratégia Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) que tem por objetivo a recuperação de áreas de pastagens degradadas com o uso de diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área.
Equipamentos sustentáveis
Na Valtra temos elaborado uma série de iniciativas nesse sentido, e hoje é possível afirmar que nossa linha de produtos deu passos significativos para ajudar a reduzir o consumo de combustível e as emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa) e melhorar a saúde do solo com insumos reduzidos, com benefícios ao agricultor e ao meio ambiente em todos os estágios das operações.
Entre progressos importantes, dispomos hoje do controle de bico eletrônico e régua eletrônica no tanque do pulverizador Série R, um dos nossos lançamentos em 2022, diminuindo o desperdício de insumos com 70% menos sobreposição e impedindo o excesso de aplicação que pode ocasionar fitotoxicidade na planta.
A adesão do pacote Precision Planting, há cinco anos, nascido para o gerenciamento de informações e menor impacto ao meio ambiente, trouxe maior exatidão no plantio, sendo possível uma economia de R$ 50 mil de sementes por safra de soja (considerando uma área de 2.500 hectares). A plantadeira dobrável Momentum, eleita Machine Of The Year, insere as sementes perfeitamente no solo sem a necessidade de sulcos largos e possui um sistema de distribuição de peso que reduz a compactação do solo que pode restringir o crescimento das raízes.
Equipamentos da Valtra, como a plantadeira Momentum, garantem precisão na lavoura e evitam desperdício de recursos
Nossos motores e transmissões também carregam um viés sustentável aliando potência e economia. O motor eletrônico AGCO Power, homologado de fábrica pela lei de controle de emissões (MAR 1), foi desenvolvido para operações agrícolas e pensando para trabalhar em baixas rotações, garantindo 25% menos consumo de combustível, enquanto a transmissão continuamente variável (CVT), em que somos pioneiros, incorpora materiais mais leves e de alta resistência e aumenta em até 30% o rendimento no campo.
Descarbonizar operações e produtos
A meta da AGCO, detentora da Valtra, para alcançar operações sustentáveis nos próximos cinco anos está diretamente ligada à redução de emissões em 20% e alcançar 60% de energia renovável nas operações globais de fabricação. As operações da multinacional no Brasil passam a utilizar apenas energia de fontes renováveis a partir deste ano. A iniciativa inclui as nove unidades da empresa no país, entre fábricas, centros de distribuição e escritórios, que consomem 42 mil MWh por ano. Isso comprova estarmos no caminho certo para o uso de combustíveis renováveis e energias renováveis de forma permanente em nossos portfólios.
Quando falamos da Valtra, a marca é uma das pioneiras na busca por desenvolver produtos para o uso de biogás (biometano), combustível neutro em carbono durante as operações no campo. Em 2010 e 2011 apresentamos na Europa dois protótipos com motor de quatro cilindros, um deles baseado no modelo N101 e outro na série T, tomando a decisão da produção de tratores aptos para o uso de combustíveis alternativos em 2013.
Estamos trabalhando e avaliando as condições de implementar essa solução no Brasil, entendemos ser aquela com mais possibilidades de execução em um futuro próximo, mas ainda há um caminho a percorrer e é preciso adaptar os componentes em nossos equipamentos para garantir a melhor entrega ao produtor rural e a infraestrutura adequada para gerar o gás a partir da fermentação de dejetos animais e vegetais. Outro foco está direcionado ao gás natural, um combustível de emissões reduzidas.
Produtos remanufaturados
As fábricas onde são produzidas as máquinas Valtra globalmente têm práticas de preservação de recursos, com economia de energia, emissões e resíduos, e também contam com uma divisão específica para peças remanufaturadas. AGCO Power Reman oferece alternativas de reposição de itens para modelos da marca, de forma rápida, de baixo custo e sustentável e com as mesmas garantias de uma peça nova, mas com um custo 30% menor.
A remanufatura também contribui com o meio ambiente. O processo consome cerca de 85% menos materiais, energia e água do que a fabricação de novos componentes. Os produtos remanufaturados reduzem a emissão de gases de efeito estufa, ampliam a reciclagem e impulsionam o desenvolvimento sustentável e a geração de emprego.
Esses aspectos mostram que queremos nos tornar referência de sustentabilidade no agronegócio, apoiando iniciativas que agreguem para cada área do nosso negócio, mas com o objetivo maior de apoiar os agricultores com ferramentas inteligentes que permitam operações rentáveis e sustentáveis no campo Brasil afora. 

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