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março 15, 2022Os sistemas de produção agrícola estão cada vez mais tecnificados com soluções inovadoras que contemplem toda a complexidade dos fatores presentes na área, e essas ferramentas chegam a economizar até 20% do uso da água na irrigação
A agricultura já não é mais somente preparar o solo, com a pá na mão e plantar. Hoje, as plantações se modernizaram e para garantir a produtividade, eficiência, a segurança alimentar e a conservação ambiental, o produtor está ainda mais atento ao que a tecnologia na lavoura pode proporcionar, principalmente no quesito economia de água.
Doutor em engenharia agrícola, engenheiro ambiental e gerente de treinamentos da Pivot Máquinas Agrícolas e Sistemas de Irrigação, Enoque Pereira da Silva afirma que a tecnologia traz muitas ferramentas que possibilitam o cálculo correto da quantidade de água a ser jogada na planta, e testes mostraram que um pivô de 100 hectares apresentou uma economia de 20% no consumo de água. “O primeiro paradigma a ser quebrado na agricultura irrigada é a questão do consumo de água, quantos litros determinada planta consome para produzir. A planta tira água do solo e transfere para a atmosfera. Apenas 1% da água que a gente joga nela é que ela absorve. O restante volta para a atmosfera em forma de evapotranspiração. A quantidade de água depende do ciclo de cultura”, explicou.
Exemplo disso é do produtor rural René Augusto Moreira Barbosa, que é do interior de São Paulo, mas mora em Paracatu (MG) desde 2004. Ele utiliza o pivô na irrigação de sua propriedade. “Para fazer a gestão sustentável da água, nós irrigamos de acordo com a cultura plantada e de acordo com a permissão da outorga de uso da mesma”, ressaltou. O produtor conta que a tecnologia deixa a agricultura mais sustentável auxiliando no manejo dos recursos. “Para realizar a preservação irrigamos o permitido por período”, relata.
A outorga é o instrumento legal que assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos, concedida pelo poder público. No caso de Minas Gerais, o responsável pela emissão é o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). A autorização concede ao usuário o direito de uso e a vigência depende do modelo do documento. Solicitada antes da implantação de qualquer intervenção, a outorga é um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
Agricultura sustentável
A agricultura de precisão surgiu como forma de assegurar que as atividades agrícolas sejam mais eficientes e automatizadas. Os irmãos Déborah Novais Cordeiro e Galba Vieira Cordeiro Cordeiro Junior, da Vitória Agronegócios, com propriedades em Paracatu, Unaí e João Pinheiro em Minas Gerais (MG), aproveitam a tecnologia disponível. “O pivô viabiliza o plantio em nossa região e otimiza o uso da terra. Através de tecnologias e ações simples no dia a dia, mensuramos o controle e evitamos o desperdício”, frisou Déborah.
Outros elementos utilizados por eles para a gestão sustentável são a perfuração de poços artesianos, instalação de telemetria – coleta e leitura de informações por meio de computador – em tempo real, para controle de uso das águas nas operações e instalações do empreendimento. “Nossa agricultura é 100% irrigada por pivô central. A tecnologia para deixá-la mais sustentável permite eficiência energética, uso racional das águas, uso mais eficiente de químicos e defensivos. Tudo sem desperdício, aumentando com isso nossa produtividade e rentabilidade sem necessidade de abertura de novas áreas. Há também a recuperação de áreas que estejam degradadas, transformando-as em terras férteis”, explicou Déborah.
Segundo o doutor em Engenharia Agrícola da Pivot, as ferramentas de gestão possibilitam o controle, o manejo, toda a parte técnica de operação do pivô como ligar e desligar. “O controle de qual volume de água está sendo utilizado também pode ser observado, pois o sistema alimentado com informações, diretamente conectado à internet fornece ao gestor ou proprietário, em tempo real, o volume de água utilizado, que está utilizando e promove a projeção de quanto vai gastar na safra. Isso permite uma gestão eficiente dos seus recursos”, ressaltou Enoque Pereira.
Uma ferramenta citada por ele é a Fieldnet Advisor que aliada ao produtor fornece em tempo real através de estações meteorológicas todas as informações do pivô. “Com ela é possível identificar o fornecimento de água, quanto precisa irrigar e qual o momento certo de fazer a irrigação”, afirmou.
Para os responsáveis da Vitória Agronegócios, que são considerados os guardiões de rio em Paracatu, a preservação é essencial para a vida. “Devemos manter a vegetação nativa conservada, cuidando das nossas nascentes e proibindo a caça e pesca em nossa propriedade. Mais do que qualquer outra pessoa, cuidamos, guardamos e protegemos nossos rios, pois precisamos deles para tirar nosso sustento e os alimentos que temos tanto orgulho e amor em produzir”, concluiu ela.