O último ano foi de desafios para o setor empresarial. Não bastasse a crise econômica, uma das maiores crises políticas da história assolou o país. Na contramão desse cenário, o cooperativismo encontrou espaço para crescer. É o que mostram os dados da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab). No ano passado, as 200 cooperativas paranaenses alcançaram faturamento superior a R$ 70 bilhões, valor que representa um aumento de 16,24% em relação a 2015.
O setor, que responde por 22,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná e por 56% da produção agropecuária do Estado, exportou no ano passado US$ 2 bilhões, investiu R$ 2,1 bilhões e recolheu R$ 1,88 bilhão em tributos. O cooperativismo paranaense congrega 1,4 milhão de cooperados, 84 mil empregados e gera 2,6 milhões de postos de trabalho, estando presente em 100 dos 399 municípios.
Segundo o economista e chefe do Departamento de Economia Rural da Seab, Francisco Carlos Simioni, esse trabalho integrado permitiu às empresas cooperadas avançar em eficiência e escala no último ano, apesar dos desafios. “As cooperativas têm forte participação no desenvolvimento econômico e social de suas populações. Nos municípios mais distantes dos grandes centros de desenvolvimento do Estado, a presença do cooperativismo tem peso elevado no orçamento e na renda. Esse é um fator de barganha extremamente importante”, comenta.
Simioni destaca ainda que o setor criou e apresentou propostas de adoção de políticas públicas que nasceram no âmbito local, regional ou estadual, entre elas, as linhas de crédito para investimentos como o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor e Produção Agropecuária (Prodecoop) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). “Além do cooperativismo de produção, as cooperativas de crédito do Paraná são muito fortes e atuantes”, ressalta.
Para fomentar ainda mais a cadeia do cooperativismo, a diretora da Mark Messe, Fernanda Skraba, diz que a empresa vai promover a primeira edição da Feira Nacional de Negócios para Cooperativas (FeinaCoop), que será realizada de 19 a 21 de setembro, no Expoara, em Arapongas, no Norte do Paraná. No Centro de Eventos, será realizada uma feira com 8 mil metros quadrados de área de exposição e aproximadamente 150 expositores, em paralelo à realização de congresso e Dia de Campo.
“Acreditamos ser fundamental criar um ponto de encontro anual entre fornecedores de bens e serviços relacionados ao cooperativismo. O evento vai propiciar o fortalecimento do setor, apresentar as tendências mercadológicas para que seja possível driblar as dificuldades a ele inerentes e estimular a venda dos produtos gerados pela cadeia do cooperativismo em todos os seus segmentos” argumenta.
A expectativa da Mark Messe é de um público de 6 mil visitantes nos dois dias do evento. Os estandes já estão sendo comercializados e a feira já conta com o apoio do Governo do Paraná, Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Emater, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Prefeitura de Arapongas, Prefeitura de Londrina, Sindicato Rural de Arapongas, Câmara Brasil-Alemanha, Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Londrina Convention Bureau e Expoara Centro de Eventos.
O economista e chefe do Departamento de Economia Rural da Seab diz que o objetivo é, até 2020, atingir um faturamento de R$ 100 bilhões por meio do cooperativismo paranaense. “Para isso, é necessário manter o nível de investimento e desenvolvimento focado no desenvolvimento agroindustrial de agregação de valor, dentro das metas planejadas, garantindo renda e emprego. Esses são fatores essenciais para um Estado que tem forte participação no setor rural”, avalia.
AGRONEGÓCIO
A estimativa da Seab é de que o agronegócio participe com aproximadamente 33% do PIB do Paraná, ou seja, R$ 120,7 bilhões. No mercado externo, a participação do setor em relação ao total das exportações paranaenses é de 75%. “Continua sendo o setor da economia estadual com maior peso nas exportações”, destaca Simioni. A soja em grão continua como líder de exportação, ao lado da carne de frango. No ano passado, foram exportados 7,97 milhões de toneladas de soja, volume 2,5% superior a 2015. Apesar disso, a receita foi menor em função da variação do dólar. Em 2016, a receita acumulada com a exportação da commoditie foi de US$ 2,95 bilhões, que corresponde a uma queda de US$ 500 milhões em relação a 2015.
O Paraná continua a ser o maior produtor e exportador de carne de frango do país. Apesar da ligeira queda no preço do produto no mercado internacional, no ano passado as exportações de frango aumentaram 4% em volume em relação a 2015, mas tiveram queda de 2,12% na receita. Simioni destaca que alguns produtos apresentam crescimento na pauta das exportações. O Paraná foi o 3º estado do país que mais exportou carne suína, com 13% de participação. Outro produto que mostrou expansão foi o açúcar, contabilizando um aumento de 12,3% em volume no ano passado, em relação a 2015 (2,6 milhões de toneladas).
As perspectivas para o agronegócio no Paraná em 2017 são bastante otimistas. “Estamos colhendo 23,2 milhões de toneladas na primeira safra de milho, soja e trigo. Se somarmos a essa produção a segunda safra e mais a dos cereais de inverno, nossas projeções indicam que poderemos obter até 40 milhões de toneladas. Será a maior produção estadual, se consolidada”, prevê Simioni.