Durante quatro dias, 600 profissionais da área agrícola de Mato Grosso receberam informações e ferramentas que vão auxiliar na tomada de decisões diante dos principais desafios da temporada 2022/23
Reunir grandes especialistas do agronegócio e a classe agrícola de Mato Grosso para compartilhar as principais informações que vão nortear a próxima safra de soja. Esse é o objetivo da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) com o Encontro Técnico Soja, que neste ano chegou à 22ª edição e contou com 300 pessoas no formato presencial e mais 300 no online, totalizando 600 participantes. Realizado em Cuiabá-MT, a instituição cumpriu, mais uma vez, o seu papel de contribuir para o crescimento e desenvolvimento da agricultura nacional, através do compartilhamento de pesquisas agronômicas e estudos, além de experiências da última safra.
Para abrir o evento, o presidente do Conselho Curador da Fundação MT, Odílio Balbinotti Filho, chamou os conselheiros Gilberto Goellner, Marcelo Vendrame e José Maria Bortoli, para discorrerem sobre a experiência deles na criação da instituição, próxima de completar 30 anos. Naquela época, produtores rurais e o pesquisador, Dario Minoru Hiromoto (in memoriam), uniram forças no intuito de encontrar soluções para o desenvolvimento da agricultura em uma região que poucos acreditavam.
“A Fundação MT tem hoje uma abrangência nacional e até internacional, pois todo o conhecimento que ela já gerou e gera acaba servindo para a agricultura brasileira. Outras regiões acabaram vindo beber dessa fonte, não só com conhecimento na produção de soja, mas também milho e algodão”, colocou o presidente. Ele ainda destacou o trabalho voluntário dos conselheiros, de exercer essa função pela agricultura em geral, promovendo benefícios não só para os seus negócios, mas para todos no Brasil.
O Encontro Técnico contou com 11 painéis que abordaram temas de impacto, com especialistas reconhecidos em todo o País. O debate sobre como ficará o agronegócio perante o cenário global, por exemplo, teve a contribuição de André Pessôa, da Agroconsult, Jeferson Souza, da Agrinvest, Christian Lohbauer, da CropLife, Kellen Severo, da Jovem Pan News, além de Odílio Balbinotti. A mensagem deixada à classe agrícola foi sobre a aquisição de insumos, para o produtor se orientar pela disponibilidade e margem, e não só pelo preço.
Em outro painel, convidados de grupos agrícolas de todas as regiões de Mato Grosso compartilharam seus relatos sobre a safra 2021/22, expondo os principais desafios, soluções utilizadas, erros e acertos. “Esse é um momento valioso, pois se trata de trocas de experiências que aconteceram na prática de uma safra inteira, em regiões que possuem características diferentes, enriquece muito o aprendizado de cada um que está participando”, definiu Luis Carlos Oliveira, gestor de marketing da Fundação MT.
Muita informação técnica foi repassada, como no painel de solos, que destacou a eficiência da adubação nos sistemas produtivos de soja, tema linkado ainda com o cenário global do mercado de fertilizantes. De forma unânime, os pesquisadores e especialistas que conduziram esse assunto pontuaram que a condição do solo é a chave que o produtor rural tem em mãos. Nesse sentido, ajudaram a classe agrícola a entender se é possível reduzir a adubação sem impactar na produtividade.
Outro painel de muito interesse dos agricultores e que faz parte da área de pesquisa aplicada da Fundação MT, foi o de pragas, com a incidência dos coleópteros na soja – cascudinho e a cerotoma -, além do manejo de sugadores no sistema soja-milho com foco para o percevejo barriga-verde. O cenário e o manejo de doenças, os desafios com relação às plantas daninhas, os prejuízos causados pelos nematoides no cerrado, todos foram momentos ricos em informações agronômicas para os participantes.
O painel sobre a transformação digital no campo apresentou a visão da agricultura digital a partir do ponto de vista de usuários, pesquisa, prestadores de serviço, ensino e inovação. Foram apresentadas inúmeras ferramentas validadas e em validação, e os palestrantes chamaram a atenção para a qualificação dos profissionais do agro para o uso eficiente destas tecnologias.
O Encontro Técnico encerrou na sexta-feira (29) com um panorama da anomalia da soja. A Fundação MT levou um time multidisciplinar de especialistas para apresentar e debater as principais dúvidas que envolvem o problema – melhoramento genético, nutrição de plantas, fitotecnia e fitopatologia. Os palestrantes abordaram as hipóteses mais levantadas pela classe agrícola e compartilharam resultados de ferramentas conhecidas até o momento para mitigar os prejuízos, como cultivares de soja, conhecimento da época de semeadura e utilização de fungicidas.
A expectativa agora está em torno de dados que estão sendo analisados, através da área de Data Science da Fundação MT. A pesquisa da instituição, espera, com isso, compreender ainda mais o problema. Os próprios produtores poderão contribuir com esse sistema, a partir de um questionário que está sendo preparado por várias áreas da instituição e, em breve, será disponibilizado.
Laboratório e serviços
Nesta edição, o Encontro Técnico teve várias novidades, entre elas estandes dos laboratórios de entomologia, nematologia e fitopatologia da Fundação MT. Neles, os participantes puderam ver espécies de pragas, nematoides e sintomas das principais doenças da soja. Paralelo a essa dinâmica, conheceram os serviços que também são oferecidos à classe agrícola advindos dos trabalhos da nematologia e da fitopatologia.
Outros serviços que já são ofertados aos agricultores também foram destaque no estande nos quatro dias do evento. As equipes mostraram como funciona o trabalho de consultoria agronômica, com amostragem de solos, planejamento das culturas, recomendação de fertilizantes e corretivos, manejo fitossanitário, o posicionamento de variedades, acompanhamento dos campos, entre outros. Todos os dados são inseridos na plataforma FMT ID, com acesso facilitado via aplicativo e web para o produtor e suas equipes tomarem as melhores decisões baseadas na gestão de dados de sua propriedade.
“O patrimônio da Fundação MT é o conhecimento, a difusão é muito importante com todos os formatos de eventos que realizamos, e também com outras formas ativas de ajudar o produtor a ter mais produtividade, entender os gargalos, fazer os ajustes economicamente sustentáveis. Isso na forma mais digital possível, dentro de um sistema inteligente que vai para as mãos dele”, explica Francisco Soares, presidente da instituição de pesquisa.
União do sangue jovem com a experiência
Para levar o que há de mais atualizado em resultados da pesquisa agronômica nas nove áreas de conhecimento da Fundação MT, é preciso ter uma equipe de peso. A instituição reúne pesquisadores que são jovens talentos e profissionais de ampla bagagem, que juntos com suas equipes realizam trabalhos a campo e em laboratório. “Temos uma mescla na Fundação MT, que a diferencia, sempre estão entrando novos pesquisadores, gente jovem, e junto com pesquisadores com muitos anos de experiência dá uma dinâmica, uma grande motivação. Ao mesmo tempo sabendo o que é preciso ser feito, instruindo, acelerando o processo de desenvolvimento dos mais jovens”, destacou Odílio Balbinotti na abertura do evento.