II Fórum ANEC Mulheres reúne principais lideranças femininas do agro

O evento aconteceu em São Paulo e contou com diversas palestras em prol das mulheres em cargos de gestão no setor.
Na última quinta-feira (04), aconteceu o II Fórum ANEC Mulheres, evento que promoveu networking e contou com diversas palestras de lideranças executivas femininas, reunindo mais de 300 pessoas em São Paulo (SP). Realizado pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), o encontro foi idealizado pelo Comitê ANEC Mulheres e busca incentivar a liderança feminina no agronegócio. Participaram do evento mulheres de destaque em grandes empresas do segmento.

Dando início ao evento, a presidente do comitê do ANEC Mulheres, Cátia Jorge, agradeceu a presença de todos, em especial às mulheres que atuam “da porteira para fora” e que fazem a diferença no agronegócio. “Obrigada pela presença de todos, em especial aos nossos patrocinadores e apoiadores que ajudaram a realizar esse evento que irá marcar a vida de todos aqui”, comenta.

Inclusão, diversidade e tecnologia 

Diretamente da Suíça, as especialistas Carine Cohuet, Head de Recursos Humanos da Covantis, e Vesela Bozheva, Engenheira de Computação e Software da Covantis, deram início às palestras do evento com assuntos importantes e cruciais para o mercado.

Carine explicou que a Covantis utiliza a metodologia VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade, na tradução para o português) visando promover a inclusão e a diversidade na empresa. “Todos os setores e níveis estão ligados com a nossa ferramenta. As pessoas em cargos de gestão compreenderam que todos os colaboradores são essenciais para o crescimento da empresa. Ter inclusão no corpo de funcionários não se resume a ter um quadro de diversidade, mas sim a levar essas pessoas para a mesa de reuniões e aceitar suas opiniões e contribuições”, comenta.

Vesela, por sua vez, abordou o uso da tecnologia para a gestão de inclusão e diversidade. “A Inteligência Artificial chegou para revolucionar o mundo. Todos conhecem ou já ouviram falar no ChatGPT, que possui uma inteligência gigantesca e é possível solicitar diversos comandos que são realizados em poucos minutos. Nossa ideia é ter uma inteligência para auxiliar na busca e na contratação de novos talentos, tornando assim todos os processos mais práticos e assertivos”, comenta.

Gestão de risco 

Roberta Paffaro, Mestre em Agronegócio pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), trouxe para o evento o tema “Gestão de Risco”, onde afirmou a importância da atenção aos acontecimentos globais, pois toda situação pode se tornar um risco para o agronegócio brasileiro. “Precisamos observar os parâmetros globais para termos uma noção de mercado, já que os diversos países são os compradores dos nossos produtos”, destaca.

Ela informou que, em 2023, mais de 21 milhões de pessoas trabalharam no agronegócio brasileiro, representando um recorde para o mercado. Em contrapartida, informou também que apesar da safra 24/25 estar em andamento, os produtores do Mato Grosso, ainda não investiram nos insumos para a próxima safra, o que deixa o mercado com uma expectativa para o futuro.

Desafios da logística 

Gleize Gealh, Vice-presidente de Operações e Comercial da Hidrovias Brasil, abordou um assunto que movimenta uma discussão no mercado há anos, a questão de logística para as exportações e importações dos insumos de commodities no país.

De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA), somando as culturas, a produção total de grãos no Brasil será de 275 milhões de toneladas. A projeção também indica uma produção de aproximadamente 500 milhões de toneladas em 2045.

Diante dos números, ela defendeu a importância de o país apostar no multimodal. “Com base nesses dados, eu pergunto: como faremos para transportar esses insumos? As ferrovias são a resposta mais adequada. Elas são primordiais para o Brasil continuar crescendo. O Plano Nacional de Logística da Hidrovias planeja uma expansão na malha ferroviária até 2035, com a construção de seis novas linhas, o que nos permitirá seguir os exemplos de grandes países que são potências mundiais, como os Estados Unidos da América”, afirma.

ESG e sustentabilidade

Luciana Dalmagro, produtora rural e empreendedora, aqueceu o evento com um dos temas mais discutidos do momento: a sustentabilidade no agronegócio. As mudanças climáticas são, inclusive, o assunto mais comentado nas agendas de ESG, especialmente pela ONU.

“As mudanças climáticas têm sido o assunto mais comentado nas agendas de ESG, especialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) E eu acredito que a sustentabilidade do agro começa no bem-estar dos animais nas fazendas”, comenta.

Como forma de incentivar os participantes do evento, a produtora apresentou algumas medidas que ela tomou em sua propriedade e que têm apresentado ótimos resultados. “Decidimos investir em painéis solares para gerar energia por meio dos raios de solares. Fazemos reuso de toda água utilizada e temos duas máquinas para fazer a compostagem, transformando os resíduos da fazenda em fertilizante para adubar as plantações. Afinal, o campo é o lugar perfeito para demonstrar a importância da sustentabilidade”, analisa.

O papel da mulher na liderança 

Nereida Horta, Advogada Tributarista e Sócia da WILL, palestrou sobre “O papel da mulher na liderança”, assunto de extrema relevância, tendo em vista a ampla discussão sobre a igualdade de gênero.

De acordo com ela, cada vez mais, as mulheres têm conquistado posições em cargos de liderança que eram exclusivamente ocupados por homens; por isso no trajeto profissional, acabam enfrentando diversos desafios como preconceito, estilo de liderança, sobrecarga, escassez de oportunidades, autossabotagem e falta de representatividade.

“Quando vemos mulheres em cargos de liderança nos sentimos representadas. Há detalhes e decisões que apenas uma mulher pode conduzir para que um trabalho seja feito com esmero e delicadeza”.
Mentoria e coaching 

Para finalizar o evento, a ANEC Mulheres convidou as executivas Katia Gaspar, especialista em Neurociência e Comportamento, Carolina Minotto, consultora em Carreiras e Desenvolvimento Humano, Cristiana Brito, Diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da BASF para a América do Sul e Teresa Vendramini, Socióloga e Pecuarista para participarem do painel “Mentoria e Coaching”, cujo propósito foi motivar outras mulheres que desejam conquistar cargos liderança no agronegócio.

Teresa abriu o painel compartilhando a mudança que ela presenciou no setor: “Há dez não havia tantas mulheres no segmento e agora estamos em um evento que reuniu grandes nomes de líderes femininas é uma mudança enorme”, comenta.

Seguindo o tema, Katia compartilhou que, apesar de o mercado ser dominado por homens, sempre acreditou em seu próprio potencial. “Eu achava que conseguiria tudo que almejava, sem deixar esse cenário me abalar”, comenta.
Carolina, assim como Kátia, destaca que, ao longo das décadas, houve um grande avanço para que o machismo fique no passado e mais mulheres estejam em cargos de liderança.
Para finalizar o debate, Cristiana reforçou que o machismo não ajuda nenhum gênero e é evidente que é preciso discutir isso para que ele não faça mais parte da nossa sociedade.
Para as participantes do debate, há um amplo espaço a ser ocupado por líderes mulheres e é evidente que elas estão se fortalecendo cada vez mais.
O II Fórum ANEC Mulheres contou com o patrocínio das empresas AgrInvest Commodities, Agro Plate, Biofix Agri e Cargo Nave Group, e o apoio das empresas Unimar, Control Quality, McDonald Pelz Global Commodities, Grão Direto e World Shipping Agenciamentos.