
Syngenta leva inovação a Coopercitrus Expo 2025
julho 29, 2025Por Renato Mondino, Gerente de Canais, Huawei Digital Power
A energia virou fator crítico de produtividade no agronegócio. Em regiões onde a infraestrutura elétrica é insuficiente para atender à demanda do campo – e o diesel custa caro -, cada vez mais produtores estão migrando para microrredes solares com baterias. Essas soluções oferecem autonomia, reduzem custos operacionais e garantem energia estáveis, sobretudo para aqueles que dependem intensivamente de sistemas de irrigação, etapa central da produção de grãos como soja, milho e algodão.
Microrredes combinam energia solar e sistemas de armazenamento por baterias, permitindo geração, gestão e uso local da energia, mesmo em regiões remotas e sem acesso à rede elétrica tradicional. No centro-oeste e no oeste baiano, por exemplo, a implantação dessas soluções tem permitido aos agricultores aumentar sua capacidade produtiva com maior segurança energética e menor dependência de geradores a diesel ou da rede convencional.
Em estados como Bahia, Goiás e Mato Grosso, a irrigação já representa o maior consumo de energia nas propriedades. Um único pivô de irrigação de 150 hectares pode demandar 150 kW, e há fazendas com dezenas deles operando ao mesmo tempo. O problema é que a infraestrutura elétrica rural não acompanhou esse crescimento. Resultado: muitos produtores precisam gerar sua própria energia.
É aí que entram as microrredes. Ao combinar geração solar com armazenamento em baterias, o produtor consegue operar de forma independente da rede, inclusive à noite ou em dias nublados. Em um cenário onde o custo do diesel pressiona a margem, isso muda o jogo. Em média, sistemas off-grid representam uma economia de até 70% nos custos com combustível. Em modelos de leasing, o produtor não precisa investir milhões — troca o custo variável por uma assinatura com uma economia líquida de 25% a 40%.
Tenho visto isso na prática. Alguns produtores iniciam projetos de microrrede pela conta: energia confiável significa duas safras ao invés de uma. E isso significa dobrar a receita com o mesmo pedaço de terra. Esse é um ponto importante. Quando o sistema se paga em poucos anos e elimina o risco de falha energética durante a irrigação, ele deixa de ser uma inovação e vira item essencial da operação.
As microrredes são compostas por módulos fotovoltaicos, inversores, baterias de alta capacidade e sistemas de controle inteligente. A eficiência dos componentes, a segurança operacional e a baixa necessidade de manutenção tornam essas soluções ideais para regiões distantes, onde o suporte técnico presencial é limitado. A gestão ativa da carga e a capacidade de funcionamento em regime standalone (autônomo) garantem estabilidade e continuidade da produção mesmo em condições adversas.
Mais do que energia, essas microrredes criam o ambiente necessário para tecnologias de agricultura de precisão. Sensores, automação e equipamentos conectados exigem energia constante. Sem isso, a digitalização do campo não acontece. A integração entre energia limpa e tecnologia embarcada é o que realmente impulsiona a nova fronteira da eficiência no agro.
No exterior, esse modelo já se consolidou. Na Arábia Saudita, uma cidade inteira no Mar Vermelho opera de forma totalmente independente da rede elétrica, com 100% de energia solar e baterias. Na China, destaca-se um projeto agrivoltaico em Ningxia, desenvolvido em parceria com o Baofeng Group. O projeto combina geração de energia solar com o cultivo de bagas de Goji, um tipo de fruta asiática, transformando uma área desértica em uma região produtiva e sustentável. A iniciativa resultou em benefícios significativos, como a geração de 4,31 bilhões de kWh de eletricidade verde, redução de 2,047 milhões de toneladas de emissões de CO₂ e criação de mais de 80.000 empregos locais. Além disso, a cobertura vegetal aumentou em 86%, melhorando o microclima regional. Na África do Sul, microrredes abastecem fazendas agrícolas com estabilidade Em todos os casos, o que está em jogo é o mesmo: acesso a energia confiável em regiões onde a infraestrutura tradicional falha.
No Brasil, o caminho está sendo trilhado agora. A curva de adoção tende a acelerar. A expansão da área irrigada, os gargalos da rede elétrica rural e a busca por rentabilidade vão empurrar cada vez mais produtores para soluções autônomas de energia. Ao mesmo tempo em que ampliam a produtividade e reduzem custos, essas soluções contribuem para um setor mais resiliente, competitivo e preparado para os desafios de um mercado global cada vez mais exigente.
Microrredes não são só uma alternativa sustentável — são uma alavanca econômica. E o produtor brasileiro já começou a entender isso.
Renato Mondino é Gerente de Canais da Huawei Digital Power