Os 2,5 mm que fazem a diferença

Demanda de algodão fibra longa no Brasil fica em cerca de 30 mil toneladas

Mesmo na condição de quinto maior produtor e quarto maior exportador de algodão do mundo, o Brasil ainda precisa importar fibras de qualidade superior, em especial as de tamanho acima de 32 mm, principalmente de Egito, Peru e Estados Unidos. A maioria do algodão que o País colhe em suas plantações é de fibras médias, com cerca de 30 milímetros. Estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontam que a demanda de algodão fibra longa no Brasil fique em torno de 30 mil toneladas, o equivalente a cerca de 20 mil hectares, ou seja, 2% da área plantada com algodão no País na safra 2016/17.

Foi para suprir tal lacuna que pesquisadores da Embrapa e da Fundação Bahia desenvolveram a primeira cultivar de algodão transgênico de fibra longa do Brasil, a BRS 433 FL B2RF. Ela possui comprimento de fibra superior a 32,5 mm. A resistência elevada, acima de 33 gf/tex, 4,1 de micronaire, ajuda a tornar o material ideal para a fabricação de tecidos finos destinados à fabricação de roupas. O ciclo da cultivar é longo. Já o porte é médio. Portanto, é indicada para a região de Cerrado, o que inclui Bahia, Piauí, Tocantins e Maranhão, além de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Até mesmo o semiárido nordestino, em caso de lavouras irrigadas, pode receber a BRS 433 FL B2RF.

A produtividade alcança mais de 350 arrobas de algodão em caroço por hectare, com rendimento de fibra em torno de 38%. A expectativa é por aumento da área plantada, desde que haja demanda na indústria. “Nesse aspecto, o produtor tem papel fundamental no momento da separação dos lotes e da comercialização, buscando-se propiciar à indústria a oportunidade de dispor desse padrão de fibra, o que, por consequência, irá gerar demanda e umelhor remuneração”, avalia o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Algodão (PB), pesquisador João Henrique Zonta. “Em muitos países, o algodão de fibra longa é vendido com ágio que varia de 10% a 20%.”

Segundo ele, em lavouras de algodão geneticamente modificado para resistência a insetos (Bt) é recomendado cultivar 20% da área com cultivares não Bt, como é o caso das cultivares BRS RF. “Essa área é chamada de refúgio e tem por objetivo evitar a multiplicação de insetos resistentes e, consequentemente, a perda da tecnologia”, explica Zonta. As sementes das novas cultivares de algodão BRS B2RF podem ser adquiridas na Fundação Bahia. Maiores informações podem ser obtidas no fone (77) 3639 3132.

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