Apurados entre 2019 e 2023, os resultados apontam para uma relação emocional e afetiva com o produto. Para o brasileiro, a experiência de beber café faz parte de um ritual diário
A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), em parceria com o Instituto Axxus, lança a pesquisa Evolução dos hábitos e preferências dos consumidores de café no Brasil, entre 2019 e 2023. Ao todo, foram entrevistadas 4.200 pessoas, sendo 55% mulheres e 45% homens, de diferentes classes sociais, faixas etárias e regiões do país. O nível de confiança é de 99%, enquanto a margem de erro é de 2%.
“A pesquisa é importante para que possamos compreender o comportamento do consumidor e entender como ele se modificou ao longo dos anos apurados. Embora a pandemia tenha, de fato, alterado os hábitos de quem bebe café, o período pós-pandêmico nos mostra que alguns deles já regressaram ao patamar anterior, de 2019. O consumidor está mais atento à qualidade do café e à segurança do alimento, reflexo do intenso trabalho desenvolvido pela ABIC ao longo dos anos”, ressalta Celírio Inácio, Diretor Executivo da ABIC.
Consumo de café estabilizou
Em 2021, 49% declararam que “aumentaram o consumo”. Em 2023, 81% disseram que “mantiveram o consumo”. Ou seja, grande parte dos consumidores que, no passado, intensificaram a sua experiência com a bebida, manteve o hábito. Outro ponto relevante é a informação de que apenas 3% reduziram o consumo em 2023, uma queda de quatro pontos percentuais em comparação com 2019.
Café é mais consumido na parte da manhã
O resultado da pesquisa aponta que 29% dos consumidores ingerem mais de seis xícaras de 50 ml de café diariamente, enquanto 46% consomem entre três e cinco. Após uma redução de 5% no percentual dos que não consomem café entre 2019 e 2021, em 2023, o percentual se estabilizou em 3%. Dos que tomam a bebida, 97% preferem fazê-lo ao acordar, uma pequena redução em relação a 2021 (98%), enquanto 88% têm predileção pelo consumo durante a manhã (em 2021, a taxa ficou em 89%).
Consumo fora do lar
Se em 2021 a casa era o principal local de consumo da bebida, hábito motivado pela pandemia, em 2023, no pós-período pandêmico, o trabalho voltou a ocupar a primeira posição, ao passo que o consumo no lar caiu para o segundo lugar. Em seguida, cafeterias, bares e restaurantes surgem na terceira posição, enquanto a casa de parentes e amigos aparece em quarto.
“O maior consumo de café, que durante a pandemia ocorreu em casa, voltou a ser no trabalho, o que gerou retomada das vendas nos formatos de apresentação do produto para empresas”, explica Rodnei Domingues, Professor, Coordenador e Pesquisador Responsável do Instituto Axxus.
Principais canais de venda
Em relação aos canais de venda, o supermercado é o mais utilizado pelo consumidor brasileiro, aparecendo em primeiro lugar com 62,6% das respostas. Em segundo lugar, está o atacarejo, com 24,6%. Na terceira e na quarta posição, respectivamente, os pequenos varejistas, com 6,4%, e as cafeterias, com 3,0%.
Principais motivações para tomar café
De acordo com o levantamento, 61% dos participantes que tomam café o fazem para melhorar o humor e a disposição. O dado mostra um movimento de crescimento dessa motivação, que em 2019 ficou em 56% e, em 2021, 57%. É, também, possível identificar outra tendência de comportamento do consumidor: nos pós-pandemia, o café voltou a ser uma oportunidade de interação com as pessoas. Essa informação é baseada no fato de que em 2023, 35% atribuem o consumo de café a esse fator. Em 2019, eram 42%, e em 2021, apenas 3%.
“É para melhorar o humor e a disposição que o consumidor diz que consome o café. Mas, após a pandemia, o ritual da pausa para o cafezinho voltou a ser apontado como uma oportunidade agradável de interação entre as pessoas”, diz o pesquisador.
Preço, marcas e certificação: as preferências do consumidor
Em 2021, os consumidores foram mais sensíveis a preços, promoções e ofertas. Já em 2023, houve uma retomada na preferência por marcas. Na pesquisa de 2023, 43% disseram escolher a marca de menor preço dentre as suas preferidas, um aumento considerável quando comparado com 2021 (39%) e 2019 (31%). Aqueles que optam pelas marcas mais baratas representam, em 2023, 16%, uma queda importante em relação a 2019 (21%). Porém, ainda longe de alcançar o mesmo patamar de 2019 (7%).
“O consumidor que durante a pandemia, motivado pelas incertezas, procurou o melhor preço, voltou agora a preferir os produtos de marca”, afirma Domingues.
O consumidor está cada vez mais exigente e atento a quesitos como qualidade e segurança alimentar. Corroborando este fato, o levantamento mostra que há uma crescente preferência por cafés certificados: 86% dos entrevistados em 2023 acreditam que o produto com selo é melhor. Em 2021, a porcentagem foi de 81%. Não há comparativo com 2019, pois a pergunta não foi inserida naquele ano. Em 2023, apenas 4% dizem não acreditar que há diferença entre os produtos com selo ou sem selo. Em 2021, esse percentual foi de 5%.