Planta de futuro

Cultura terá segunda maior expansão em área, mas produção sobe mais

O País do agronegócio e do futuro tende a ver crescer também uma de suas principais culturas agrícolas, durante os próximos anos. Projeções feitas para o segmento da cana-de-açúcar mostram evolução permanente tanto na matéria-prima quanto dos seus principais produtos derivados, o açúcar e o etanol. A demanda doméstica e mundial continuará a apresentar crescimento, na avaliação de organismos locais e internacionais, e deverá estimular a produção no líder do setor e segundo no biocombustível.

A produção brasileira de cana-de-açúcar deverá crescer na ordem de 2,3% ao ano, em média, na próxima década, de acordo com as Projeções do Agronegócio 2027/28, feitas em 2018 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O acréscimo produtivo projetado será maior do que o da área cultivada (com variação anual média prevista em 1,9%), o que evidencia expectativa de evolução mais significativa na produtividade. Mesmo assim, a previsão é de que a cultura será a segunda maior em expansão de área (1,6 milhão de hectares), logo após a soja.

O cultivo da planta deverá ser ampliado de forma especial em estados do Centro-Oeste (a exemplo de Goiás e Mato Grosso do Sul, com respectivos 37% e 34%), assim como em outros da grande região produtora concentrada no Centro-Sul. Inclusive o líder, São Paulo, ainda manterá bom crescimento, por sediar a maior estrutura industrial, embora enfrente limitações como custo da terra, enquanto este fator é mais favorável no Centro-Oeste, indo ao encontro da cultura caracterizada por sua produção em escala, observa José Garcia Gasques, coordenador de estudos e análises da Secretaria de Política Agrícola do Mapa.

O organizador do estudo das projeções decenais verifica, com base nas informações levantadas, que o setor ainda não se restabeleceu de dificuldades enfrentadas em termos de preços controlados e endividamentos, o que limita investimentos. De qualquer modo, confia na manutenção do crescimento “pela importância dos produtos do setor”, onde o Mapa se restringe a traçar perspectivas para o açúcar, com elevação anual média prevista de 3,3% na produção, 1,8% no consumo interno e 2,9% na exportação, com a esperada boa elevação da demanda mundial.

Assim, também as Organizações para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (OECD/FAO) projetam crescimento (1,5% ao ano) na oferta e no consumo de açúcar no mundo até 2027, embora em níveis um pouco inferiores aos de 10 anos antes. A maior parte deste acréscimo (83%) deverá ocorrer em países em desenvolvimento, destacando Índia, China, Brasil e Tailândia, baseados na cana-de-açúcar, embora ainda prevejam aumento (menor) na União Europeia, onde prevalece a beterraba como matéria-prima. O Brasil deverá manter-se na liderança, com 1/5 da produção e 45% da exportação.

HÁ COMBUSTÍVEL

Há energia, da mesma forma, para alavancar a produção de biocombustíveis, que, segundo os organismos mundiais, poderá aumentar em torno de 14% na próxima década, impulsionada por políticas públicas, “embora sujeitas a incertezas”. Esperam que 50% deste aumento seja originado do Brasil, segundo maior produtor, para atender à demanda doméstica, enquanto o líder, Estados Unidos, tenderá a manter sua produção nos primeiros anos de projeção e até diminuir nos seguintes, por várias razões, entre eles o mercado, considerando também que o comércio mundial do setor deverá “permanecer marginal”.

Para o Brasil, supõem que “o sistema tributário será favorável ao etanol hidratado”, fazendo referência ao programa RenovaBio e projetando para 2030 ampliação de 50% para 55% do etanol combustível na matriz do setor. No País, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), faz projeções de taxas de crescimento da oferta do biocombustível em níveis entre 2,9% a 5,5% entre 2017 a 2025, e um pouco mais baixos nos limites maiores até 2030. “A implantação do RenovaBio e o grau de efetividade das decisões dos agentes em relação aos seus estímulos definirão a trajetória do etanol”, assinala seu estudo.

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