Protagonismo da ciência brasileira contribui com debate dos desafios globais na COP 29

A importância da presença brasileira no evento também está relacionada principalmente à expectativa em torno da COP 30, a ser realizada ano que vem, em Belém (PA)

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A pesquisa e a inovação agropecuária desenvolvidas pela Embrapa estão entre os destaques que o Brasil vai levar para o cenário de debates da 29ª Conferência das Partes (COP29) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), entre os dias 11 e 22 de novembro, em Baku, no Azerbaijão. Durante o período, representantes dos países signatários, observadores de organizações internacionais, sociedade civil e a academia, estarão reunidos em torno da agenda global que pode contribuir com a melhoria das condições do futuro do planeta e terão a oportunidade de compartilhar conhecimento e informação sobre o esforço da ciência brasileira na reversão do cenário das transformações climáticas.

A importância da presença brasileira no evento também está relacionada principalmente à expectativa em torno da COP 30, a ser realizada ano que vem, em Belém (PA), e ao papel do País na Troika das Presidências das COPs, primeira articulação entre as presidências de diferentes Conferências da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Clima, formada por Emirados Árabes Unidos, Azerbaijão e Brasil. Os três países deverão estar entre os primeiros a apresentarem seus novos compromissos climáticos nacionais, alinhadas à meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC.

Representando a Embrapa, a presidente da Empresa, Silvia Massruhá, e a diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, Ana Euler, têm participação confirmada em painéis de debates com representantes estrangeiros, envolvendo temas, como sustentabilidade, descarbonização, métricas e indicadores de produção sustentável, mitigação e adaptação aos efeitos da mudança do clima, assim como projetos e atividades que possam dar suporte à revolução sustentável globalmente, à transição energética, à saúde única e transição nutricional, à inclusão socioprodutiva e digitalização no campo e à atenção à ciência tropical, desde a biotecnologia até as ciências ôhmicas, direcionadas para a solução de problemas que envolvem especialmente a segurança alimentar do mundo. Além disso, há a previsão de realização de reuniões bilaterais com parceiros como FAO, CGIAR e CSIRO.

“Trata-se de uma oportunidade de interlocução com entidades e organismos internacionais, na busca por parcerias que contribuam com o setor agropecuário e com a preservação ambiental”, avalia a presidente. “Além do mais, é um evento global de ações e projetos voltados à superação do desafio da crise climática, reforçando a importância da agricultura tropical, no conjunto de soluções para o planeta”.

A programação de participações da presidente da Embrapa tem início no dia 15, como convidada do painel sobre Inovação Agroalimentar: Soluções Pioneiras para Ação Climática, onde dividirá o debate com o presidente do Good Food Institute (GFI) Bruce Friedrich, , quando serão abordados temas desde o monitoramento de culturas por meio de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) até às tecnologias relacionadas a proteínas alternativas e alimentos plant-based, incluindo ainda novas soluções para a utilização de resíduos e fortalecimento de umabioeconomia circular. 

O painel de alto nível vai contar com a participação de especialistas que vão discutir como a tecnologia, a colaboração e os novos modelos de negócios promovem sustentabilidade melhorando ainda a segurança alimentar e construindo resiliência frente às alterações climáticas.

No dia 16, no Pavilhão da Indústria Brasileira, Silvia estará presente no painel Produção Agrícola Sustentável e o Mercado Global: como as diferenças entre os climas impactam nas regulamentações locais. Na pauta, o debate em torno das diferenças entre os tipos de clima influenciam a produção agrícola e como os governos devem lidar com as diferenças para propor regulamentações que contribuam com as particularidades de climas e condições agronômicas específicas. Nesse contexto, a presidente da Embrapa buscará destacar o papel da ciência em prover ferramentas para compreender diferentes cenários e gerar soluções customizadas.

Em seguida, no Pavilhão do IICA (Pavilhão da Agricultura Sustentável das Américas), a presidente participa do painel Produção Pecuária Sustentável no Cone Sul das Américas, quando serão abordadas iniciativas relacionadas à promoção da sustentabilidade e o desenvolvimento da produção pecuária do Cone Sul, incluindo a Agenda Global para a Produção Pecuária Sustentável, o Grupo Técnico de Pecuária Sustentável doProcisur; a Plataforma IICA-BID para Gado Sustentável ; e a a Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável. Estarão presentes representantes do Ministério da Agricultura brasileiro e doInstituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), que discutirão métricas e opções políticas para o fortalecimento de práticas pecuárias sustentáveis na região do Cone Sul. Neste painel, Silvia Massruhá estará presente como presidente da Embrapa e do Procisur, representando este importante fórum de articulação regional.

Na sequência, dia 18, ela estará presente no Pavilhão do Brasil, Blue Zone (COP29), no painel Transparência Climática como Pilar para Investimentos Sustentáveis. O principal ponto da pauta é a entrega do Primeiro Relatório Bienal de Transparência (BTR) do Brasil, que será submetido em 2024 à Convenção do Clima. Massruhá vai falar sobre os desafios e as oportunidades que o setor agropecuário brasileiro enfrenta para garantir transparência nos dados de emissões e mitigação e como pode impactar o acesso a investimentos sustentáveis.

O dia seguinte da agenda da presidente, dia 19, na Sala de Eventos Especiais “Hirkan” na Zona Azul COP29, está confirmada a participação da presidente na Sessão de Ciência e Inovação, no Dia da Alimentação e Agricultura da COP29, quando serão destacadas a ciência e a inovação como fatores essenciais da transformação em prol do desenvolvimento de sistemas agroalimentares sustentáveis e de baixas emissões. Em sua abordagem, Silvia vai falar sobre o Brasil como sede da COP 30 em 2025 e sobre os esforços da Embrapa em ciência e inovação agrícola. O painel contará com a participação da Ismahane Elouafi, Diretora Executiva do CGIAR, importante entidade parceira.

Ainda no dia 19, Massruhá acompanha, na Zona Azul, Sala de Eventos Especiais, onde será realizado o painel Dos Objectivos Globais à Acão Local: Iniciativas Regionais para Fortalecer Sistemas Agroalimentares Resilientes, que vai apresentar como destaques iniciativas regionais de sucesso em sistemas agroalimentares e o seu papel essencial no avanço da ação nacional e na execução de acordos climáticos globais.

A diretora Ana Euler (foto abaixo) também estará à frente dos debates em alguma das importantes pautas da programação. No dia 13, ela participou do primeiro encontro da delegação nacional presente na COP29 com o vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros do MDA, Paulo Teixeira, do Meio Ambiente, Marina Silva e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Entre os temas da pauta, o Fundo Amazônia, o Fundo Clima e o programa Nova Indústria Brasil.

No dia 19, durante o evento Governadores da Amazônia Legal, ela apresenta o trabalho da pesquisa, no contexto das estratégias voltadas à medir carbono do solo e na adoção de uma agricultura climaticamente inteligente em regiões tropicais, com especial destaque para as ações e tecnologias de baixo carbono da Embrapa. O painel destina-se a discutir o contexto das emissões, a partir dos eixos relacionados às práticas agrícolas regenerativas, à saúde do solo, à base científica para agricultura tropical e ao papel dos créditos de carbono florestais.

“Sem dúvida, este é um dos temas mais importantes, com os quais a ciência pode contribuir”, avalia a diretora. “Bioeconomia, crédito de carbono e agricultura sustentável são os caminhos para que o futuro seja menos impactado pelos cenários de risco climático que já estão sendo observados claramente em todo planeta”. Do painel, além da Embrapa, estarão presentes representantes do IICA e da Bayer, que vão abordar os principais desafios para o avanço das práticas agrícolas, as oportunidades para a expansão da agricultura positiva (saúde do solo, biodiversidade, saúde dos agricultores e segurança alimentar), a integração da ciência com a prática e as soluções baseadas no mercado, voltadas à mitigação das alterações climáticas e ao apoio às práticas agrícolas sustentáveis.

Também no dia 19, Euler tem presença confirmada no painel sobre Economia Circular no Agronegócio: Prática e Estratégias para a Sustentabilidade e Resiliência.

Pauta de negociadores

Representando a Embrapa, também estão participando da programação da COP na delegação de negociadores do governo brasileiro o chefe da Assessoria de Relações Internacionais (ARIN) da Embrapa, Marcelo Morandi, e o supervisor de Políticas Globais (ARIN), Gustavo Mozzer, na agenda de negociações de Transparência e de Agricultura. A Transparência é o tema que trata dos inventários de emissões de gases de efeito estufa, o processo de avaliação da qualidade dos documentos e divulgação do conjunto de informações que serve de base para avaliação de um país, com relação ao compromisso nacional assumido relacionado à redução de emissões.

No dia 14, a Arin participa de reunião do G77 discutindo o escopo do portal para submissão de projetos, políticas e inovações para adaptação e mitigação na agricultura. O principal objetivo é criar um portal multilíngue e de fácil utilização no site da UNFCCC (Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima) para compartilhar projetos, políticas e recursos que apoiam a ação climática na agricultura e na segurança alimentar. O portal estará acessível em todos os seis idiomas da ONU para melhorar a colaboração em matéria de transparência e a partilha de conhecimentos entre os países membros da UNFCCC.

Sisteminha Embrapa

No dia 14, a tecnologia social Sisteminha Comunidades: Povos e Comunidades Tradicionais, foi apresentada pelo pesquisador, Luiz Carlos Guilherme, da Embrapa Cocais. O Sisteminha constitui uma inovação significativa na produção de alimentos, direcionada especificamente para comunidades indígenas, quilombolas e 26 grupos tradicionais no território nacional. Esteve presente à apresentação, a diretora de Negócios, Ana Euler e a presidenta da  Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, além de representantes da Secretaria de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais do MDA e da Itaipu Binacional. Milena Martins, líder quilombola do Piauí apresentou suas experiência com a produção de alimentos com o uso do sisteminha.

O objetivo foi mostrar o Sisteminha, com foco na sua diversidade e flexibilidade, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, como erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem-estar, igualdade de gênero, água limpa e saneamento, redução das desigualdades e consumo e produção responsáveis, além de aderir aos critérios ESG.

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