Na Fiesp, diretor-executivo da Conab, Sergio De Zen, diz que Brasil deverá colher 308 milhões de toneladas de grãos
O diretor-executivo de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas (Dipai) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sergio De Zen, projetou em 308 milhões de toneladas a colheita de grãos para a próxima safra. Ele participou nesta terça-feira (6/9) de reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp.
Ainda que a produção não faça, necessariamente, cair o preço dos alimentos, deverá trazer alívio para a população e para os produtores brasileiros. “Eles vão conseguir abastecer o mercado interno e continuar sendo relevantes internacionalmente para a exportação da maioria das commodities”, avaliou o presidente do Cosag, Jacyr Costa.
Ao apresentar dados referentes à safra 2022/23, De Zen destacou a importância do Brasil para o mercado externo. Segundo ele, o mundo está sempre de olho no que acontece aqui, pois quer saber o que o país vai produzir. Ele lembrou que as projeções estão sujeitas a vários fatores de risco, mas que sua precisão aumenta com o passar do tempo e a aproximação com a nova temporada.
Para De Zen, o mais importante é saber se a produção será suficiente para atender o mercado interno. Os dados indicam projeção de 125 milhões de toneladas de milho, com aumento de 6,2% na produtividade. Já na soja a produção deverá sair de 124 milhões de toneladas para 150 milhões de toneladas. “O milho brasileiro é muito demandado pelo mundo, pois dependendo da região a qualidade é maior. Com isso, 37% da nossa safra tem exportação garantida. E 80% do plantio da soja já está comercializada”, disse De Zen.
No algodão, a Conab prevê crescimento na ordem de 6,8%, com aumento de área, produtividade e produção. Em relação ao arroz a situação é mais delicada, pois sendo mais difícil escoar a produção para o exterior, é preciso calibrar bem a oferta. “Existe estimativa de encolhimento da área de 1%, mas com aumento de 1,4% na produtividade e 4,2% a mais na produção, que deverá superar 11 milhões de toneladas”, disse. O ideal é suprir o mercado interno e ter alguma sobra para o exterior.
Produto mais complexo, o feijão terá a demanda ajustada à produção. De Zen chamou a atenção para as suas peculiaridades: impacto inflacionário muito pequeno e com correlação contrária ao momento econômico. “Se a economia vai bem, o consumo de feijão diminui. Não é um produto estocável e é mais suscetível aos altíssimos riscos climáticos”, explicou.
As estimativas da Conab se baseiam na combinação de vários modelos e com análises da equipe de safras de campo e da análise de mercado, para somente então chegar à determinação do cenário.
Em relação às carnes, De Zen disse que haverá aumento de oferta de carne de frango. E, embora a suinocultura tenha sido o setor que mais sofreu no último ano, o Brasil é muito eficiente e competitivo nessa cultura.
Ao falar sobre a bovinocultura de corte, o diretor da Conab explicou que existe um ciclo muito longo e um custo internacional muito alto. “Ou você ocupa um fator de produção cada vez mais escasso, que é a terra, ou usa muitos grãos em confinamento, o que encarece o processo. Carne bovina tende a ser um produto de maior qualidade e menor quantidade do que no passado. Projetamos um crescimento em torno de 3% da oferta de carne bovina para 2023, o que limita a área de plantio”, disse. Por essa razão, é essencial que se coloque em foco “o aumento da produtividade da terra”, concluiu.