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O Brasil desempenha papel relevante na cafeicultura mundial por ser o maior produtor e exportador global do produto. Em abril de 2018, o Conselho Nacional do Café (CNC) posicionou-se contrário à proposta de aumentar a produção de café sem indício de maior consumo, defendida na 121ª Sessão do Conselho Internacional e em outras reuniões da Organização Internacional do Café (OIC), ocorrida na Cidade do México, capital mexicana.
Conforme o CNC, nos dois últimos anos, a produção mundial manteve equilíbrio entre a oferta e a demanda de café. A entidade afirma que não aceitará projetos que almejem o aumento de produção sem que ele esteja atrelado à elevação do consumo global. Ainda mais diante da necessidade de preços remuneradores aos cafeicultores, que vivenciam cenários de falta de competitividade em função das cotações aviltadas, que sequer cobrem os custos de produção.
O que ficou evidente, segundo o CNC, é que os países consumidores de café querem o produto sem se preocupar com a sustentabilidade dos produtores, em especial a econômica, porque, diante da falta de perspectiva para alta dos preços, sequer mencionaram alguma iniciativa que auxilie a esse respeito.
Ciente de que os cafeicultores estão sujeitos às condições do clima, além dos movimentos especultaivos dos fundos no mercado internacional, o Brasil, por meio do CNC vai defender a implantação de programas que estimulem o consumo mundial nas nações produtoras, possibilitando geração de renda e agregação de valor ao elo produtivo. E em nenhuma hipótese concorda com alternativas que comprometam o futuro da atividade cafeeira.
Neste sentido, vai continuar investindo em pesquisa, tecnologia e conhecimento, gerando variedades mais produtivas e resistentes às condições climáticas e a pragas e doenças. Também seguirá trabalhando para a modernização das leis trabalhista e ambiental, que são as mais avançadas do mundo; nas políticas de proteção aos preços, como operações em mercado futuro, e a interação com o setor industrial para desenvolver projetos e/ou consórcios de compradores para conseguir insumos mais eficientes e a preços mais justos.
PREÇOS MÍNIMOS
Em relação aos preços, O CNC e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estão pleiteando a revisão dos preços mínimos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em março de 2018. Os preços mínimos para as sacas de cafés arábica e conilon foram fixados em R$ 341,21 e R$ 202,19, respectivamente, com variações de 2,46% e de -9,57%. Para as duas entidades, esses valores são incoerentes com a realidade dos custos de produção vivenciada por grande parte dos cafeicultores.
Conforme levantamento de custos mais recentes feito pelo projeto Campo Futuro, da CNA, os custos operacionais chegam a R$ 390,00 na saca de arábica e a R$ 240,00 na de conilon. Considerando que o preço mínimo é a base das políticas públicas de apoio à manutenção do produtor na atividade em períodos nos quais as cotações caem abaixo do custo de produção, as entidades defendem reajuste de no mínimo 10% no valor vigente na safra de 2017 para o arábica e de 5% para o conilon.
AVALIANDO O CONSUMO
No que diz respeito à tendência de consumo da bebida, a pesquisa de Revisão Anual Global – Café 2017, realizada pela Mintel, agência global de Inteligência de Mercado, 71% dos brasileiros querem mais opções de cafés premium e de alta qualidade nas cafeterias. Também mostrou que os jovens preferem bebidas personalizadas: na parte da manhã, “de alta energia”; e com menos cafeína à tarde. Além disso, 24% dos consumidores brasileiros verificam a origem do produto antes de comprar um alimento processado. É mais um indicativo de que a prioridade é ofertar produtos diferenciados e de qualidade.