Em todas as frentes
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O crescimento não para. A soja deverá continuar a sua trajetória de expansão na demanda mundial e na oferta brasileira, de acordo com as previsões feitas para o setor. A procura pelo grão deverá acompanhar o aumento do consumo de proteínas animais (carnes, ovos e leite), que resulta do crescimento da economia mundial e da renda per capita das pessoas, em especial dos países em desenvolvimento, e o Brasil tem vocação para ser o principal fornecedor, conforme ressalta Amélio Dall’ Agnol, pesquisador da Embrapa Soja, de Londrina (PR). Em projeções para 10 anos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) prevê avanço constante da cultura no País.
O pesquisador destaca o domínio brasileiro em produzir soja em regiões tropicais e melhores situações para ampliar a produção do que os principais competidores (Estados Unidos e Argentina). Para tanto, observa que o País não precisará derrubar árvores de suas imensas florestas, podendo utilizar reservas do bioma cerrado ou recuperar áreas degradadas ou subutilizadas de pastagens nativas. Aponta a relevância das novas fronteiras do cerrado na região Nordeste e no leste da Amazônia, em especial na área denominada Matopiba (sigla oriunda das primeiras sílabas dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), e da expansão por completar na parte oriental e sudoeste do Centro-Oeste, além de possíveis aumentos de produtividade.
As projeções decenais do Mapa vão na mesma direção, acentuando o Matopiba, onde, apesar de deficiências ainda existentes na infraestrutura, os preços das terras e o clima e o relevo de cerrado são atrativos, e incluindo também, além do Tocantins, outros estados nortistas promissores, como Rondônia e Pará. No seu levantamento, a soja deverá ser a lavoura que mais deverá expandir área na próxima década, na ordem de 28,4%, para 45 milhões de hectares, enquanto cita projeção um pouco menor da Associação Brasileira da Indústria de Óleo Vegetal (Abiove), de 42 milhões de hectares. Enfatiza também a ocupação de terras de pastagens naturais e que a área crescerá menos do que a produção.
A colheita de soja, na perspectiva oficial para o ciclo 2027/28, deverá ter acréscimo na ordem de 33%, para cerca de 156 milhões de toneladas, menor, porém, do que a dos últimos 10 anos, quando atingiu 106%. A Abiove, por sua vez, prevê chegar a cerca de 151 milhões de toneladas. A evolução mais significativa deve continuar ocorrendo nas exportações do grão (38%), ratificando previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e reafirmando a liderança brasileira. Os produtos industriais da oleaginosa teriam crescimento mais moderado, 19,5% no farelo e 23,4% no óleo, este atendendo mais ao consumo interno, enquanto o outro ainda teria algum incremento na exportação (6,7%).