Um vinho para chamar de seu

O Brasil tem 32 milhões de consumidores esporádicos de vinho. Ou seja, o País tem outros 90 milhões de habitantes aptos em idade e que ainda não consomem essa bebida. Isto explica por que o consumo médio de vinho por habitante no Brasil é de apenas 1,9 litro.

Na condição de quem concentra mais de 60% do mercado interno do produto, o setor vitivinícola nacional sabe que a possibilidade de crescimento é incalculável. E, para isso, aposta na educação acerca da bebida. Entre as principais entidades setoriais, é de consenso que a necessidade de ensinar ao consumidor brasileiro sobre o vinho, principalmente a geração mais nova, que chega à idade de consumo sem tantos estigmas, pode ser o ponto de transformação para o fortalecimento do hábito de beber vinho no Brasil. Inclusive, pesquisas qualitativas mostram que pessoas entre 18 e 35 anos preferem os vinhos brasileiros.

Uma das estratégias, nesse caso, é fazer com que o brasileiro dispa-se de pré-conceitos estabelecidos a respeito da bebida, que no País sempre esteve ligada a ambientes mais aristocráticos e sofisticados. Com a campanha “Seu vinho, suas regras”, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) tenta desconstruir essa percepção, mostrando que, independente do rótulo ou da situação, o vinho é sempre uma excelente opção.

Ao mesmo tempo em que consolida sua soberania nacional, cada vez com mais força os produtos brasileiros ampliam e fixam seus tentáculos no exterior, tendo o espumante como a principal credencial de consolidação da qualidade produtiva e da fabricação tecnificada dos derivados de uva que saem do Brasil para agradar paladares mundo afora. Neste ponto, os vizinhos da América Latina têm mostrado-se excelentes parceiros comerciais, principalmente pelo paladar, muito semelhante ao dos consumidores brasileiros, que apreciam produtos derivados de uvas americanas e híbridas. Estas representam cerca de 90% das variedades processadas no Rio Grande do Sul, responsável pelo mesmo percentual da produção do vinho nacional.

E por falar nessas variedades, é delas que sai o novo queridinho do setor: o suco de uva. Considerado o produto com maior potencial de desempenho nos próximos anos, o suco 100% tem tido crescimento de consumo muito elevado tanto no Brasil quanto no exterior, e já é visto como o futuro açaí. E o lado mais doce desta notícia é que não há lugar no mundo que tenha tanto volume de produção de uvas híbridas e americanas, que garantem sabor singular ao suco.

Lógico que nem tudo é motivo de euforia. A burocracia, o sistema tributário e as políticas de comércio exterior do Brasil são hoje os principais adversários da cadeia produtiva, que conta com quase 20 mil famílias envolvidas, e com 138 variedades diferentes de uva, que abastecem cerca de 670 vinícolas, além do fornecimento da fruta para consumo in natura. Mas a boa notícia é que poucas vezes ao longo da história o segmento esteve tão organizado em busca de demandas históricas, sendo uma delas a inclusão no Simples Nacional, já alcançada.

Em resumo, como você poderá ler no Anuário Brasileiro da Uva 2018, o setor vitivinícola tem muitos motivos para brindar, seja com espumante, seja com vinho fino, vinho de mesa ou mesmo suco de uva. E não importam o tipo de copo ou o lugar. Afinal, sabe como é… Seu vinho, suas regras.

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