Anuário Brasileiro da Cana-de-açúcar 2016 - page 6

A atividade produtiva e industrial da ca-
na-de-açúcar é quase um mundo à parte no
contexto das demais cadeias do agronegó-
cio brasileiro. O seu ciclo se retroalimenta
de tal forma, entre os diversos elos do setor
– cada qual, no entanto, apoiado na eficiên-
cia do todo – que esse negócio não para
nunca. O plantio e a colheita prosseguem
em simultâneo, e assim o processamento
e o atendimento às demandas do mercado.
Concentradas no Centro-Sul e em par-
cela do Nordeste, as plantações de cana são
uma das maiores riquezas nacionais, e isso
desde os tempos coloniais, quando o açúcar
constituía um dos itens basilares nos negó-
cios com a metrópole. Ao longo dos séculos,
muito longe de perder seu brilho, a produ-
ção de cana-de-açúcar só ganhou mais evi-
dência e importância, inclusive na balança
comercial. Mas mais recentemente, ao açú-
car, desde sempre o produto mais reconhe-
cido desse segmento, agregou-se o etanol,
ou álcool destinado a abastecer as frotas de
veículos movidos por esse combustível.
Com essa dupla aptidão, a versatilida-
de nos ganhos da atividade igualmente se
multiplicou. O empresário tem diante de
si a possibilidade de decidir, conforme as
perspectivas de rentabilidade ou de retor-
no econômico, para qual dos nichos destina
a maior parcela de sua produção, se para o
açúcar ou para o etanol. E ainda pode alterar
Não tem tempo ruim
essa sua orientação ao sabor do momento,
enquanto a colheita prossegue, ou confor-
me os clientes sinalizam com a necessidade
de maior demanda.
No entanto, reduzir a canavicultura ape-
nas a esses dois produtos industrializados
seria muito simplório. Por mais que consti-
tuam os carros-chefes nos negócios e na sus-
tentação de cada empresa, inclusive como
os responsáveis diretos pelo forte aporte
de investimentos externos registrados na
última década, em boa parte confiantes na
consolidação do mercado para o biocom-
bustível, há ainda a considerar e a valorizar
a produção de energia. Este talvez seja um
dos elementos mais revolucionários na so-
cieconomia nacional, tendo em vista que
essa energia é obtida a partir dos resíduos
da produção de açúcar e de etanol, logo,
de uma sobra do processo que, no final das
contas, implicaria inclusive em um proble-
ma, diante da necessidade de dar destino ao
bagaço, às folhas e a outros itens.
Assim, com a transformação desses resí-
duos em energia, a empresa abastece as suas
próprias necessidades e tem a possibilida-
de de fazer receita com o excedente, nego-
ciando-o na rede nacional. Toda a socieda-
de ganha com o que, aparentemente, seria
um problema na cadeia produtiva. E a pes-
quisa e a prospecção de novas tecnologias
estão permitindo a exploração de cada vez
mais etapas, com a produção de etanol a
partir das folhas da cana, por exemplo. Sem
esquecer que da planta são obtidos inúme-
ros outros produtos essenciais ao ritmo de
vida contemporâneo.
Por fim, e não com menos expressivi-
dade nacional e internacional, é da cana-
-de-açúcar que se faz a cachaça, essa bebida
que virou símbolo de Brasil mundo afora.
Com seu nome definitivamente resguarda-
do como um destilado produzido no Brasil,
ela projeta o País diante de um amplo e con-
corrido mercado. E em momentos como o
das Olimpíadas, no Rio de Janeiro, em 2016,
deve ganhar muitos novos apreciadores, en-
tre os turistas que virão para o evento.
Não é sem razão, portanto, que na cadeia
da cana-de-açúcar não tem tempo ruim. Um
dos elos desse setor estará sempre bomban-
do. E será assim em 2016, como mostra essa
edição do Anuário Brasileiro da Cana-de-
Açúcar.
Boa leitura.
Inor Ag. Assmann
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