Anuário Brasileiro da Cana-de-açúcar 2016 - page 15

O clima foi bom para a cana-de-açúcar se desenvolver
na principal área produtora (Centro-Sul) na safra 2015/16,
mas criou dificuldades para a colheita em alguns estados.
O resultado é que a área colhida na temporada da cultura
no Brasil registrou redução (3,9%), mas a produção obtida
aumentou bem (4,9%) e alcançou o mais elevado patamar,
conforme os dados levantados pela Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab) na última década. O total pro-
duzido passou de 665 milhões de toneladas.
Foi registrado excesso de chuva nos meses de no-
vembro e dezembro de 2015, em especial nos estados
do Mato Grosso do Sul e do Paraná, bem como no prin-
cipal, São Paulo. Isso dificultou a retirada da planta da la-
voura, fazendo com que parte ficasse para a próxima sa-
fra e reduzindo assim os números da área colhida neste
ciclo, conforme a Conab. Além disso, a companhia ob-
servou a influência exercida neste aspecto pela paralisa-
ção de duas unidades de produção no Estado de Alagoas.
Em compensação, a produtividade se recuperou nes-
ta safra, com clima favorável de modo geral no Centro-Sul
e, por coincidência, em índices maiores onde esse fator in-
terferiu na colheita: 26,9% em terras sul-mato-grossenses
e 17,9% nas paranaenses, como observa Djalma Fernan-
des de Aquino, da Conab. Em São Paulo, o rendimento fí-
sico por área também cresceu bem: 12,1%. Já o Nordeste
sofreu déficit hídrico e teve menos produção, mas isso não
impediu o número total positivo no País.
A produtividade da cultura apresentou na etapa
2015/16 o melhor resultado dos últimos cinco anos, com
76.909 quilos por hectare, enquanto a produção é a mais
alta desde o ciclo 2005/06, conforme a Conab. Em área,
no período de 11 anos, a safra 2013/14 e a fase 2014/15
foram mais expressivas que a atual e, no colhido por
área, o nível mais alto foi alcançado no período 2009/10
(com 81.585 kg/ha). Na região Centro-Sul, a performance
da última safra voltou a passar de 80 toneladas por hecta-
re: 80,2 t/ha, conforme a Conab; e 83 t/ha, pelo Centro de
Tecnologia Canavieira (CTC).
De qualquer modo, o chamado ATR (Açúcar Total Recu-
perável) não chegou a acompanhar a melhoria produtiva,
diminuindo, no cômputo geral do País feito pela Conab,
de 136,52 para 131,44 kg/t cana e influindo na produção
dos derivados. O volume total de açúcar produzido decres-
ceu 5,8%, enquanto o de etanol aumentou 6,3%, por con-
ta do incremento no hidratado (13,7%). Assim, no mix da
produção voltou a prevalecer e inclusive se ampliar o des-
tino da matéria-prima para o biocombustível.
Isso se deu, como enfatiza o analista Djalma Aquino,
porque o etanol apresentou consumo mais aquecido em
2015, em razão de haver na maior parte do ano relação eco-
nômica mais favorável na comparação com a gasolina. Este
estímulo ocorreu, de modo especial, pelo aumento do pre-
ço do combustível fóssil e por alterações tributárias em esta-
dos produtores, que vieram a favorecer o etanol hidratado.
Em plano elevado
Safra 2015/16 de cana atinge omais alto nível em volume, com clima
favorável ao desenvolvimento da planta e aos resultados de produtividade
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