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dezembro 16, 2024A mosca-branca Bemisia tabaci (Gennadius, 1889) (Hemiptera: Aleyrodidae) é uma das pragas mais importantes nas culturas agrícolas, hortícolas e ornamentais de diversos países do Mundo, incluindo o Brasil. Ela apresenta adaptabilidade e taxa reprodutiva elevadas, ataca algodoeiro, soja, feijoeiro, amendoim, girassol, espécies de brássicas e cucurbitáceas, solanáceas (como tomateiro, pimentas e pimentões), poinsétia, hibisco, crisântemo, dentre outras plantas.
Existem quatro biótipos nesta espécie: NW1/A1, NW2/A2, MEAM1/B e MED/Q. O biótipo B desta espécie é o mais prejudicial ao país e causa danos diretos e indiretos às plantas hospedeiras. Foi relatado pela primeira vez no Brasil no início da década de 1990. Os principais danos diretos estão relacionados à sucção de seiva nas folhas e caule mais a indução de alterações fisiológicas causadas pelo fluido salivar. Por sua vez os danos indiretos decorrem do fato de ser um super vetor na transmissão de mais de uma centena de viroses. Além disso, durante sua alimentação excreta o honeydew (melado) que favorece o desenvolvimento de fungos do gênero Capnodium, o qual forma uma camada escura sobre as folhas, denominada “fumagina”, que diminui as capacidades respiratória e fotossintética, dentre outras funções fisiológicas da planta. Os mais recentes, grandes e abrangentes surtos severos desta praga no País ocorreram em safras do início da década de 1990, 2001-2, 2004-5 e 2023-4.
Na cultura do algodoeiro o ataque desta praga causa prejuízos na produtividade e qualidade da pluma de até 40% em valor. A contínua sução de seiva promove anomalias e desordens que levam à perda de folhas precocemente. A transmissão de Geminiviridae leva ao amarelecimento das plantas e enrugamento severo de folhas terminais. Por sua vez a liberação de honeydew leva à formação de fumagina que prejudica o metabolismo. Quando a fumagina não se forma, a pegajosidade do melado da excreção sobre as fibras reduz a qualidade do produto pela contaminação com açúcares (trealose, melezitose, sucrose, glucose e frutose), os quais prejudicam o processo industrial da fiação, desvalorizando bastante a pluma a ser comercializada. Por sua vez, os principais fatores-chave ambientais para aumentar a população da mosca-branca são temperatura (>30 oC), chuva (impacto), UR% (seca ou patógenos), vento (sentido e direção da dispersão), uso de defensivos não seletivos aos predadores-parasitoides-patógenos e ponte-verde (cultivos suscetíveis próximos no tempo e/ou no espaço).
As medidas fundamentais para o controle desta praga na cultura do algodoeiro incluem as amostragens precisas para detecção precoce de infestações iniciais (incluindo as reboleiras de ninfas e talhões infestados), tratamentos fitossanitários localizados ou em área total, neste caso obedecendo o momento oportuno dado pelo nível de controle, além de atitudes para minimização dos riscos de invasões da praga de áreas vizinhas dadas pelas “pontes verdes” (nesse caso, conter a praga na cultura fornecedora e estar preparado para combatê-la na cultura receptora durante os fluxos de dispersão dos insetos adultos entre áreas vizinhas).
Inovações tecnológicas das medidas de controle desta praga são necessárias de modo contínuo, desde que compatíveis com o Manejo Integrado de Pragas, o que levará à racionalização da gestão dos cuidados fitossanitários no momento mais oportuno, ponto chave para o sucesso nas decisões de uso de pesticidas químicos, biológicos, resistência de plantas e práticas culturais.
- Engenheiro-agrônomo, doutor em Ciências (Entomologia) e professor. Atua como consultor e mentor na área de controle de pragas agrícolas. E-mail: paulo.degrande@outlook.com