Peneira setorial
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A quem conhece o mercado mundial de vinhos, o alto padrão do espumante brasileiro já não surpreende. Pelo contrário. Os apreciadores de vários pontos do planeta já cultivam muita expectativa em relação ao paladar singular resultante de cada safra de uva colhida no Sul do Brasil.
De acordo com a presidente da Organização Internacional da Vinha e do Vinho, Regina Vanderlinde, a bebida já é a principal identidade do Brasil no mercado exterior. “Assim como se criou a simbologia do Carmenére para o Chile, do Malbec para a Argentina e do Tannat para o Uruguai, acredito que o espumante será a representação principal do Brasil para o mundo. Na verdade, já é”, argumenta.
No primeiro semestre de 2018, as exportações de vinhos e espumantes brasileiros cresceram 39,3% em volume e 32,8% em receita, conforme o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Os produtos brasileiros alcançaram 29 países, com 1,593 milhão de litros comercializados, o que gerou receita de US$ 3,6 milhões. Os principais destinos foram Paraguai, Estados Unidos, Cingapura, Colômbia e Reino Unido. E o melhor desempenho ficou com os espumantes. Os embarques subiram 61,2% em volume e 29,2% em valor, comparados ao primeiro semestre do ano anterior.
Os espumantes nacionais também ocupam a maior fatia do mercado brasileiro. Em 2017, foram comercializados 25,10 milhões de litros, sendo 20,32 milhões de litros de espumantes nacionais e 4,79 milhões de litros de importados, deixando aos similares do exterior apenas 19% das vendas.
O posicionamento de mercado dos rótulos produzidos no Brasil é uma das principais questões trabalhadas pelas entidades envolvidas na promoção internacional do vinho brasileiro. “O Brasil tem a melhor espumante do Novo Mundo. E o mercado internacional reconhece esta qualidade diferenciada”, explica Camila Meyer, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Oscar Ló, este desempenho e o reconhecimento internacional são fruto de um longo trabalho. “Faz parte da evolução dos produtos. As empresas já vêm se qualificando há muito tempo. E as próprias premiações alcançadas no exterior atestam esta qualidade do espumante brasileiro”, comenta.
Para o pesquisador José Fernando da Silva Protas, da Embrapa Uva e Vinho, o reconhecimento acaba gerando outras oportunidades de negócio aos fabricantes. “Acaba-se consolidando a geografia da produção e surgem possibilidades como o enoturismo e a gastronomia. As denominações de origem são parte importante nesse processo”, diz. Ele ressalta que o Brasil ainda tem muito espaço para crescimento no mercado interno e que a demanda não deverá ser ocupada por similares do exterior, cujas importações também têm aumentado e abocanhado fatias das empresas nacionais.