P
or si só, o setor produtivo da ca-
na-de-açúcar já garante umme-
lhor ar para respirar no Brasil,
com a oferta de energia limpa,
mas sua aspiração é de que pos-
sa ter assegurados novos ares financeiros
paramanutenção e crescimento da ativida-
de, assim como dos benefícios que gera ao
País. A safra 2016/17 já permitiu melhoria
nos resultados econômicos e sua expectati-
va é de que no futuro próximo estejam de-
finidas e garantidas diretrizes claras e fixas
para estimular novos investimentos, onde
umnovo programa oficial emconstrução, o
RenovaBio, representa uma esperança.
A cadeia produtiva é uma das que mais
gera renda no agronegócio brasileiro, com
cálculos de que o valor ultrapassa os R$ 110
bilhões. Porém, o segmento vemde umpe-
ríodo de dificuldades e de endividamen-
to. Já na última temporada,
compreçosmais favoráveis,
em especial do açúcar,
a rentabilidade voltou
a ser possível,
c o n f o r me
foi observado na área industrial e também
produtora. Nesta, levantamento da Confe-
deração da Agricultura e Pecuária do Bra-
sil (CNA) em 40 regiões de seis estados no
Centro-Sul canavieiro verificou de forma
geral margem líquida positiva.
“Considerando o valor de 0,6839 do Con-
selho dos Produtores de Cana-de-Açúcar,
AçúcareEtanoldoEstadodeSãoPaulo(Con-
secana-SP) como referência de preços da
matéria-prima na safra 2016/17, observa-se
que praticamente todas as regiões amostra-
das apresentaram rentabilidade positiva na
produção de cana”, registra pesquisa do Pro-
jetoCampoFuturodaCNA, emconvêniocom
oProgramadeEducaçãoContinuadaemEco-
nomia e Gestão de Empresas (Pecege), do
Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea), ligadoàEscolaSuperior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Uni-
versidadedeSãoPaulo(USP).Oscustosope-
racionais totais, segundo o estudo, ficaram
emcercade0,50a0,60R$/Kg/ATR.
A indústria, da mesma forma, constata
resultado favorável na temporada, como a
União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Uni-
ca) evidencia neste
Anuário
, alémde salien-
tar a alta geração de divisas, na ordem de
US$ 11,3bilhões nas exportações brasileiras
de açúcar e etanol em2016, colocandoo se-
tor em terceiro lugar no
ranking
do agrone-
gócio nacional. Na sua avaliação, a melho-
ra verificada já deve permitirmaior nível de
renovação de lavouras e reforço de tratos
culturais, frota e equipamentos, mas ain-
da persistiam incertezas quanto à garantia
para novos emaiores investimentos.
Quem atua na área sucroenergética luta
há tempopara ter ummarco regulatóriode-
finido que permita um planejamento mais
seguro e um crescimento sustentável. Uma
oportunidade se apresenta neste sentido
com o Programa RenovaBio, lançado pelo
governo na esteira da recente Conferência
das Partes (COP21) sobre mudanças climá-
ticas, com o propósito de reduzir emissões
de efeito estufa. O setor espera que sua for-
matação concreta possa responder a este
anseio e, de fato, garantir-lhe novos tem-
pos, com ainda mais ganhos ambientais no
etanol e mais investimentos, renda, divisas
e empregos de que o País tanto precisa.
n
Melhoria verificadanaúltima safra
eumnovoprogramapodemfazersegmentobrasileiro
dacana-de-açúcarganharfôlegoparasuarecuperação
Novos
ares
Sílvio Ávila
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