M
ais de 80% da produção de
arroz do Brasil concentra-
-se no Rio Grande do Sul
(71%) e em Santa Catari-
na (9,1%), de um total de
12,3 milhões de toneladas colhidas no ci-
clo 2016/17. Mesmo com produtividade
acima de 7,9 mil quilos por hectare, uma
das mais altas do mundo, as lavouras ain-
da não alcançam o potencial genético das
variedades. Uma das explicações para
isso, segundo o diretor técnico do Institu-
to Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício
Fischer, é a baixa utilização de sementes
certificadas. No Rio Grande do Sul, só 45%
da superfície é semeada com genética ofi-
cial. No Brasil, amédia fica abaixo de 45%.
O ideal seria cerca de 80%.
O uso de material salvo ou pirata em
55% das áreas cultivadas explica o alto
volume de infestação da orizicultura por
plantas daninhas resistentes a herbicidas.
Mão
paracrescer
Lavourasde
arroz
aindanãoalcançamopotencialgenéticodasvariedades
porqueousodesementescertificadaspermaneceemnívelmuitobaixonoBrasil
n
n
n
A questão da qualidade
Sob manejo adequado, a qualidade da semente faz a diferença no resultado
da colheita. O insumo representa 1,5% do custo da safra e tem alto potencial pro-
dutivo e resistência a doenças, é isento de contaminação por invasoras ou doen-
ças e é segregado, ou seja, não há risco demistura comvariedades de outros ciclos
ou contaminadas, graças ao rigoroso controle de produção e distribuição. Rodrigo
Schoenfeld, gerente de Pesquisas do Irga, entende que omaior desafio dos pesqui-
sadores e dos extensionistas é convencer os produtores a superar o fator cultural
que restringe o uso da tecnologia certificada em troca de semente salva ou pirata.
“Ao não observar tal princípio, a lavoura perde tecnologias eficientes para o con-
trole de invasoras e doenças. E o lucro vai junto”, alerta.
“A contaminação por arroz vermelho nas
sementes piratas inviabiliza a lavoura em
poucas safras, reduz a produtividade e au-
menta os custos”, diz Fischer. Parte doma-
terial gaúcho e catarinense é direcionada
aoMercosul e ao resto do Brasil, conforme
Luiz Carlos Machado, do Núcleo de Pro-
dutores de Sementes de Arroz, vinculado
à Associação de Produtores e Comercian-
tes de Sementes e Mudas do Rio Grande
do Sul (Apassul). O núcleo produz o sufi-
ciente para cultivar 750 mil hectares e só
500 mil usam essa semente no Estado.
Os arrozeiros gaúchos adotam tam-
bém sementes do Instituto Nacional de
Tecnologia Agropecuária (Inta) da Argen-
tina, da Empresa de Pesquisa Agropecu-
ária e Extensão Rural de Santa Catarina
(Epagri), da RiceTec e da Empresa Brasi-
leira de Pesquisa Agropecuária (Embra-
pa). EmMato Grosso e Tocantins, é menor
o uso de genética oficial, e, alémdas culti-
vares da Embrapa, há demanda pelo ma-
terial da AgroNorte Pesquisas.
n
23
origens
origins
Estados produtores de sementes de arroz (Todas as categorias)
Estimativa, julho de 2017.
Fonte:
Coordenação de Sementes e Mudas - CSM/DFIA /SDA/Mapa.
2015/2016
2016/2017
Toneladas
Área
Toneladas
Área
Santa Catarina
37.679,98 4.468,91
727.585,96 3.913,77
RioGrande do Sul
175.586,33 18.873,89
158.507,44 17.203,35
MatoGrosso
23.826,80 7.423,00
28.030,28 8.402,00
Tocantins
1,20
0,50
345,20
38,00
Goiás
96,00
40,00
37,50
15,00
Paraná
---
---
12,00
6,60