Anuário Brasileiro da Cana-de-açúcar 2016 - page 19

Se for pela área da cana-de-açúcar a ser colhida no
Brasil na safra 2016/17, a cultura pode atingir recorde.
Com efeito, a produção tem condições de subir o mes-
mo pódio, desde que a produtividade a acompanhe com
vigor. Projeções nacionais feitas no início do novo ciclo,
em abril de 2016, admitiam essa possibilidade, mesmo
com rendimento físico um pouco menor (1%). Porém, si-
nalização dada nos primeiros meses na maior região pro-
dutora, a Centro-Sul, é de que possa haver dificuldade
para alcançar os mais altos níveis produtivos esperados.
A expectativa inicial da Companhia Nacional de Abas-
tecimento (Conab) era de que área aumentasse 4,8%,
avançando para 9,07 milhões de hectares, a maior ex-
tensão já utilizada no cultivo. Isso, em especial, devido
à cana bisada que não foi possível colher na safra ante-
rior na região Centro-Sul. Já a produtividade diminui-
ria um pouco (1,8%) nesta área produtora de maior ex-
pressão, mesmo porque a anterior foi de nível alto. Mas
isso não chegaria a afetar resultado final superior no País,
que, aliando recuperação no Nordeste, cresceria 3,8%,
chancelando outro recorde (691 milhões de toneladas).
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), com
os demais sindicatos e as associações de produtores da
região Centro-Sul, e o Centro de Tecnologia Canavieira
(CTC), por sua vez, estimaram para esta principal área
que a moagem ficaria entre 605 e 630 milhões de tonela-
das, níveis semelhantes aos do ciclo anterior (617,7 mi-
lhões de toneladas). Evidenciaram dependência a condi-
ções climáticas, agronômicas e operacionais durante os
12 meses. Em julho, passados três meses, a produtivida-
de acumulada era 1% menor e a probabilidade, então,
era de que a região ficasse mais próxima da margem infe-
rior projetada – abaixo, portanto, da anterior.
Mesmo com rendimento por área maior em abril e
maio, em virtude ainda do aproveitamento da cana bisa-
da, em junho já houve produtividade mais baixa e o mes-
mo se observava no início de julho. Houve veranico forte
em abril, muita chuva em maio, depois efeitos de geada
e ocorria colheita antes de completar o ciclo, tanto que a
safra estava avançada em quase 500 mil hectares em me-
ados de julho, o que afeta resultados, na observação de
Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica.
Mesmo assim, continuava projeção de qualidade supe-
rior na safra da região, próxima ao estimado no início, de
134 a 136 quilos de ATR (Açúcar Total Recuperável) por to-
nelada de cana, com a expectativa de atingir 134 a 135 qui-
los. Este número ficou em 130,51 na temporada anterior,
quando parte expressiva da colheita foi adiada mais para o
final. Já no ciclo 2016/17 deverá ser mais concentrada entre
abril e novembro, o que faz o teor do ATR crescer, na avalia-
ção do diretor da Unica. A Conab, de sua parte, confirmava
elevação do indicador na safra para todo Brasil.
Assim, aliando ainda o mercado favorável ao açúcar,
gera-se expectativa de aumento da produção deste deri-
vado na presente safra. Omesmo deve ocorrer com o eta-
nol anidro (misturado à gasolina), enquanto o hidratado,
abastecido diretamente nos postos, decai, o que se rati-
ficava nos primeiros meses do ciclo. O mix da produção
ainda continua favorável ao biocombustível no cômputo
total, mas com diminuição da diferença para o adoçante.
A Conab projeta, na destinação da matéria-prima, índices
de 43,3% para açúcar e 56,7% para etanol.
Área para recorde
Área de cana-de-açúcar a ser colhida na temporada 2016/17 é a maior até
agora, mas produção vai depender do comportamento de vários fatores
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