Fruta da vez, comalto suprimento de vi-
taminas e minerais e, em especial, conside-
rada excelente energético, o açaí brasileiro,
colhido no Norte, “abriu ótimas alternativas
de comercialização no País e no exterior”,
observa Geraldo Tavares, gerente de Fru-
ticultura da Secretaria de Desenvolvimen-
to Agropecuário e Pesca (Sedap), do Pará,
Estado que concentra 98% da produção.
Ao apresentar números do crescimento da
oferta, que ocorre quase a cada ano, acen-
tua que ainda é insuficiente para atender à
demanda, emalta constante.
“Comexceção de 2014, onde houve pe-
queno decréscimo na produção, motivado
por problemas climáticos, a série históri-
ca do período 2010-2017 mostra produção
crescente, em função de açaizais nativos
em áreas de várzeas que estão sendo ma-
nejadas e do plantio de açaí irrigado em
terra firme, que permite a produção de fru-
tas na entressafra”, assinala Tavares. Cita
dados coletados pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) no Pará,
dando conta de que a produção em 2017
chegou a 1,27 milhão de toneladas de fru-
tos, em área superior a 188 mil hectares,
com crescimento produtivo de 17,86% so-
bre o ano anterior.
As Regiões de Integração do Tocantins e
do Marajó são os principais centros produ-
tores da fruta no Pará. Respondem por cer-
ca de 80% da produção e, por isso, confor-
me Tavares, são prioritárias nas políticas
públicas voltadas ao incremento da produ-
ção, como o Programa de Desenvolvimento
da Cadeia Produtiva do Açaí (Pró-Açaí), lan-
çado em janeiro de 2016 pela Sedap. Entre
os municípios produtores no Estado desta-
cam-se Igarapé Miri e Portel, com respecti-
vos 22% e 21%, Abaetetuba (8,6%), Came-
tá (7,9%), Barcarena (6,0%) e Bujaru (5,5%).
Cerca de 85% da produção é consumi-
da no próprio Estado, onde a fruta faz par-
te do hábito alimentício da população. So-
mente na Região Metropolitana de Belém
são comercializados a cada dia em torno
de 152 mil litros de açaí, em mais de cin-
co mil pontos de venda, no período da sa-
fra, informa Tavares. Mas o açaí tematraído
cada vez mais a atenção de consumidores
de outras partes do País e do exterior. Em
2016, o Pará vendeu 119 mil toneladas e
mais de R$ 481 milhões em produtos da
fruta (polpa, mix, açaí liofilizado), repre-
sentando incremento de 42,3% no volu-
me em relação a 2015. Estados do Sudeste
(São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais)
responderampor 56,5%do total.
AÇAÍ
A ç a í
l
POTENCIAL EXTERNO
Para o exterior é destinada por ora em torno de 3,5% da produção paraense, mas
há condições de ampliar esta parcela, conforme Geraldo Tavares, gerente de Fruticul-
tura da Sedap. No período 2014 e de 2015, as exportações paraenses apresentaram
tendência de crescimento, atingindo respectivos R$ 64,6 milhões e R$ 93,7 milhões,
mas em 2016 houve recuo no volume exportado, ocasionado por redução do merca-
do japonês. Estados Unidos (55,77%), Japão (14,24%) e Austrália (10,24%) foram os
principais compradores em2016. Já em2017, pelas informações disponíveis até o iní-
cio de 2018, teria ocorrido novo incremento nas vendas.
NaopiniãodeTavares,“oaçaíéumadaspoucasfrutasemnívelmundialcomgran-
de mercado cativo e inexplorado, o que se traduz em grande demanda insatisfeita”.
A sua conclusão provém da consideração de que apenas três países concentram o
maior volume das exportações brasileiras e que ainda não houve promoção massiva
do produto nacional nos mercados europeu e asiático (comexceção do japonês). Em
particular naÁsia, verificaque “aChinaaindaéumimensomercadoa ser perseguido”.
Estado do Pará
concentra
colheita e
comercialização
da fruta
energética
41
OLHA O AÇAÍ
•
AN EYE ON THE AÇAÍ
Númerosda frutanoBrasil
Ano
2015
2016
Área (ha)
136.904
167.529
Produção (t)
1.008.387
1.092.205
Rendimento (kg/ha)
7.366
6.519
Valor (R$mil)
4.081.079
3.932.497
Fonte: IBGE.
TERRA DE AÇAÍ
•
AÇAÍ LAND
Estados produtoresde açaí (t)
Pará
1.000.850
1.080.612
Amazonas
546
10.124
Roraima
4.010
851
Bahia
2.931
504
Espírito Santo
50
114
Fonte: IBGE.