Volume das safras brasileira
enorte-americana,câmbioeperfildeestoqueseconsumo
tornamacomercializaçãoem2017umgrandedesafio
À
medida em que o clima foi aju-
dando, a intenção de plantio
cresceu e a segunda safra brasi-
leira do ciclo 2016/17 começou a
se tornar uma “safrona”, os pre-
ços domilho ao produtor entraramemdeclí-
nio, até tornar impossível a comercialização
emalgumas localidades na colheita, emes-
pecial empolos deMatoGrosso, omaior
produtor. Imagens do grão colhido
depositadoacéuabertoporfalta
de condições de escoamen-
to e de estrutura de arma-
zenagem, e preços bem
abaixo do custo de produ-
çãoedovalormínimoesti-
pulado pelo governo fo-
ram exaustivamente
mostradas pela mí-
diaemjunho.
Esta
gi-
gantesca
c o -
lheitaproduziupressãoanormal sobreos va-
lores praticados no Brasil mesmo antes de
entrar em oferta, e obrigou o governo fede-
ral a intervir oferecendo mecanismos de co-
mecialização a preços mínimos para ao me-
nos balizar o mercado com uma referência.
O setor considera a medida paliativa. Após
o primeiro semestre com trajetória de bai-
xa, a grande interrogação da cadeia produti-
va, mais ainda dos agricultores, é qual será o
rumo das cotações e que fatores as elevarão
até cobriremos custosda lavoura.
Os obstáculos a serem superados são
muitos: do cenário econômico local e dos
principais clientes do grão e das proteínas
brasileiras, passando pela conjuntura políti-
ca nacional, que tem influenciado o câmbio,
por exemplo, até o equilíbrio na relação en-
tre a oferta, a demanda e a dimensãodos es-
toquesnacionaiseexternos.Comocâmbiona
faixa de R$ 3,25 a R$ 3,30 por US$ 1,00, espe-
ra-se que a retomada das exportações, inicia-
daemmaio,seconsolideeoenxugamentoda
oferta nacional seja traduzido emvalorização
domilho. Aindaassim, oBrasil findaráoano
comumestoquealto.
Desta forma, semum fato novo que de-
termine grande aumento de consumo ou
escoamento dos estoques para o exterior,
a expectativa é de que no Brasil os preços
se recuperem de maneira parcial e gradu-
al, mas não de forma a restaurar o nível
das cotações recordes de meados de 2016.
E isso desembocará em queda na área a
ser cultivada na temporada 2017/18. Ain-
da que a soja recupere preços emmaior ní-
vel do que o projetado no início de 2017, os
produtores que perderam dinheiro nesta
safra pensarão duas vezes antes demanter
o sistema de sucessão soja-milho, buscan-
do alternativas de cultivo.
A colheita de 2017 ratifica o que todo
agricultor já sabe: a produçãoque gera uma
supersafra nem sempre é aquela que ga-
rante rentabilidade no campo. Produto na
mesa e dinheiro no bolso capaz de suprir
os custos de produção passados, garantir
a próxima lavoura, os empreendimentos e
sua família: estas, sim, são as safras que os
agricultores poderiam comemorar. E, na
atual temporada, poucos têm razões para
festejar ameta alcançada.
n
11