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ntre o final do verão e meados
do inverno, o conjunto agríco-
la formado pela região Centro-
-Oeste, reforçado com parte do
Paraná, do Sudeste e uma ponti-
nha doNordeste, torna-se um imensomar
de milho, que na temporada 2016/17 foi
determinante para que o Brasil batesse re-
corde de produção emduas safras: 96,025
milhões de toneladas. O volume total re-
presenta 40,5% da colheita nacional de
grãos, que deve chegar a 237,2 milhões
de toneladas conforme levantamento di-
vulgado em julho pela Companhia Nacio-
nal de Abastecimento (Conab). A superfí-
cie total cultivada cresceu 9,2% e chega a
17,4 milhões de hectares.
Omilho é a segunda principal cultura do
País,atrásapenasdasoja,quealcança113,5
milhões de toneladas. Os números da Co-
nab, apesar de já grandiosos, ficam abaixo
da previsão do Instituto Brasileiro de Geo-
grafiaeEstatística(IBGE),de97,7milhõesde
toneladas, e ainda da estimativa da Organi-
zação das Nações Unidas para a Agricultura
e Alimentação (FAO) e por consultorias pri-
vadas,demaisde100milhõesdetoneladas.
De acordo com a Conab, a soma das co-
lheitas representa avanço de 44,3% sobre o
volume produzido no ciclo 2015/16, cujas
safras foram afetadas pelo clima adverso.
A safra de verão 2016/17 tem números con-
solidados e chegou a 30,4 milhões de tone-
ladas, 31,65% do total, com incremento de
18%sobreoperíodoequivalenteanterior. O
aumentode3,2%naárea, para5,53milhões
de hectares, e de 14,3% em produtividade,
para 5.498 quilos por hectare (91,6 sacas de
60quilos),ajudaramaaumentaroresultado
em4,63milhões de toneladas.
Aprimeira safra predomina nos estados
da regiãoSul, que colherampertode 14mi-
lhões de toneladas, seguidos pelo Sudeste
(8,2 milhões de toneladas) e pelo Nordeste
(2,8 milhões de toneladas). O clima frio do
Sul no outono e no inverno, as limitações
hídricas do Nordeste e a disputa por área
com outras culturas no Sudeste delimitam
o período regional deste cultivo.
Já a segunda safra predomina no Cen-
tro-Oeste, no Paraná (representante do Sul
que, sozinho, dobra a produção regional) e
no Sudeste, que no inverno alcança meta-
de da colheita de verão. Nesta temporada, a
“safrona” chegou a 65,63 milhões de tonela-
dascomavançode61%sobreafase2015/16,
graças ao salto de 43,4% em produtividade,
pelo clima favorável, para 5.533 quilos por
hectare, e 12,3%de expansãoemárea, a até
11,862milhões de hectares, cerca de 1,3mi-
lhão amais do que no ano anterior. Os bons
preçospraticados em2016 tambémmotiva-
ramos agricultores a plantarem.
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A sucessão é um sucesso
Nas regiões de segunda safra de milho, a cultura é adotada em sucessão à soja, que tem maior liquidez, preços e garantia de
compra no mercado global. Trata-se de técnica com ampla vantagem comercial e agronômica. Em 2015, o clima prejudicado pelo
fenômeno
El Niño
gerou atraso no plantio e tambémna colheita da soja, e isso encurtou a janela de semeadura domilho.
Alémdomais, algumas regiões do Centro-Oeste registrarampluviosidade abaixo damédia e chuvasmal-distribuidas, o que im-
pediu a semeadura na época ideal oumesmo o desenvolvimento das lavouras, que se tornarammenos produtivas. “Alguns produ-
tores, diante do baixo volume de chuvas e da previsão de seca, que estabelecia aumento significativo da margem de risco, desisti-
ram de plantar”, frisa Thomé Luiz Freire Guth, analista de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Para a atual
temporada, como bomdesempenho da safra de soja, prognósticos climáticos favoráveis e preços remuneradores na época da to-
mada de decisão, houvemotivação suficiente”, conclui.
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