Anuário Brasileiro do Café 2017 - page 49

A
safra geral de 2016 foi a maior
(impulsionada pelo tipo arábi-
ca) e o mercado esteve favorá-
vel, mas a indústria brasileira
do café não escapou de en-
frentar uma crise: de abastecimento. Mais
ao final do ano, sentiu a dificuldade de ob-
ter a variedade robusta (conilon), em volu-
mes e preços adequados às suas necessida-
des. Presente em especial na composição
do café solúvel, mas também em diversos
blends
no torrado&moído, amatéria-prima
escasseou e encareceu com problemas na
produção e mesmo com a grande exporta-
ção ocorrida emperíodo anterior.
As entidades da indústria expressaram
esta angústia no encerramento de 2016 e
no início de 2017, quando até chegou a ser
anunciada, e depois suspensa, uma inédi-
ta importação do produto. Argumentações
diferenciadas foram apresentadas por re-
presentantes dos produtores e dos indus-
triais sobre a efetiva necessidade desta
operação, alegando aqueles que ainda ha-
via estoques e que logo (no final de março)
entraria a nova safra, além dos riscos sani-
tários inerentes, enquanto estes alegavam
que não conseguiam adquirir maiores vo-
lumes a preços competitivos.
O governo, por meio da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), che-
gou a disponibilizar à indústria o seu siste-
ma de leilões para compra de café conilon,
mas na primeira tentativa feita, em 22 de
março de 2017, não houve interessados na
venda do produto em virtude dos preços
ofertados. Em paralelo, a Conab realizava
desde o começo do ano leilões de seus es-
toques públicos da variedade arábica, que,
da mesma forma, já estavam se esgotando
no transcurso do primeiro trimestre.
Ainda em relação ao robusta e à sua es-
Menordisponibilidadedavariedaderobusta(conilon)
geradificuldadesdeabastecimentoeincertezas
paraasatividadesdasindústriasbrasileiras
Sem
robustez
O problema manifesta-se com maior intensidade na área de café solúvel
cassez, Aguinaldo Lima, diretor de relações
institucionais da Associação Brasileira da
Indústria de Café Solúvel (Abics), já alerta-
va desde o final de 2016 sobre um possível
comprometimento das exportações brasi-
leiras deste produto, onde o País também
lidera em nível mundial, além do café ver-
de. No ano, o Brasil ainda conseguira cres-
cer nas vendas externas desse item (8% so-
bre 2015), “emvirtude de os negócios terem
ocorrido até maio, antes do reflexo da que-
bra”, mas nos primeiros meses de 2017 já
acumulavamqueda de 26%.
Nathan Herszkowicz, diretor execu-
tivo da Associação Brasileira da Indús-
tria de Café (Abic), por sua vez, apontava
para o desafio financeiro e operacional de
cada torrefadora diante da crise de abas-
tecimento e do potencial mercado, pre-
cisando adaptar composições sem preju-
dicar o sabor e o aroma apreciados pelos
consumidores. Neste aspecto, e conside-
rando que não há garantia de que a oferta
geral da produção em 2017 seja suficiente
para o suprimento das necessidades, pre-
via dificuldades para a indústria no decor-
rer deste período.
n
Inor Ag. Assmann
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