Anuário Brasileiro da Soja 2017 - page 92

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epois de quase descartadas
por causa do salto tecnológico
propiciado pelo sistema Roun-
dup Ready (RR), que congrega
cultivares transgênicas e o her-
bicida glifosato, as variedades convencio-
nais de soja estão retomando espaço nas
lavouras do Brasil. O Mato Grosso, líder na
produção da oleaginosa, ocupa mais de
60%da área deste tipo de plantio no País.
O rol de argumentos é enorme e for-
te: menor custo de produção em relação
ao material geneticamente modificado;
avanço das plantas resistentes, de difí-
cil controle, ao glifosato; bônus de até R$
15,00 por saca da soja convencional pago
pelos importadores da Ásia e da Euro-
pa na última safra; menor dependência
de tecnologias privadas internacionais;
apoio à pesquisa nacional (pública e pri-
vada) e rotação de princípios ativos de
herbicidas, entre outros fatores.
É sob este argumento que oMatoGros-
so dedicará 15% de sua área a este siste-
ma na safra 2017/18, conforme o Instituto
Mato-grossense de Economia Agropecu-
ária (Imea). A Associacão de Produtores
de Soja e Milho de Mato Grosso (Aproso-
ja-MT) informa que o percentual equiva-
le a 1,2 milhão de hectares, e o aumento
será de quase 10% sobre a superfície se-
meada na temporada anterior. No Brasil,
a área de soja convencional gira em torno
presente
Opassado
Combônusfinanceiro,áreadesoja
convencionalganhaespaçonoMato
Grossocomoalternativaacustos
eplantasresistentesaoglifosato
incentivar a pesquisa brasileira”.
Dentro deste princípio, mesmo reco-
nhecendo a qualidade dos materiais dis-
poníveis, que têm obtido produtividades
acima de 70 sacas por hectare emalgumas
lavouras, os produtores de soja cobram
maior evolução do potencial produtivo, es-
tabilidade, resistência a doenças, insetos,
estresses climáticos e outros avanços ge-
néticos que sejam responsivos ao manejo
e mantenham a lavoura sustentável e com
mais opções disponíveis. “Hoje, a produti-
vidade está sendo estrangulada pelo custo
da biotecnologia. Esta dependência exige
que mantenhamos aberta a porta às ou-
tras tecnologias”, argumenta.
Dalcin classifica a soja convencional
como ferramenta importante para o ma-
nejo da lavoura e com resultados positi-
vos em termos de ganho ambiental e sus-
tentabilidade da cadeia. “Omanejo émais
intensificado. Uma característica impor-
tante é o controle e a resistência a pragas.
Temos plantas daninhas cada vez mais re-
sistentes ao glifosato, que é o herbicida
de controle seletivo”, salienta. “E estas se-
mentes convencionais trazem de volta os
herbicidas pós-emergentes e todos estes
produtos que estavam adormecidos, pra-
ticamente semuso, mas que, commanejo
correto, controlam muitas das ervas resis-
tentes”, explica.
n
de 6%, ou 2 milhões de hectares.
A defesa da soja convencional ganhou
ainda mais força no final de julho de 2017,
com a criação do Instituto Soja Livre (ISL),
que congrega entidades setoriais, de pes-
quisa e extensão. “Era um programa estra-
tégico da Aprosoja-MT, que, devido à gran-
diosidade e à relevância, evoluiu para uma
entidade comvida própria”, destaca o enge-
nheiro agrônomo Endrigo Dalcin, presiden-
teda associaçãoque foi eleitopara também
dirigir o ISL. Ele identifica como prioridade,
afora a organização estrutural do instituto,
acelerar a adoção do sistema e a difusão de
tecnologias para consolidá-lo.
“Vamos incentivar a cadeia produtiva
a manter e ampliar o espaço da soja con-
vencional com base num conjunto de ar-
gumentos muito fortes”, refere. “Dentro
de algumas safras nos tornaremos omaior
produtor mundial de soja, mas pelo cami-
nho atual teremos dependência de qua-
se 100% de tecnologias de multinacionais.
Por uma questão estratégica, de soberania
e até de segurança alimentar, precisamos
Instituto Soja Livre impulsiona o sistema, mas cobramais tecnologia
MERCADOSQUE SEABREM
Umdos fatores diferenciais da produção de soja convencional é o
plus
no valor de
comercialização obtido pelos agricultores na venda para empresas dosmercados
europeu e asiático. “Estamos buscando outrosmercados para alavancar o
crescimento da produção interna sob condições especiais, ou seja, combônus
pelo sistema de cultivo”, informa EndrigoDalcin, presidente da Associação dos
Produtores de Soja eMilho doMatoGrosso (Aprosoja-MT) e do Instituto Soja Livre.
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