área
Perigo na
A solução temsidoagregar outrosmétodos para controlar as invasoras
Robispierre Giuliani
86
A
evolução constante da pre-
sença de plantas resistentes
ao glifosato tem reduzido a
eficácia da tecnologia Roun-
dup Ready (RR) nas áreas de
soja do Brasil. Cerca de 95% da superfí-
cie cultivada a cada ano utiliza cultivares
transgênicas do sistema. A quebra da efi-
ciência de mais duas plantas (chegando a
oito) nas duas últimas temporadas está en-
tre os grandes problemas da soja no País.
As “superinvasoras”, além de concor-
rerem com a oleaginosa pelos nutrientes
disponíveis no solo, também são de difí-
cil controle e exigemque o agricultor lance
mão de outros métodos e defensivos. Isso
aumenta o custo de produção, a demanda
de mão de obra, a dedicação ao cultivo e a
chance de criar novas resistências.
É uma briga de gato e rato. A ciência
avança no controle das plantas, a nature-
za acha um caminho para se desenvolver.
Ainda que a seleção de plantas que resis-
tem aos agroquímicos seja um processo
natural, é consenso que no Brasil o uso
sistemático da tecnologia RR, mesmo em
culturas diferentes plantadas em suces-
TecnologiaRR,quedominamaisde95%
daáreanacional,temperdidoeficácia
emvirtudedaevoluçãodasplantas
daninhasresistentesaoglifosato
mo impacto desta tecnologia. Além disso,
mesmo comos efeitos colateriais, trata-se
de um antídoto eficiente para boa parte
das ervas daninhas. O jeito que o sojicul-
tor encontrou para o controle foi associá-
-lo a outros herbicidas.
Fernando Adegas, pesquisador da Em-
brapa Soja, de Londrina (PR), explica que a
diferença do custo de manejo de área isen-
ta de plantas resistentes para uma que te-
nha duas a três plantas que resistam ao gli-
fosatopodemais doque quintuplicar. “Pula
de US$ 30,00 para até mais de US$ 160,00
por hectare, dependendodo caso”, salienta.
Esse custo, só com herbicidas, pode com-
prometer a renda da safra. Hoje, dependen-
dodograudeinfestaçãoedostiposdeplan-
tas resistentes presentes nas lavouras, os
defensivos podem representar até 30% do
custo. “Numa situação normal, ficaria entre
10%e 15%”, reconhece Adegas.
n
são, como a soja, omilho “safrinha” e o al-
godão, abrevia a vida útil do sistema que
combina as cultivares que contém o gene
de resistência e a eficiência do glifosato. O
uso exclusivo e contínuo do herbicida ge-
rou uma pressão seletiva, ou seja, supri-
miu as plantas sensíveis ao seu princípio
ativo, mas impulsionou o surgimento da-
quelas que o toleram.
Mesmo assim, o sistema RR predomi-
na no Brasil e deve permanecer por mais
um bom tempo. Em primeiro lugar, por-
que não há nada previsto para ser lança-
do no portfólio das empresas com o mes-
PLANTASRESISTENTES
As plantas resistentes são: buva (
Conyza canadensis
,
C. bonariensis
e
C.
Sumatrensis
), capim-amargoso (
Digitaria insularis
), azevém(
Loliummultiflorum
),
clóris (
Chloris elata
), amaranto (
Amaranthus palmeri
) e pé-de-galinha (
Eleusine
indica
). Na temporada 2017/18, a descoberta da resistência do capimamargoso
completará 10 anos, enquanto a da buva chegará a 13.
Mapeadas, algumas invasoras ocorrem juntas namesma região. É o caso da buva,
compresença comumdo RioGrande do Sul ao cerrado, e do capimamargoso,
presente do Paraná até o cerrado. De acordo comFernando Adegas, todas as oito
plantas são de difícil controle depois de instaladas. Nesta situação, recomenda-se
que o agricultor adote a rotação de variedades de soja e de herbicidas, de culturas
– semomesmomecanismo de defesa – para evitá-las.