Anuário Brasileiro da Cana-de-açúcar 2016 - page 43

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Tem para todos
Maior exportador mundial de açúcar, o Brasil amplia abastecimento do
produto empaíses consumidores com volumes recordes no início de 2016
Doce equilíbrio
Enquanto isso, o consumo interno brasileiro de açúcar sente os reflexos da retração
econômica. O efeito é apontado inclusive pelo Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (USDA), já para a safra 2015/16 e também na próxima, prevendo redução de 11,4
milhões de toneladas para 10,9 milhões de toneladas e 10,8 milhões de toneladas nas res-
pectivas temporadas. Ao mesmo tempo, conforme seu prognóstico, emmaio de 2016, cres-
ceriam as exportações brasileiras para 26,1 milhões de toneladas no novo ciclo.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em termos de mercado externo, ainda
destaca a necessidade de contestar medidas protecionistas adotadas em países produtores,
como é o caso da Tailândia, o segundo maior exportador. No plano geral e doméstico, su-
blinha ainda a relevância de reforçar o combate a falsos mitos sobre consumo do produto,
como a relação com a obesidade. Inclusive, tem iniciativa neste sentido, com apoio da As-
sociação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), dos sindicatos da indús-
tria de Goiás (Sifaeg) e de Paraíba (Sindalcool), denominada “Campanha Doce Equilíbrio”.
A ação divulga informações sobre alimentação, hábitos saudáveis e consumo de açú-
car, manifestando entendimento de que deve fazer parte de uma dieta equilibrada, assim
como do preparo de alimentos com sabor e consistência. É um produto que está pro-
fundamente inserido na cultura dos brasileiros. “Quando a pessoa se alimenta bem, faz
exercícios e segue um estilo de vida equilibrado, o açúcar pode e deve fazer parte da ro-
tina, e não vai causar problema”, diz Daniel Magnoni, cardiologista e chefe de nutrição
do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, organismo que realizou a pesquisa intitula-
da “Consumo equilibrado, uma nova percepção sobre o açúcar”.
Com a exportação de cerca de 70% da
sua produção, o Brasil lidera o comércio
internacional de açúcar e amplia os vo-
lumes comercializados em 2016. No pri-
meiro semestre, até junho, apresentava
incremento de 21% nos embarques em
relação ao mesmo período do ano ante-
rior. Estando a oferta mundial restrita, de-
vido à redução da safra 2015/16, “gran-
de parte dos países consumidores deverá
completar o abastecimento interno adqui-
rindo produto do Brasil”, comenta Djal-
ma de Aquino, analista da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab).
Enquanto em 2015 (o ano todo) a
quantia de açúcar embarcada ficou no
mesmo nível do ano anterior, os primei-
ros seis meses de 2016 mostraram recor-
de para o período (12,5 milhões de to-
neladas), como registra o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimen-
to (Mapa). O valor auferido (US$ 3,9 bi-
lhões) também cresceu neste intervalo
(11%), mas o preço médio (R$ 314,13/t)
ficou 17,5% abaixo, com maior valoriza-
ção da moeda americana sobre a brasilei-
ra, observa o técnico da Conab. São Paulo
é o principal Estado exportador (69,9%)
e a China responde pela maior parte das
compras (9,12%), seguida de Argélia, Ín-
dia, Bangladesh e Nigéria.
Considerando apenas o açúcar em
bruto, o valor embarcado pelo Brasil
no primeiro semestre de 2016 atingiu
US$ 3,15 bilhões, sendo o quarto princi-
pal item exportado pelo País e o segun-
do maior em receita externa do agrone-
gócio. O destaque é dado pela Secretaria
de Relações Internacionais da Confede-
ração da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), ao acentuar que “o agronegócio
foi o setor que mais contribuiu com sal-
do comercial positivo no período e teve
sete dos 10 produtos mais exportados”.
Ivan Melo, diretor da área de açúcar da
empresa Raizen, salienta que o produto
“tem papel fundamental na retomada do
crescimento econômico”.
A CNA avalia que “o aumento das ex-
portações de açúcar é influenciado pela
valorização do preço mundial da commo-
dity, devido a menor oferta e maior de-
manda, que gera déficit”. Também verifi-
ca “crescimento dos preços pela recente
desvalorização do dólar em relação a mo-
edas dos países produtores”. O Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplica-
da (Cepea), da Universidade de São Paulo
(USP), por sua vez, aponta, além do défi-
cit já previsto para duas safras, a influên-
cia nas cotações internacionais de medi-
da da Índia, maior consumidor, ao adotar
taxa de 20% nas exportações para garan-
tir o abastecimento interno.
Fonte:
Mapa
AÇÚCAR BRASILEIRO NO EXTERIOR
Brazilian sugar abroad
Performance recente das exportações do líder Brasil
Ano
2015 % sobre 2014 Janeiro a junho 2016 % sobre 2015
Valor (US$ bilhões)
7,64
-19,2
3,93
10,7
Volume (Milhões t)
24,01
-0,5
12,5
21,1
1...,33,34,35,36,37,38,39,40,41,42 44,45,46,47,48,49,50,51,52,53,...68
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