Etanol e sustentabilidade têm tudo a ver.
O produto brasileiro obtido a partir da ca-
na-de-açúcar já mostra o grande potencial
que tem para diminuir a poluição do ar cau-
sada por emissões dos veículos. Em pouco
mais de uma década, desde março de 2003,
quando os carros flex passaram a rodar no
Brasil, e até março de 2016, já se evitou que
351.987.394 toneladas de dióxido de car-
bono (C02) fossem lançadas na atmosfera,
conforme dados levantados no “Carbonô-
metro”, medidor apresentado pela União da
Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
Para efeito de comparação, segundo os
dados da instituição, o volume evitado de
emissões de gás carbônico corresponde a
bemmais do que o total de poluentes emi-
tidos em 2014 por Argentina, Peru, Equa-
dor, Uruguai e Paraguai, ou até a Polônia,
que, com 317 milhões de toneladas, é con-
siderado um dos grandes emissores mun-
diais de gases causadores do efeito estu-
fa. Equivale também ao que seria atingido
com mais de 2,5 bilhões de árvores nativas
plantadas em 20 anos.
O total calculado leva em conta o abas-
tecimento feito por carros flex (hoje cerca
de 90% dos veículos leves novos licencia-
dos têm essa tecnologia) com 100% de eta-
nol ou com gasolina, que agora já contém
27% de combustível misturado. Nem che-
gou a ser computado o consumo da fro-
ta remanescente de 777 mil veículos mo-
vidos apenas a etanol, além de mais de 4
milhões de motocicletas, 58 ônibus da ci-
dade de São Paulo e cerca de 500 aviões
agrícolas que já utilizam o biocombustível.
“No desafio que o mundo tem de descar-
bonizar o segmento automotivo, substituin-
do fontes fósseis por renováveis, o etanol,
dentro os combustíveis carburantes líqui-
dos, se apresenta como a melhor solução”,
diz Alfred Szwarc, consultor de emissões e
tecnologia da Unica. Isso, segundo ele, se dá
em virtude da sua “insuperável capacidade
de redução das emissões de C02, que pode
ser de até 90% se comparado à gasolina e de
80% em relação ao diesel”.
José Goldenberg, professor da Univer-
sidade de São Paulo (USP), por sua vez,
salienta a relevância da decisão individu-
al de cada cidadão em ajudar a preservar
o planeta em que vive, ao utilizar o eta-
nol como combustível. “Este ato, soma-
do a centenas de decisões iguais, contri-
bui de forma significativa para reduzir a
enorme quantidade de gases de efeito es-
tufa liberados na atmosfera por veículos
que usam a gasolina”, afirma.
Na mesma universidade é apresentado
cálculo que revela a grande repercussão
que o combustível renovável pode repre-
sentar para a saúde pública. De acordo com
estudo liderado pelo médico Paulo Saldiva,
a substituição total da gasolina e do diesel
na frota de ônibus por etanol na cidade de
São Paulo teria condições de reduzir mais
de 12 mil internações, 875 mortes e gastos
na ordem de US$ 190 milhões por ano.
Inor Ag. Assmann
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Efeito
desestufa
Utilização do etanol nos veículos brasileiros evita que haja lançamento de mais de
350milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera