Anuário Brasileiro de Citros 2016 - page 45

Sílvio Ávila
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Como quem usa as doses certas para
preparar o celebrado drinque (a caipirinha)
à base de limão e cachaça brasileiros, o se-
tor desse citro no País quer definir logo me-
didas adequadas para assegurar o melhor
produto e o melhor futuro, em particular
no plano sanitário. De modo geral, na fase
recente, após crescimento produtivo (máxi-
mo de 1,2 milhão de toneladas em 2012),
houve recuo na oferta. Em 2015, ainda sem
números oficiais, chamou atenção a mudan-
ça no ciclo de chuvas e, na sequência, no ci-
clo do próprio produto e de seus preços,
que se elevaram a valores não típicos de de-
terminados períodos, a exemplo de quase
R$ 70,00 pela caixa em agosto de 2016.
Ao observar este comportamento, Afonso
Castelucci, presidente da Associação Brasilei-
ra dos Produtores e Exportadores de Limão
(Abpel), com sede em Itajobi, maior região
produtora do Brasil, em São Paulo, verifica
mercado interno bom para a fruta cítrica e
que rege o seu preço. O comércio interno
absorve quase 92% da produção. Mas entre
as frutas frescas exportadas pelo Brasil o li-
mão também se destaca, como terceiro pro-
duto mais vendido em volume. Ganhou es-
paço pela sua disponibilidade o ano inteiro
e, de modo especial, ainda por sua boa apa-
rência (cor, casca), valorizada em saladas e
drinques, menciona o dirigente.
Volumes exportados registraram cresci-
mento nos últimos anos, chegando em 2015
a 96,6 mil toneladas (4,7% a mais sobre ano
anterior). A receita então auferida na venda
externa atingiu a US$ 78,6 milhões, dimi-
nuindo 18,2% em relação à etapa anterior. Já
nos primeiros sete meses de 2016, compara-
dos commesmo período antecedente, os va-
lores se recuperavam, mas a quantia vendida
indicava estabilidade, com pequena queda
(69 para 68,6 mil t), influindo alguns pro-
blemas com cancro cítrico em cargas para a
União Europeia (UE), principal compradora.
A esse respeito, foram reforçadas ações
de controle e prevenção no setor, que já
conta com sistema de gerenciamento do
processo. A questão sanitária inclusive pas-
sa por mudanças na legislação, em que a
área do limão busca um sistema de miti-
gação de risco, estabelecido entre os seto-
res privado e público, em lugar do modelo
de supressão vigente. Com isso, argumen-
ta o líder da associação dos produtores e
exportadores, a propriedade não é interdi-
tada e consegue trabalhar, a partir de cer-
tos cuidados, com que se compromete.
Para tanto, lembra a necessidade de
tempo para adaptação e ferramentas para
implantação e controle, mas considera que
não se pode perder tempo com mais estu-
dos e avaliações. “É caso de UTI, que exige
medidas decisivas”, afirma Castelucci. Enfa-
tiza ainda esforços existentes no setor para
valorizar padrões, adotar selos e aprimorar
processos, para que possam ser superados
problemas e confirmadas boas práticas e
perspectivas. Quanto ao futuro da atividade
e, em particular, das exportações do limão,
prevê ampliação em algum tempo e numa
direção “cada vez mais profissional, seletiva
e qualitativa”.
Segmentodo limão
experimenta ciclo
atípico e busca acertar
pontos importantes
para garantir um
desenvolvimento sólido
da cadeia produtiva
Na
certa
1...,35,36,37,38,39,40,41,42,43,44 46,47,48,49,50,51,52,53,54,55,...68
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