Anuário Brasileiro de Citros 2016 - page 51

Inor Ag. Assmann
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A tangerina – nome que faz referência
à origem árabe da espécie, chamada de "la-
ranja de Tânger", cidade litorânea e centro
comercial do extremo norte do Marrocos,
no continente africano – é prima da laran-
ja, mas se comporta como outras frutas de
clima temperado. Ou seja, seu cultivo exige
maior intervenção do produtor e requer nu-
trientes emmaior quantidade e qualidade.
Este perfil de produção é apontado
como um dos fatores que fazem com que
o cultivo tenha desempenho mais
contido no Brasil. De acordo com
o pesquisador Orlando Passos,
da Embrapa Mandioca e Fru-
ticultura, de Cruz das Almas
(BA), o Brasil tem
boa capacida-
de de ex-
Comaspectos
particulares emtodas
as etapas domanejo ao
consumo, as tangerinas
são as frutas cítricas
mais ajustadas ao
consumo
in natura
A
pansão neste tipo de cultivo. “Temos de-
manda e áreas para desenvolvimento. Isto
é o principal. De todas as frutas cítricas,
nenhuma é mais ajustada ao consumo
in
natura
do que a tangerina. E hoje impor-
tamos o produto, principalmente da Espa-
nha e do Uruguai”, refere.
Os últimos dados disponíveis sobre a
produção nacional são de 2014, num le-
vantamento feito pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo
a pesquisa, que serve como referência para
a conjuntura atual, a região Sudeste respon-
de por 57,92% da produção nacional, com
quase 560mil toneladas, cultivadas emmais
de 21 mil hectares. A produtividade, de 26
toneladas por hectare no Sudeste, é mui-
to superior à da região Sul, por exemplo,
onde se alcança, em média, 14 toneladas
por hectare. No total, o Brasil produz cerca
de 960 mil toneladas de tangerinas por sa-
fra, em quase 50 mil hectares.
Passos ressalta que a qualidade da tange-
rina está diretamente vinculada a dois fato-
res: altitude e latitude. “É uma cultura que
requer clima especial. Alta altitude colabo-
ra para coloração dos frutos. E quanto mais
horas de frio, melhor. Por isto, algumas re-
giões com boa latitude, como Santa Catari-
na, Paraná e Rio Grande do Sul, apresentam
frutas de excelente qualidade, assim como
na Chapada Diamantina”, enfatiza. O ma-
nejo da planta, mais de-
licado do que a
laranja,
e x i g e
desbas-
te, poda e
raleio. A planta também é muito sensível a
fungos, o que exige tratamento impecável
para conseguir qualidade de produção.
A variedade ponkan é a principal es-
trela do mercado nacional, com cerca
de 50% da comercialização. Depois apa-
recem outras variedades, como a Mon-
tenegrina (da forte região produtora de
Montenegro, no Rio Grande do Sul), de
ciclo tardio, mais comum na região Sul,
e a Murgott. Entre os especialistas há o
consenso de que o pós-colheita é o gran-
de gargalo da produção nacional. Por ser
extremamente perecível, a tangerina so-
fre com beneficiamento, transporte e em-
balagens, o que não garante fruta vistosa
nas gôndolas de supermercado.
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