Ainda
semclima
Ambientes climático e econômico afetam a produção brasileira de hortaliças,
que, apesar de seu apelo favorável, vem apresentando retração
O clima, em tese, está a favor, tendo em
conta que as hortaliças, por sua natureza,
trazem apelo à saúde e ao consumo. Mas as
reais condições climáticas para o seu cultivo
não têm sido adequadas nos últimos anos e,
em paralelo, as econômicas e conjunturais
não vêm favorecendo, o que afeta a produ-
ção do setor no Brasil. A área dedicada para
o cultivo sofre contínuas reduções e os volu-
mes produzidos também são atingidos, em-
bora a produtividade, com o uso de mais
tecnologia, ainda tenha registrado avanços
ao considerar períodos um pouco maiores.
O último dado apresentado pela Embra-
pa Hortaliças, com base em números já ofi-
cializados de 2014, indica diminuição do es-
paço cultivado de 32 produtos em relação a
dois anos anteriores e inclusive menor pro-
dução em comparação a 2013. Mas o rendi-
mento físico por área evoluiu nos dois anos,
passando de 23,5 para 24,3 toneladas por
hectare. Situação semelhante é verificada
na mandioca, cultura de grande expressão
e considerada como um produto olerícola
na presente publicação, tanto no seu desti-
no para mesa quanto no viés industrial.
Previsões mensais do chamado Levan-
tamento Sistemático de Produção Agrícola
(LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), sobre alguns produtos do
setor mostram, da mesma forma, reduções
de área e produção em 2015 e 2016, com al-
guma recuperação neste último. Um recuo
de 0,47% levantou, por sua vez, o Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea), da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq), na Universidade de
São Paulo (USP), nas maiores regiões de cul-
tivo de tomate, batata, cebola, cenoura e fo-
lhosas, entre 2014 e 2015, indicando influ-
ências de clima, estoques e economia.
Os pesquisadores Waldemar Pires de Ca-
margo Filho e Felipe Pires de Camargo, do
Instituto de Economia Agrícola (IEA), de São
Paulo, comentam a respeito que “os anos de
2012, 2013 e 2014 tiveram intempéries cli-
máticas e preços fora dos padrões normais”.
No entanto, ressalvam, “a crise hídrica e o
abastecimento deram sinais de melhora na
primavera de 2015”. Diante dos problemas
ocorridos neste plano, enfatizam que “seria
plausível que cada Estado das grandes regi-
ões produtoras fizesse um plano de metas e
a sociedade civil se mobilizasse para cobrar
consultas técnicas e investimentos que trou-
xessem as melhorias desejadas”.
Necessidade de mudanças e avanços
diante da instabilidade de oferta já foi sa-
lientada no
Anuário Brasileiro de Hortali-
ças 2015
por um especialista na área, Paulo
César Tavares de Melo, professor da Esalq.
Apontou a imperiosidade de, com novas for-
mas, produzir cada vez mais com menos e
resolver problemas organizacionais. O seg-
mento passa a contar commais organizações
e, na sua Câmara Setorial, conforme o coor-
denador, Waldir de Lemos, luta para que me-
lhore o clima no tratamento inadequado re-
cebido em relação à sanidade dos produtos,
o que afeta os produtores. Ele quer “um bas-
ta a inverdades que são disseminadas”, com
o devido respeito e a valorização ao “setor
que alimenta a população”.
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Realidade apurada com 32 produtos (os principais: tomate,
batata inglesa e doce, cebola, cenoura e alho, melancia e melão)
Quadro mais recente de seis produtos (incluindo mandioca,
além de tomate, batata inglesa, cebola, alho e pimenta do reino)
A OLERICULTURA NO BRASIL
Olericulture in Brazil
Fonte:
IBGE e Embrapa Hortaliças (Nirlene Junqueira Vilela).
Fonte:
IBGE/LSPA, fevereiro de 2016.
Fonte:
IBGE.
Mandioca
Ano
Área (mil ha)
Produção (mil t)
2012
800
18.770
2014
772
18.788
2014
1.859
33.017
2016
1.791
31.693
2012
1.693
23.045
2014
1.568
23.242