Podia
sermais
Produção brasileira de 525,8 mil toneladas de batata-doce é baixa em
relação ao potencial que a planta possui como alimento e matéria-prima
As principais
MAINVEGETABLES
Batata-doce
sweet potato
No Brasil, ainda não é explorado todo
o potencial que a batata-doce possui como
alimento e matéria-prima para a elabora-
ção de outros produtos. A colheita foi de
525,8 mil toneladas em 2014, com 20,5
mil toneladas a mais do que no ano an-
terior, de acordo com a pesquisa Produ-
ção Agrícola Municipal (PAM), do Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A área colhida passou de 39,3 mil
hectares em 2013 para 39,7 mil hectares
no ano seguinte. A produtividade média,
que havia sido de 13 mil toneladas, evo-
luiu para 13,2 mil toneladas em 2014.
“Considerando-se o potencial das novas
cultivares, a produção atual de batata-doce
ainda é muito baixa no Brasil”, avalia o en-
genheiro agrônomo Luis Antonio Suita de
Castro, pesquisador da Embrapa Clima Tem-
perado, de Pelotas (RS). Em sua opinião, o
sistema de produção precisa melhorar, aper-
feiçoando as práticas agrícolas, como ade-
quado preparo do solo, adubação, utilização
de mudas de alta sanidade, uso de cultivar
registrada, mecanização da lavoura, proces-
so e armazenamento pós-colheita.
Conforme Castro, o aumento de pro-
dutividade deve-se, em parte, às novas cul-
tivares desenvolvidas pela Embrapa nos úl-
timos cinco anos. Além disso, incentivou-se
o uso de mudas de alta sanidade produzi-
das e comercializadas por viveiristas inscri-
tos no Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa). Em 2015, dois vi-
veiros credenciados e acompanhados pela
Embrapa disponibilizaram aos produtores
cerca de 130 mil mudas matrizes, as quais
podem ser multiplicadas, produzindo até
900 novas mudas por unidade.
O consumo das raízes pela população
é a principal utilização da batata-doce. Ra-
ramente são exploradas outras variações,
como a utilização das ramas na alimenta-
ção, a elaboração de
chips
, granulados e fa-
rinhas biofortificadas. Também é possível
expandir o mercado de etanol, a produção
de álcool fino farmacêutico e a fabricação
de ração animal. “Para todos estes segmen-
tos, existem tecnologias e matérias-primas
disponíveis, necessitando que os diferentes
setores sejam acionados para colocar as li-
nhas de produção em funcionamento”, afir-
ma Castro. Países como a China utilizam em
torno de 30% de farinha de batata-doce na
elaboração de pães.
Para Castro, o cenário atual deve me-
lhorar devido ao processo de estruturação
a que a cultura vem sendo submetida. Cita,
como exemplo, as novas cultivares da hor-
taliça que estão sendo desenvolvidas para
cultivo com adaptação a várias regiões do
Brasil. A implantação de normas para a pro-
dução de mudas com elevados padrões téc-
nicos e a seleção de produtores de mudas
matrizes de alta sanidade credenciados no
Mapa são outras medidas. A expectativa é de
que a cultura avance cada vez mais, por ser
ser planta que apresenta aproveitamento in-
tegral, rusticidade, cultivo quase sem agrotó-
xicos, grande valor agregado e implantação
da lavoura relativamente menor, por exigir
menos insumos e mão de obra.
AUMENTO DA PROCURA
Os plantios de batata-doce estão sendo impulsionados devido à valorização do preço no mercado, à boa qualidade do produto e ao ape-
lo dos consumidores por alimentos saudáveis. “A população brasileira está sendo conscientizada dos benefícios advindos do consumo de
batata-doce, fato que tem permitido sua utilização frequente na alimentação”, observa o agrônomo Luis Antonio Suita de Castro, da Embra-
pa Clima Temperado. A comercialização no mercado interno tornou-se mais lucrativa em função do aumento da procura pelo produto. Tan-
to que a exportação de 1.829.410 quilos em 2015 apresentou queda de 31,2% em relação ao volume enviado no ano anterior, de acordo com
dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e comércio Exterior (MDIC).
37