Anuário Brasileiro de Hortaliças 2016 - page 35

Assim
não dá
Mais de 3 milhões de toneladas de batata são produzidas por ano no Brasil,
com maior participação dos estados das regiões Sudeste e Sul
As principais
MAINVEGETABLES
O clima adverso prejudicou o desempe-
nho da bataticultura brasileira ao longo de
2015. Por ano, a área plantada com a hor-
taliça varia de 100 mil a 105 mil hectares. A
produção total alterna-se entre 2,7 a 3,3 mi-
lhões de toneladas. Por hectare, obtém-se
a média de 29 toneladas de batatas. O en-
genheiro agrônomo Paulo Popp, consultor
agrícola de Curitiba (PR), explica que esses
números são mais realistas em relação ao
setor e se baseiam em fontes mais precisas.
Para 2015, resultados superiores a 125 mil
hectares e 3,6 milhões de toneladas foram
apontados pelo Levantamento Sistemático
da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme Popp, a área ocupada pela
hortaliça teve redução entre 2% e 3% em
2015. A produtividade foi muito mais bai-
xa em todas as regiões e épocas devido às
condições climáticas desfavoráveis. O im-
pacto mais negativo foi o do
El Niño
, que
provocou excesso e concentração de chu-
vas e até de seca em algumas regiões pro-
dutoras, além da elevação das temperatu-
ras em todo o Brasil. “As chuvas em excesso
provocaram o apodrecimento de sementes
no campo, restringiram o desenvolvimento
de plantas e facilitaram o aumento de fun-
gos”, explica o consultor. Ainda faltou água
para a irrigação, o que já vinha ocorren-
do em 2014. O bom rendimento da planta
também depende da qualidade e da sani-
dade da semente utilizada.
“O ano de 2015 foi muito difícil para a
cadeia produtiva da batata e isso acabou
se refletindo na alta dos preços”, destaca
Popp. As regiões Sudeste e Sul são as prin-
cipais produtoras da hortaliça. Os princi-
pais estados produtores são Minas Gerais
(mais de 1 milhão de toneladas), Paraná,
São Paulo e Rio Grande do Sul. Os resul-
tados financeiros foram muito bons para
aqueles produtores que não tiveram as la-
vouras tão afetadas pelos efeitos do
El Niño
.
“Não é à toa que a batata foi um dos produ-
tos vilões da inflação, que ultimamente pre-
judica toda a economia do País”, relata.
Para 2016, a expectativa é de que o
plantio seja similar ao do ano anterior, ou
um pouco maior. “Os altos preços pratica-
dos em 2015 podem estimular os produ-
tores a ampliarem suas áreas”, ressalta. In-
clusive, a procura por semente foi maior
nos primeiros meses do ano.
Por outro lado, Popp alerta que os cus-
tos de produção encareceram muito em
2015, e devem ser ainda mais altos em
2016. A alta do dólar, da energia para a ir-
rigação, do combustível e da inflação for-
çou bastante os gastos para produzir a
hortaliça. “Apenas produtores mais capi-
talizados poderão garantir alguma amplia-
ção de área”, avalia. A demanda de batata
para o processamento, mais para a produ-
ção de
chips
e de batata palha, está reduzi-
da desde 2014. Grandes processadores di-
minuíram os contratos e alguns pequenos
estão deixando a atividade.
Batata
POTATO
EFEITOS NO CONSUMO
O consumo interno de batata diminuiu em 2015 devido à alta dos preços ao consumidor. O consultor Paulo Popp relata que, em determina-
dos mercados, a batata chegou a custar R$ 10,00 pelo quilo, sendo que o preço médio raramente caiu a menos de R$ 5,00 pelo quilo. “O produ-
tor não pode ser considerado o culpado disto. A produção caiu na mesma proporção do consumo”, afirma. Certamente, o arroz, a mandioca e
a batata-doce ocuparam o espaço da batata na mesa do brasileiro em 2015. A crise econômica afetou mais a batata
chips
e palha. A pré-fritas
apresentou pequena retração. Porém, a frita congelada teve desempenho satisfatório em importação e na produção local.
O Brasil mais importa do que exporta batatas. As compras externas totalizaram 311,35 mil toneladas do produto em 2015, de acordo com
os dados da Secretaria de Comércio e Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Segundo Pau-
lo Popp, as indústrias brasileiras buscaram batata
in natura
na Argentina e na Holanda em 2015. Em 2016, será maior a importação de batata
semente e o volume do produto congelado pré-frito deve se manter igual ou superior ao do ano anterior.
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