É o que
réstia
Nas plantações distribuídas por 12 estados brasileiros foram colhidas 1,461
milhão de toneladas de cebola em 2015, com área de cultivo de 56,7 mil hectares
As principais
MAINVEGETABLES
Doze estados concentram a produ-
ção de cebolas do Brasil. A colheita somou
1,461 milhão de toneladas em 2015, em
área de 56,7 mil hectares, conforme o Le-
vantamento Sistemático da Produção Agrí-
cola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Ge-
ografia e Estatística (IBGE). Em relação a
2014, a produção apresentou acréscimo de
121 mil toneladas, de acordo com o IBGE.
Enquanto a área plantada diminuiu 1,4 mil
hectares, a produtividade média (25,7 t/ha)
aumentou 2,1 toneladas por hectare.
O Estado de Santa Catarina encabeça a
lista dos maiores cebolicultores do País, com
a produção de quase 427 mil toneladas em
2015. O segundo e o terceiro maiores volu-
mes, de 261,6 mil toneladas e 195,5 mil to-
neladas, foram obtidos na Bahia e em Minas
Gerais, respectivamente. Em ordem decres-
cente figuramos estados de São Paulo (154,2
mil toneladas), Rio Grande do Sul (147,4 mil
toneladas) e Paraná (128,9 mil toneladas).
O clima e a importação foram as princi-
pais interferências sofridas pelo setor des-
sa hortaliça em 2015. “As condições climáti-
cas não foram favoráveis para os estados da
região Sul”, destaca o engenheiro agrôno-
mo Daniel Schmitt, da Empresa de Pesqui-
sa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina (Epagri). As safras dos estados de
Santa Catarina e do Rio Grande do Sul fo-
ram prejudicadas pelo inverno mais quente
e pelo excesso de chuvas na primavera. Nas
demais regiões, a produção manteve-se es-
tabilizada. No Nordeste, as maiores dificul-
dades envolveram a falta de água, em parti-
cular no Vale do São Francisco.
O agrônomo explica que nem sempre o
total colhido corresponde ao comercializa-
do pelos produtores. O IBGE avalia apenas
a produção retirada da lavoura. No caso dos
estados do Sul, que colhem no final da pri-
mavera e armazenamdurante o verão para es-
calonar a venda, as perdas na pós-colheita são
muito elevadas em alguns anos. “Assim, o vo-
lume da colheita pode ser alto,mas a venda, às
vezes, é bemmenor”, observa. Isso aconteceu
nas últimas duas safras, principalmente no ci-
clo 2015/16. De acordo com Schmitt, as per-
das no pós-colheita em Santa Catarina devem
ter ficado em cerca de 50% em 2015.
BOA RENDA
As expectativas são de
colheitas mais favoráveis em 2016. Nos últi-
mos anos, os preços no mercado brasileiro
têm se mantido relativamente altos. As que-
bras das safras diminuíram a oferta e estimula-
ram a importação. “As importações caem com
as colheitas normais”, relata Daniel Schmitt,
da Epagri. Em sua avaliação, a rentabilidade
para o produtor está sendo satisfatória. Ape-
sar de o custo ser muito variável, a média fi-
cou entre R$ 0,60 e R$ 0,70 por quilo de
cebola produzida. “Como os preços estão
acima de R$ 1,00 por quilo há vários me-
ses, a rentabilidade está garantida”, assinala.
No entanto, a dificuldade tem sido produ-
zir bulbos de qualidade que atendam às exi-
gências do consumidor nacional.
Praticamente toda a produção de cebo-
la do País é destinada ao mercado interno.
O consumo está estimado em seis quilos da
hortaliça por habitante ao ano. Nas últimas
décadas, o Brasil tornou-se um grande im-
portador de cebola, com as compras chegan-
do a 200 mil toneladas. Os maiores fornece-
dores são Holanda, Argentina e Espanha.
A importação de cebolas (274,6 mil to-
neladas) foi recorde em 2015, conforme
mostram os dados da Secretaria de Comér-
cio Exterior (Secex), do Ministério do Desen-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC). Conforme Schmitt, a alta foi motiva-
da pela quebra da safra sulina. “A consequên-
cia é o desestímulo dos produtores, em espe-
cial doRioGrandedoSul ede SantaCatarina”,
avalia. Muitos produtores estão abandonan-
do o cultivo em virtude da dificuldade para
contratar mão de obra, além do aumento no
custo de produção em 2016.
DOIS PERFIS
Aprodução de cebolas envolve pequenos emédios produtores noSul eNordeste e grandes produtores comescala empresarial emSãoPaulo e noCer-
rado. As regiões tambémdiferemem relação ao uso de tecnologias. Nas lavouras do Sul são plantadas variedades tradicionais de polinização aberta e de
ciclomais longo, de até 170 dias. No Cerrado, emSão Paulo e emparte do Nordeste, a opção é pelas híbridas de ciclomais curto (120 a 130 dias).
O agrônomo Daniel Schmitt, da Epagri, esclarece que o cultivo no cerrado é feito comsemeadura direta, variedades híbridas e irrigação de pivô central.
“Nesta região, como a luminosidade é alta, os rendimentos podemalcançar a até 100 toneladas por hectare”, ressalta. Já no Sul, poucos produtores usam
irrigação, e o clima émais frio e úmido, o que aumenta a incidência de doenças. Alémdisso, os híbridos não se adaptambema estas condições; comvarie-
dades tradicionais emenor luminosidade, a produtividade raramente passa de 50 toneladas por hectare.
Cebola
ONION
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