Usando
a cabeça
Produção brasileira de alho foi de 116,7 mil toneladas em 2015, volume
superior ao do ano anterior, mas insuficiente para o abastecimento interno
A chegada do alho chinês no Brasil pro-
vocou recuo na área plantada pelos brasilei-
ros, mas, em compensação, estimulou a bus-
ca por melhores índices de produtividade. A
produção nacional somou 116,7 mil tonela-
das de alho em 2015, superando o resultado
de 93,8 mil toneladas do ano anterior, con-
forme dados do Levantamento Sistemático
da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A produtividade média chegou a 11 to-
neladas por hectare em 2015, superando
a média de 9,7 toneladas do ano anterior.
A área colhida foi de quase 10,6 mil hecta-
res, muito próxima da média de 10,5 mil
hectares verificada nos últimos cinco anos.
Para 2016, o levantamento do IBGE proje-
ta safra menor em volume (-23,35%), área
(-18,08%) e produtividade (-6,43%).
Essa hortaliça já chegou a ocupar 18 mil
hectares em 1993. Porém, a área foi sendo
reduzida com a entrada do alho chinês. A
concorrência do produto asiático provocou
redução da área plantada, mas também ser-
viu de estímulo para os produtores brasilei-
ros duplicarem e até triplicarem a produti-
vidade, observa o engenheiro agrônomo
Marco Antônio Lucini, diretor de Honra da
Associação Nacional dos Produtores de Alho
(Anapa). Produtividades médias superiores
a 14 toneladas por hectare são obtidas nos
estados de Goiás e de Minas Gerais.
De acordo com o IBGE, em 2015, os
principais estados produtores de alho foram
Minas Gerais (36,02 mil toneladas), Goiás
(33,24 mil toneladas), Santa Catarina (19,01
mil toneladas) e Rio Grande do Sul (15,97
mil toneladas). Considerando-se a área co-
lhida, a posição se altera, com Goiás apre-
sentando área de 2.228 hectares, menor do
que a de Santa Catarina (2.262 hectares). A
hortaliça é cultivada em 6 mil propriedades,
conforme a Anapa. Na atualidade, cerca de
50% da produção nacional de alho é obtida
em áreas irrigadas por pivô central.
Conforme Lucini, o clima favorável, com
noites frias, contribuiu para as regiões do
Centro-Oeste e do Sudeste produziremmais
em 2015. Além do maior valor FOB do alho
chinês, a partir de julho de 2015, a qualida-
de do alho do Cerrado foi importante para
que os preços pagos aos produtores fossem
superiores aos da safra anterior. “No segun-
do semestre de 2015, o produto foi comer-
cializado a valor entre R$ 3,00 e R$ 6,00 aci-
ma do tamanho (da classe), dependendo
das malhas da classificação, da embalagem e
do preparo do mesmo”, destaca.
Na região Sul, o plantio do alho ocor-
reu nos meses de maio a julho e a colhei-
ta em novembro e dezembro de 2015. Lu-
cini diz que a produtividade e a qualidade
do produto foram inferiores às da safra de
2014, em decorrência do inverno pouco frio
e da primavera chuvosa (fenômeno
El Niño
muito forte). Porém, o alho tardio apresen-
tou qualidade um pouco melhor, similar ao
colhido em 2014. “Essa produção foi comer-
cializada até junho de 2016, e a menor pro-
dutividade e a qualidade média foram com-
pensadas commelhores preços em relação à
oferta do ano anterior”, explica.
Alho
garlic
DEPENDÊNCIA
A produção brasileira não é suficiente para atender ao mercado interno. Nas últimas décadas, o consumo nacional acompanhou o crescimen-
to econômico e está estável há dois anos, com a média de 1,4 quilo de alho por habitante ao ano. O diretor de Honra da Anapa aponta que o consu-
mo aparente foi de 287,134 mil toneladas em 2015. A importação totalizou 161,7 mil toneladas, de acordo com dados da Secretaria de Comércio
Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O produto vindo da China respondeu por 34% do consu-
mo e o da Argentina por 18%. A participação do importado da Espanha foi de 4%. “Em 10 anos, dobrou o volume médio importado”, destaca Lucini.
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