As principais
MAINVEGETABLES
Cenoura
CARROT
Oque é que há,
velhinho?
Produção brasileira de 780,6 mil toneladas de cenouras foi favorecida pelo
desenvolvimento de cultivares para o verão e pelas novas tecnologias
Mais da metade da produção brasileira de
cenouras é colhida emMinas Gerais. A colhei-
ta mineira contribuiu com 394 mil toneladas
das 780,6 mil toneladas produzidas no Brasil
em2014, de acordo coma pesquisa Produção
AgrícolaMunicipal (PAM), do InstitutoBrasilei-
ro de Geografia e Estatística (IBGE). No País,
a hortaliça ocupou área total de 23,1 mil hec-
tares, sendo que, destes, 8,4 mil hectares fo-
ramplantados em territóriomineiro. A produ-
tividade média nacional foi estimada em 33,8
toneladas por hectare, inferior às quase 47 to-
neladas obtidas naquele Estado. Também são
produtores importantes da hortaliça os esta-
dos de Goiás, Bahia e Rio Grande do Sul.
O pesquisador Agnaldo Carvalho, da Em-
brapa Hortaliças, de Brasília (DF), aponta que
o rendimentomédio hoje émais do que o do-
bro das 14 ou 15 toneladas de cenoura que se
colhia por hectare no início dos anos 80. Vá-
rios fatores contribuíram para essa evolução.
“Odesenvolvimento de cultivares que possibi-
litamo plantio de cenoura no verão foi funda-
mental para o aumento da produtividade mé-
dia durante o ano e a expansão da hortaliça
para outras regiões agrícolas”, destaca. Antes,
oplantioera concentradonas regiões Sul e Su-
deste, noperíodo de inverno. As novas cultiva-
res possibilitaram o cultivo no verão e o des-
locamento da produção para outras regiões,
como São Gotardo (MG) e Irecê (BA).
Conforme Carvalho, a profissionalização
dos horticultores foi decisiva para o acréscimo
de toneladas por hectare. O solo do Cerrado
não apresentava as mesmas condições de fer-
tilidade natural das lavouras do Sul e do Su-
deste. Isso exigiu que os produtores domi-
nassemas técnicas de calageme de adubação
da região. Além disso, a topografia plana fa-
voreceu amecanização da cultura. Opreparo
do solo com máquinas de grande porte e o
plantio mecanizado commáquinas pneumá-
ticas e, recentemente, de alta precisão pro-
porcionaram maior velocidade na operação
de plantio, com menor gasto de sementes e
redução dos trabalhos de raleio. Ainda, o uso
de pivô central permitiu o plantio de grandes
áreas com irrigação uniforme. Por último, as
cultivares híbridas de verão substituíramqua-
se na totalidade o uso de cultivares de polini-
zação livre em regiões que empregam gran-
de quantidade de insumos.
De acordo com o pesquisador, os maio-
res problemas na cultura da cenoura estão
relacionados com a rápida deterioração do
solo, devido ao preparo frequente com má-
quinas que pulverizam a terra, caso de en-
xadas rotativas ou colheita mecanizada em
dias de chuva. Os plantios consecutivos de
cenoura ou de culturas em sucessão que so-
frem com as mesmas doenças, principalmen-
te nematoides-das-galhas, favorecem a ocor-
rência de acúmulo de doenças. Os custos de
produção aumentaram devido aos maiores
níveis de tecnologias adotados. “A concentra-
ção do cultivo na mão de grandes grupos ou
empresários rurais faz com que apenas pro-
dutores comgrande escala de produção con-
sigam se manter na atividade”, observa.
CONCENTRAÇÃO
O principal Estado produtor, Minas Gerais, concentra grande parte do cultivo na região Alto Paranaíba, que, com área de 7,1 mil hectares, obte-
ve 345,5 mil toneladas em 2014, conforme o IBGE. Na região que compreende São Gotardo, Rio Paranaíba, Campos Altos, Matutina e Tiros, a área
plantada variou entre 4,5 mil e 5 mil hectares em 2015, conforme o agrônomo Marco Antônio Carvalho da Costa, da Empresa de Assistência Técni-
ca e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater/MG). Nestes municípios, a produtividade média oscilou entre 38 e 44 toneladas por hectare.
A previsão é de que a área cultivada mantenha-se entre 4 e 5 mil hectares em 2016. “Os fatores que contribuem para a região obter produtivi-
dade muito superior à da média nacional são altitude (entre 1.000 e 1.200 metros), clima favorável e uso de alta tecnologia”, destaca Costa. A pro-
dução é destinada às centrais de abastecimento de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Em 2015, o preço médio pago ao produtor foi de R$
30,00 pela caixa de 22 quilos de cenouras. “Estamos falando de valor médio, ou seja, há situações de preços inferiores aos pagos pela caixa de 22
quilos”, frisa. O custo para produzir um hectare totalizou de R$ 20 mil a R$ 25 mil. Na região atuam de 60 a 80 produtores de cenouras. Hoje, devi-
do à alta do dólar e ao custo de produção (sementes, adubos e defensivos), há muitos desafios para os horticultores.
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