Produçãocatarinense
Na safra 2015/16, segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), ha-
via 42.530 famílias produtoras de tabaco emSanta Catarina, totalizando 45.150 estufas. Em
área, a produção atingiu 84.710 hectares, com 168.161 toneladas colhidas e média produ-
tiva de 1.985 quilos por hectare. Na etapa 2016/17, a projeção é de que os números se am-
pliem de forma considerável, a começar pela quantidade de famílias ligadas à atividade,
que deve chegar a 45.150. A área produtiva estimada é de 92.830 hectares, com produção
de 208.268 toneladas emédia de 2.244 quilos por hectare.
De acordo com o gerente técnico da Afubra, Paulo Vicente Ogliari, no Litoral catarinen-
se os módulos produtivos sãomaiores, ultrapassando a 100 mil pés por produtor, enquan-
to no restante de Santa Catarina e nos demais estados do Sul a média fica em cerca de 30
mil pés por produtor. “A área de propriedade disponível para oplantiode tabaco émaior na
Costa e os terrenos são mais planos e mecanizáveis, o que reduz a necessidade de mão de
obra, hoje tão difícil no campo”, explica. Além disso, destaca as condições climáticas favo-
ráveis, compouca incidência de geada, o que permite a condução de duas safras por ano.
A
produção de tabaco na região Sul do Brasil envolve mais de
144mil famílias produtoras no Rio Grande do Sul, emSanta
Catarina e no Paraná. Embora a maioria das unidades seja
de pequeno porte e essencialmente familiar, algumas pro-
priedades são consideradas gigantes da fumicultura. No Li-
toral catarinense, o produtor Filipe Francisco, de apenas 29 anos, ultra-
passa a marca de 1 milhão de pés cultivados. Em área de 60 hectares na
localidade de Arroio Corrente, no interior do município de Jaguaruna,
ele conduz seus negócios e projeta crescer ainda mais.
A vocação para o cultivo de tabaco tipo Virgínia vem de berço. Come-
çou com o avô paterno, ainda na década de 1980. Hoje, o pai Otávio Oli-
veira Francisco é um dos incentivadores e braço-direito do jovem empre-
endedor. “O tabaco é tudo emminha vida. Não saberia viver sem plantar
essa cultura”, garante. Na propriedade, a rotina é de umamicroempresa e
os números são grandiosos. Comduas safras por ano, a produção é supe-
rior a 150 toneladas de tabaco, cerca de 10 mil arrobas. O ciclo tradicional
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vai de julho a dezembro, enquanto a safrinha se estende demarço a outubro.
Conforme Francisco, para dar conta do trabalho é preciso uma equipe reforçada. Amédia é de 10 fun-
cionários fixos durante o ano, mas em época de colheita a marca ultrapassa a 25 pessoas. “Temos alo-
jamento, refeitório e uniformes para o serviço. Nos finais de semana, todos vão para casa ficar com suas
famílias”, explica. Outros indicadores que também impressionam na propriedade referem-se à infraes-
trutura: são 100 canteiros para produção de mudas e 16 estufas, com 280 grampos cada. A cura das fo-
lhas consome em torno de 1.200 metros de lenha todos os anos.
Commédia produtiva de 2.200 quilos de tabaco por hectare, o produtor lamenta a quebra na safrinha
de 2016, provocada por uma sequência de intempéries climáticas: primeiro foi a rara geada, emmeados
de junho, e depois a estiagem de cerca de 40 dias entre os meses de setembro e outubro. “No montante
das duas safras, devemos produzir 10 toneladas amenos em2016”, diz. A retração não tira o entusiasmo
do produtor, que aposta em expansão tecnológica na atividade para ampliar suas lavouras.
Hoje, a propriedade, que fica a poucosmetros da praia, já aproveita amecanização emdiferentes etapas
doprocesso. O terrenoplano facilita autilizaçãode tratores e implementos, comoopulverizador para a apli-
caçãodedefensivos nas lavouras. Alémdisso, oprodutor realizaoplantio e a colheita commáquinas desen-
volvidas por umtio, que funcionamacopladas ao trator e facilitamomanejo – na colheitadeira, os trabalha-
dores ficamsentados e à sombra. “Amão de obra está escassa emuito cara. Por isso, meu sonho é viabilizar
a colheita 100%mecanizada. Tecnologia para isso já existe, basta chegar ao Brasil”, comenta.
n
Inor Ag. Assmann
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