Diagnóstico x Prognóstico
A
Emater-RS/Ascar sempre traba-
lhou como princípio de que não
existe resultado no campo sem
gestão. E cerca de 90 proprieda-
des familiares da região de Frederico Wes-
tphalen, no Noroeste gaúcho, comprovam
essa máxima. Com um acompanhamento
detalhado das atividades e dos sistemas de
produção, os extensionistas estão orientan-
do as famílias nas tomadas de decisão em
assuntos importantes a fim de definir os ru-
mos da pripriedade.
A ideia surgiu em 2014, a partir de um
trabalho realizado junto a cooperativas. Os
bons resultados credenciaram a proposta
a uma adaptação para atendimentos indi-
viduais, em 42 municípios. “A intenção é
gerar instrumentos e conhecimento para
monitorar, avaliar e projetar sistemas de
produção, contemplando as principais ati-
vidades econômicas desenvolvidas na re-
gião”, explica Valdir Sangaletti, assistente
técnico regional de sistemas de produção
animal da Emater-RS/Ascar.
O pragmatismo é a tônica do sistema
de trabalho, que tem na eficiência técnica
e no desenvolvimento econômico conse-
quências naturais. A partir daí, o aumento
da renda se reverte em qualidade de vida
às famílias que, motivadas, aprimoram
e ampliam o trabalho de gestão, criando
instrumentos de controle, fundamentais
na composição do custo de produção ou
mesmo na precificação do que é negociado
pela família.
Para um resultado mais amplo, profis-
sionais de ciências agrárias e sociais atu-
am em conjunto, visitando as famílias. “É
preciso respeitar particularidades, hábitos
e costumes. Em alguns casos, as mudanças
acontecem rapidamente. Em outros, o tra-
balho é mais lento. O mais interessante de
tudo isto é o pacto que acontece entre os
extensionistas e as famílias. A relação é de
confiança plena”, completa Sangaletti.
No Noroeste
Gaúcho, a
proximidade entre
produtores e
extensionistas tem
feito a diferença
nos resultados
A primeira etapa do trabalho é o preenchimento de um
formulário com o diagnóstico social, econômico e ambiental da
propriedade. Então são introduzidas planilhas técnicas e econô-
micas, que ajudam as famílias a conhecer seus processos, me-
dir a evolução e planejar ações de curto, médio e longo prazos.
O minifúndio da família Bandieira, em Vista Alegre, é um
exemplo deste trabalho. Tornou-se uma Unidade de Referên-
cia ao alcançar resultados expressivos na atividade leiteira a
partir do trabalho desenvolvido junto com a Emater-RS/Ascar.
A propriedade totaliza 18 hectares e é comandada por Iraci e
a esposa. Ele foi o único dos 14 irmãos a permanecer na gleba
herdada dos antepassados. Mesmo com mais da metade da
área destinada à preservação, o casal consegue diversificar o
que produz, com pecuária leiteira, crechário de suínos e ou-
tras atividades que complementam a renda.
O técnico Josimar Bellegante é um dos que atende a pro-
priedade. Ele conta que a disposição da família em investir
na produção de leite foi a base para o trabalho. Após as
avaliações e os cálculos, foram implantados 4,3 hectares de
pastagem permanente e, em seguida, foi construído o sis-
tema de irrigação com o programa Mais Água Mais Ren-
da, do governo estadual, que contemplou toda esta área de
pastagem. “Com essas mudanças, começamos a notar as
diferenças na atividade. Os resultados econômicos, sociais
e ambientais da propriedade se elevaram. É papel do ex-
tensionista não só o acompanhamento técnico mas também
facilitar o acesso às políticas públicas destinadas ao homem
do campo”, enfatiza Bellegante.
Para a euforia dos Bandieira, a produção média triplicou.
Dos três mil litros mensais, houve salto para nove mil, sem
modificação no plantel, apenas com a melhora da alimenta-
ção dos animais e algumas alterações no manejo das pasta-
gens. “Antes, era tudo feito a grosso modo. Íamos fazendo de
qualquer jeito, sem saber se sobrava, se dava dinheiro. Hoje,
sabemos quais atividades rendem mais e quais não. A gente
ainda peca em algumas coisas, mas a propriedade sustenta
a família e garante os investimentos, que sempre são feitos
com assistência técnica”, explica Iraci, eufórico, ressaltando
que todas as decisões são tomadas junto com a esposa, de-
pois de muita conversa.
Gestão:
o segredo
do negócio
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JORNAL DA
EMATER
AGOSTO de 2016
