EDITORIAIS
Tarcísio José Minetto
– Secretário
de Estado do Desenvolvimento Rural,
Pesca e Cooperativismo
Clair Tomé Kuhn
– Presidente da
Emater/RS e superintendente geral
da Ascar
P
ara o setor agro gaúcho, tudo indi-
ca que 2017 será um ano melhor,
com boa safra e preços razoáveis
para grande parte dos agricultores.
A safra do ciclo 2016-17 será recorde, su-
perior a 33 milhões de toneladas de grãos.
Isso sem falar nos demais segmentos pro-
dutivos, como os de proteína animal, hor-
tigranjeiros, frutas e o setor de uva e vinho,
entre outros. O governo do Estado acredita
e aposta no agro, razão pela qual mantém
convênio com a Emater/RS-Ascar para ofe-
recer assistência técnica e extensão rural e
apoiar, especialmente, os agricultores fa-
miliares na melhoria da produção, gerando
ganhos de produtividade e renda.
O agro tem uma contribuição forte para
o crescimento do PIB gaúcho. Para a maio-
ria dos municípios, o setor responde por
mais da metade das riquezas produzidas.
A performance é resultado de investimen-
to em ciência e tecnologia, inovação e,
principalmente, da ousadia de nossos agri-
cultores. Se até a década de 1970 a expan-
são agrícola gaúcha e brasileira se deu com
a incorporação de novas áreas, atualmente
é fundamentada em ganhos de produtivi-
dade e igualmente na preocupação com a
sustentabilidade.
Neste cenário, a Secretaria do Desen-
volvimento Rural, Pesca e Cooperativismo
(SDR) mantém uma série de políticas para
todos os públicos da agricultura familiar e
do cooperativismo. Mais recentemente, o
Programa Gestão Sustentável da Agricul-
tura Familiar foi apresentado e está sen-
do executado pela Emater/RS-Ascar para
convergir com o propósito de aprimorar o
planejamento e a administração das proprie-
dades familiares, para que nossos agriculto-
res tenham melhoria da qualidade de vida,
segurança e soberania alimentar, geração de
emprego e renda e preservação ambiental.
Em um cenário cada vez mais comple-
xo, com demanda crescente de alimen-
tos, o Brasil é um grande fornecedor de
alimentos para nossa demanda interna, e
exportando seus excedentes. O setor agro-
pecuário continuará enfrentando os desa-
fios de agregar valor, aumentar a oferta e
a qualidade de alimentos com segurança,
rapidez, eficiência e efetividade superio-
res àquelas exigidas até agora. Apesar dos
avanços conquistados até hoje no campo,
ainda que significativos, o segmento agrí-
cola está em permanente aperfeiçoamento.
A economia global e a agricultura cami-
nham na direção da convergência de co-
nhecimentos. O Brasil tem condições de se
destacar neste cenário, e o governo do Rio
Grande do Sul e a Emater/RS-Ascar têm
convicção de que estão dando sua contri-
buição neste processo.
N
em só de grãos vive a agricul-
tura gaúcha. Há muito que o
agricultor busca alternativas,
seja para ampliar a renda, seja
para ter melhores condições de vida no
campo. Já foi o tempo em que o “colono”
olhava para o céu ao acordar e contava
com inspiração divina para ir à lavoura.
Hoje, a situação ainda é difícil, mas muita
coisa está mudando, com a abertura de no-
vos horizontes. Nesta edição do
Jornal da
Emater
, podemos acompanhar um pouco
desses caminhos opcionais que nós, do
campo, estamos tomando.
Várias novas culturas, agregando valor
a partir da implantação de agroindústrias,
estão se tornando alternativas viáveis e
rentáveis. As oliveiras são um bom exem-
plo: apesar de milenares em outras partes
do mundo, agora começam a ser cultiva-
das no Estado, onde encontraram boas
condições de clima e de solo para garantir
a produção. Além disso, a cultura tem en-
contrado bons campos para a extração de
azeite de oliva genuinamente gaúcho. Em
matéria sobre o tema, vamos ver por onde
esses cultivos estão se espalhando e como
o suporte dado pelo Estado vem colabo-
rando na geração de emprego e renda.
Outro exemplo de espírito empreende-
dor do agricultor familiar vem de Campo
Bom, onde, em uma pequena propriedade,
de apenas sete hectares, a atividade com o
gado de corte no sistema de semiconfina-
mento está proporcionando, além de qua-
lidade de vida, a permanência do jovem no
campo com a sucessão familiar. Lá, toda a
família Pandolfo tem envolvimento direto
desde a criação dos animais até a comercia-
lização da carne em cortes especiais.
A piscicultura, alémde ser uma excelente
fonte alimentícia, vem se espalhando pelas
pequenas propriedades do Rio Grande do
Sul. Muitas vezes, mesmo que a produção
seja pequena, esta atividade é incentivada
pela Extensão Rural e Social justamente
para proporcionar melhor alimentação às
famílias. Em Roca Sales, a atividade é extre-
mamente organizada e movimenta os mais
diferentes parceiros locais. Em três déca-
das, a produção de peixe em cativeiro pas-
sou de duas para oitenta toneladas e conta
com o envolvimento de 72 piscicultores.
O município, além de melhorar a qualida-
de de vida das famílias, tem fomentando a
criação de políticas públicas para o setor.
Não fazemos nada sozinhos. E o coope-
rativismo tem se mostrado um bom me-
canismo de organização para os pequenos
produtores. A Secretaria de Desenvolvi-
mento Rural, Pesca e Cooperativismo tem
apoiado fortemente o setor, seja na orien-
tação para a legalização de agroindústrias,
seja na busca por recursos para ajudar a
ampliar e facilitar as mais diferentes ativi-
dades econômicas, que estão se organizan-
do em cooperativas. Em Harmonia, após a
aquisição de um caminhão e uma classifica-
dora de frutas, os 24 associados da Cooper-
frutas estão muito mais felizes e já pensam
na ampliação dos negócios.
No entanto, velhas preocupações, infe-
lizmente, ainda fazem parte do dia a dia
dos nossos agricultores, que dependem
muito da terra e da água para sua sobre-
vivência. E o uso racional dos recursos
naturais está sempre presente também nas
ações da Extensão Rural. A implantação
de Sistemas Agroflorestais, que integram a
produção de grãos, árvores e criações, tem
se mostrado bem eficiente na conserva-
ção da biodiversidade. Nesta mesma linha
vem a Política Estadual de Conservação do
Solo e da Água, instituída pelo governo do
Rio Grande do Sul e que reúne secretarias
de Estado, instituições de ensino, pesqui-
sa e extensão rural. Por meio da Emater/
RS-Ascar, além de cooperativas, agentes
financeiros e prefeituras buscam soluções
para os problemas da área, que estão sendo
minimizados, como pode ser comprovado
através de diversas atividades, como dias
de campo, nas chamadas Unidades de Re-
ferência Técnica e de Demonstração.
Essas e outras possibilidades de melho-
ria da produção e da vida de quem vive do e
no campo podem ser conferidas nesta nova
edição do nosso
Jornal da Emater
.
A todos, uma boa leitura!
Ano para a retomada e convergência
de conhecimentos
Nem só de grãos
2
JORNAL DA
EMATER
MARÇo de 2017