Olivais se alastram
pela Metade Sul
do Estado e se
consolidam como a
ponta de uma nova
cadeia econômica
no agronegócio
gaúcho
A
s oliveiras são nativas da região
mediterrânea da Europa, mas tam-
bém se sentem em casa em cidades
comoCanguçu, PinheiroMachado,
Caçapava do Sul e tantas outras da Campanha,
doAlto-Camaquã e da Fronteira-Oeste. Acom-
binação de clima, solo e relevo destas áreas é
considerada ideal para o cultivo que atravessou
oAtlântico a fimdemudar a paisageme se alas-
trar por mais de 2 mil hectares espalhados por
cerca de 50municípios gaúchos.
A Emater/RS-Ascar foi uma das instituições
pioneiras no acompanhamento do cultivo de
azeitonas, que chegou por aqui no início dos
anos 2000. Junto com a Embrapa e com outras
entidades, desenvolveu tecnologia e conheci-
mento e colaborou para que os plantios se am-
pliassem, principalmente das variedades Arbe-
quina, Arbosana, Koroneike, Frantoio e Picual.
Políticas públicas estaduais específicas para o se-
tor foram fundamentais para que o número de
produtores chegasse a superar a centena, como
ocorre hoje. Exemplo de organização, o setor
conta atémesmo comuma câmara setorial, que
funciona como apoio da Secretaria Estadual de
Agricultura, Pecuária e Irrigação.
Deste trabalho em conjunto entre iniciativa
privada e setor público surgiu o PRO-OLIVA,
um programa que busca o desenvolvimento e a
consolidação do cultivo e da produção de azei-
te gaúcho, que atua em quatro eixos principais:
defesa sanitária e mudas de qualidade; pesquisa
e assistência técnica – produção e produtivida-
de das olivas; crédito; industrialização de azeites
e conservas. A assistência e a capacitação aos
olivicultores é garantida por um termo de coo-
peração com a Secretaria de Desenvolvimento
Rural, Pesca e Cooperativismo e coma Emater/
RS-Ascar, que também tem o apoio de técnicos
do Senar-RS e de prefeituras.
O mercado para o azeite de oliva no Brasil é
imenso. Segundo o assistente técnico estadual da
área de fruticultura da Emater/RS-Ascar, Antô-
nio Conte, a participação do produto nacional é
insignificante. “Maisde99%doazeiteconsumido
noBrasil é importado. Aprodução de azeite para
consumonacionalnãoalcançanem1%dessade-
manda. Por ver estemercadopromissor, o gover-
no do Estado espera chegar aos três mil hectares
plantados até 2018”, estima.
Olivais
na paisagem
Qualidadefazadiferença
Não é exagero dizer que o azeite
de oliva do Rio Grande do Sul está
entre os melhores do mundo, reco-
nhecido e premiado em concursos
internacionais. O Estado conta com
oito fábricas e, em média, a cada ano
uma nova indústria do segmento é
instalada. Atualmente, são 13 marcas
de azeites no mercado. O empresário
paulista Luis Eduardo Batalha inves-
tiu mais de R$ 4 milhões na Estância
Guarda Velha, localizada no muni-
cípio de Pinheiro Machado, para o
cultivo de oliveiras e a fabricação de
azeite. Ele comprou a propriedade há
mais de 10 anos, mas foi apenas em
2010 que começou a plantar as oli-
veiras. Conforme ele, um dos princi-
pais motivos foi o encantamento pela
cultura. “Uni o útil ao agradável. A
cultura é muito boa. Azeite e azeito-
na são produtos finos e bons, e o local
tem uma excelente condição climáti-
ca para o desenvolvimento dela”, diz.
12
JORNAL DA
EMATER
MARÇo de 2017