Jornal da Emater - Julho 2017 - page 3

ADRIANErodrigues
N
o terreno de apenas um hectare, a
colheita é farta, tanto de alimentos
quanto de histórias de vida cultiva-
das nas duas hortas encravadas em
meio a um dos bairros mais populosos do
Brasil, com mais de 100 mil habitantes. Uma
destas hortas é mantida por mães em situa-
ção de vulnerabilidade social. A outra, por fa-
mílias que integram a Associação da Horta
Comunitária União dos Operários (Hocouno).
Na área das mães, os cultivos principais
são de hortaliças, ervas medicinais e flores.
Organizadas em grupos que se revezam du-
rante a semana, as 40 mulheres encaminha-
das pelo Centro de Referência emAssistência
Social do município trabalham com a terra
todas as manhãs. Além de garantirem uma
alimentação mais saudável, elas vendem o
excedente para vizinhos e amigos, e também
nas feiras que integram o Fórum de Econo-
mia Solidária da cidade.
Já na área da sede da associação, outras
35 famíliasmantêmos canteiros. “Cada famí-
lia associada tem direito a um canteiro”, des-
taca Genildes da Silva Paim, coordenadora
do Projeto de Assistência Social da Horta há
cinco anos, mostrado com orgulho a fração
do terreno manuseada por ela, onde cultiva
alfaces, couve e temperos.
Nesse local, os irmãos Valdir e Jandir
Lisboa, moradores da comunidade desde
1994, vão até a horta comunitária a cada
dois ou três dias. Açougueiro aposenta-
do, Valdir começou a cultivar hortaliças em
1996 e hoje, em canteiro protegido, produz
alimentos de “encher os olhos”, como ce-
bola, couve, vários tipos de alfaces e tem-
peros. “Também cultivo dálias”, informa,
ressaltando que “é uma terapia, além de
me permitir fazer novos amigos.”
Horta
tamanho
família
hámaisde30anos,
hortacomunitária
dobairroMathias
Velho,emCanoas,
alimentaocorpo
eosendodeuniÃO
DASFAMílias
olericultura
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JORNAL DA
EMATER
JULHO de 2017
A pedagoga Lucy Lopes de Oliveira é a
atual presidente da Associação da Horta
Comunitária, mas se dedica à Pastoral da
Criança desde 1984. É ela quem acompa-
nha atividades como o Dia da Celebração
da Vida, que acontece na última segunda-
-feira de cada mês, quando é feita a pesa-
gem das crianças com até seis anos de ida-
de e são distribuídos alimentos como arroz
e feijão, além do tradicional Sopão. “Quan-
do é frio, distribuímos sopa para mais de
100 famílias”, destaca Genildes.
Da horta à panela, hámuita organização.
Atividadesedemandassãoatendidasporvo-
luntárias. Teatro, informática, aulas de vio-
lão, trabalhos manuais, ginástica e jardina-
gem são alguns dos outros cursos oferecidos
pelo Ponto de Cultura aos moradores da co-
munidade, através do projeto Consórcio da
Juventude, desenvolvidono local há22anos.
“Através de projetos como estes, benefi-
ciamos muitas famílias que vivem em situa-
ção de vulnerabilidade social, incentivando
umaalimentaçãomais saudável e repassan-
do dicas de saúde, higiene e limpeza”, desta-
ca Lucy, ao citar a permanente arrecadação
de doações, como roupas, calçados e cober-
tores, emespecial no início do inverno, e que
são comercializados nos brechós da associa-
ção, caso do realizado no dia 8 de julho. “O
dinheiro da venda simbólica da feira de in-
verno é destinado ao sopão, incrementando
e deixando ainda mais saboroso o alimento
servido paraas famílias”, salientaLucy.
Sopão, o tradicional sabor
que aquece e alimenta
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