Jornal da Emater - Julho 2017 - page 8

“Nãotem
comodarerrado”
QUATROSILOS,
COMCAPACIDADE
PARA9MILSACAS,
DERAMmaisfôlego
AOSNEGóciosda
famÍLIACARPENEDO,
EMTUPARENDI
O
produtor
Vitor Carpenedo
, de 47
anos, é do tipo que adora fazer cál-
culos. Equantomais contas faz,mais
se apaixonapelo sistemade armaze-
namentoque construiuna suapropriedadeem
Tuparendi, município vizinho de Santa Rosa.
Pragmático e com todos os números de plan-
tioede colheitanapontado lápis, nãoesconde
que os silos foram um divisor de águas na ren-
tabilidade de suas lavouras.
A construção dos quatro silos com capaci-
dade para 9mil sacas surgiu de uma análise de
mercado feita pelo próprio agricultor. “Com o
aumento da produtividade nos últimos anos,
percebi que as empresas e as cooperativas não
estavam conseguindo ampliar os armazéns.
Pensei que era hora de investir. Então veio este
sistema da Emater, mais barato e que dá mais
resultado. Daí fechou todas”, diz. A previsão de
Carpenedo não só se confirmou como este é,
hoje, umdos gargalos do agronegócio brasilei-
ro. Levantamento da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) indica que o Brasil tem
déficit de armazenagem estimado em 74 mi-
lhões de toneladas, diante da safra recorde de
232milhões de toneladas.
Do tipo que adora negociar e monitora com
frequência o mercado, Vitor constata que a ar-
mazenagemna propriedade é uma garantia de
liquidez para o produtor. “Eu decido quando
vender e como vender. No caso da soja, se ven-
der a partir da metade de maio, por baixo, tira-
-se 10% a 12% a mais no preço”, exemplifica. E
a comercialização acontece de várias formas.
“Vemgente aqui e diz que quer ‘só o quebradi-
nho’, porqueémelhorparaalimentarosbichos.
Já ficamoidinho. Às vezes dá para ganharmais
Uma força-tarefa da Secretaria da Agricul-
tura,PecuáriaeIrrigação(Seapi)edoConselho
Estadual do Meio Ambiente (Consema) tenta
facilitar trâmites legais para a armazenagem
degrãos. ConsideradaestratégicaparaoEsta-
do,edebaixoimpactoambiental,aconstrução
desilosdevetermudançasnalegislação.
O técnico superior Valdomiro Haas, da Sea-
pi, é otimista. “A expectativa é de que aprove-
mosumafaixadeisençãoparaolicenciamento
ambiental visando a atividade de secagemde
grãos em propriedades rurais para empreen-
dimentos até o portemédio. Caso consigamos
aprová-la,amaiorpartedosprojetosde inves-
timentoemsecagemearmazenagemempro-
priedades rurais estará dispensada desta exi-
gência, portanto facilitando a vida de quem
quer e precisa produzir”, declara, estiman-
do que até o final do ano a nova resolução do
Consemadeve ser confirmada.
Para desburocratizar o licenciamento
ESPECIAL:ARMAZENAGEM
como resíduo do que comomilho”, constata.
Outra vantagem do sistema de armazena-
gemdesenvolvido pela Emater/RS-Ascar é que
não há necessidade de mão de obra. “Isto me-
lhora muito a rentabilidade do produtor, que
assimnãoprecisaarcar comtaxas administrati-
vas e como custo operacional, que inclui prin-
cipalmente a secagem, a armazenageme o fre-
te”, frisa o chefe do escritório da instituição na
cidade, Albino Motti. “Supondo que o valor fi-
que emcerca de 8%da produção, isto significa
que numa colheita de 10.000 sacas o produtor
pode aumentar seu ganho em até 800 sacas.
Faz toda a diferença”, calcula Motti, ressaltan-
do que já há 55 silos deste modelo espalhados
pela área rural domunicípio.
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JORNAL DA
EMATER
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