A
propriedade da
família Soccol
, em
Casca, mais parece cenário de um fil-
me. À beira de um córrego cristalino
quedesaparece sobumenormeponti-
lhão de pedras, eles contruíram junto com seus
silos uma história de muito trabalho e empree-
endedorismo. Juntos, pai,mãeeos três filhosal-
cançaramo que amaioria dos agricultores ape-
nas sonha. Eles plantam, colhem, armazenam,
industrializame comercializam o milho em for-
ma de farinha produzida demaneira artesanal,
commódepedrasdequaseuma tonelada, que
vão girando e moendo os grãos. O resultado é
uma farinha mais fina e de qualidade superior
à industrializada no processo tradicional.
Em pouco tempo, a fama da farinha espa-
lhou-sepela região.Hoje, produzemcercade1,2
mil quilos por dia e vendempara 20municípios.
“A gente não consegue atender a todos os clien-
tes. Agora, ametaédobrar aprodução. Opesso-
al vem de longe buscar a farinha aqui”, propa-
gandeiaMauro, coma falacarregadadosotaque
típicodedescendentesde italianos.
Mauro é responsável pela lavoura e pela ar-
mazenagem. Na propriedade, que fica quase
Silosque
guardamfelicidade
famÍLIASOCCOL
INVESTIUEMSILOS
PARAARMAZENAR
OMILHOQUESERÁ
TRANSFORMADOEM
FARINHAfinaede
qualidadesuperior
ESPECIAL:ARMAZENAGEM
Foi justamente em Casca, no Planalto Mé-
dio, que o sistema de armazenagem com ar
forçado se desenvolveu e ganhou fama. Para
acidade, comforteatuaçãonaterminaçãode
suínosenaproduçãodeleite,aumentarocon-
trole do produtor sobre o próprio grão, princi-
palmente o milho, era necessidade. Quando
osprimeirossilos foramerguidoseoresultado
foi positivo, a notícia logo se espalhou. Hoje,
só nestemodelo, a cidade conta commais de
100 silos, comcapacidade total de armazena-
mentoestimadaem200mil sacas.
Conforme o agrônomo e chefe do escritó-
rio da Emater/RS-Ascar no município, Maurí-
cio Dall’Acqua, cerca de 75% da produção ar-
mazenada é usada dentro das propriedades.
“O produtor passa a ter garantia de alimento
de qualidade durante todo o ano tanto para
suínos quanto para bovinos de leite. O milho
entra como fonte de energia e a proteína é
complementada com farelo de soja. Assim, a
dieta fica balanceada, com excelente conver-
são de peso para os suínos e também produ-
tividade láctea”, diz. Nomunicípio, o tamanho
médio das propriedades é de 20 hectares e as
capacidades variamde300a7,5mil sacas.
Casca, o lugar onde tudo começou
na divisa com o município de Serafina Corrêa,
os Soccol optarampor quatro variedades, com
ciclos diferentes, para manter os silos sempre
cheios. O sistema de armazenagemcomar for-
çado é um aliado na produção da farinha. “O
grão não trinca, não quebra. Daí aumenta o
rendimento. Dá uns 20% de diferença”, ressal-
taMauro, que, aos poucos, já incentivao filhoa
conhecer o negócio.
De pouca fala, Tiago, irmão de Mauro, co-
ordena toda a fabricação da farinha. Diante da
prosperidade do negócio, não esconde o orgu-
lho da trajetória da família. “A gente só conse-
guiu isto porque trabalhamos muito. E sem-
pre juntos. Corremos atrás de tudo. Os silos
nós mesmos construímos. Istomudou a nossa
vida para sempre”, salienta, diante do olhar or-
gulhosodos pais, Alcides, 62anos, eTeresa, 66.
10
JORNAL DA
EMATER
JULHO de 2017