Jornal da Emater - Julho 2017 - page 7

ESPECIAL:ARMAZENAGEM
CÁSSIOFILTER
P
oucagente jáouviu falarda
pequenaEsperançadoSul,
no extremo Noroeste gaú-
cho. Pois esta cidade de
apenas3,2mil habitantes, banhada
pelo Rio Uruguai, e que faz frontei-
ra com a Argentina, aos poucos co-
meça a se destacar no cenário agrí-
cola do Rio Grande do Sul. E por
um ótimo motivo. Cerca de 20%
das pequenas e médias proprieda-
des do município contam com seu
próprio sistema de armazenagem
de grãos. Até o final do ano, a mé-
diadevechegar a35%. Istosignifica
mais autonomia emelhor rentabili-
dadeparaoprodutor rural.
O grande segredo deste cresci-
mento está na relação custo-benefí-
cio.Omodelodesiloadotadofoide-
senvolvido por técnicos da Emater/
RS-Ascar de forma específica para
pequenas e médias propriedades.
Quemguarda…tem!
Construído em alvenaria, nele a se-
cagem acontece através de jato de
ar em temperatura ambiente, sem
combustão. "Além de ser mais eco-
nômico, o sistema ajuda a preser-
var osnutrientesdogrãoarmazena-
do, o que resulta em melhor preço
de venda e tambémemmais quali-
dadenaalimentaçãodos animais, e
ainda se economiza no frete", expli-
caogerente técnicoestadual adjun-
toda instituição,RogérioMazzardo.
EmEsperançadoSul, ondeo ta-
manho médio das propriedades
é de apenas 12,5 hectares, a capa-
cidade de cada silo varia bastante.
"Temos estruturas para armazenar
de 150 sacas a 3.000 sacas. Alguns
produtores optam por construir
maissilos,conformeconstatamque
o investimento é baixo e comretor-
norápidoeelevado",explicaoagrô-
nomo Anselmo Granetto, chefe do
escritório local daEmater-RS/Ascar.
SEUJANDREYCOMEMORA
A propriedade de seu
Valmor
Jandrey
já virou uma espécie de
ponto turístico em Esperança do
Sul. Com 52 anos, foi o primei-
ro produtor da cidade a construir
um silo com este sistema de ae-
ração. Pelos cálculos dele, cerca
de 4 mil produtores do Rio Gran-
de do Sul, de Santa Catarina e do
Paraná já passaram pela sua pro-
priedade para o projeto. “É umor-
gulho! Já tivemos dia de campo,
excursões, aulas aqui na proprie-
dade. Foi um ato de coragem. E
que bom que inspira a outros. É
algo fantástico. O resultado logo
aparece”, garante.
Como bom descendente de
alemães, Jandrey planejou emde-
talhe cada passo. Em 2006, foi até
a região de Casca para conhecer o
modelo de silo. Voltou convicto de
que era bom investimento para os
39 hectares de lavoura que man-
tém. “Construí o primeiro para 850
sacas. Depois que vi como funcio-
nava,mandei fazermais três. Hoje,
a capacidade total da propriedade
é de 5.000 sacas”, comenta. O ga-
nho na rentabilidade é de cerca de
30% no caso dele, que não possui
gado leiteiro e produzmilho exclu-
sivamente para comercialização.
O apreço pelo modelo de silo é
tão grande que fez questão de su-
bir numa das estruturas paramos-
trar a qualidade do milho arma-
zenado. Enquanto manuseava o
produto, ressaltou que nada pode
sermelhor para o produtor do que
ter controle sobre o próprio grão.
“O ganho é muito maior. A gente
decide a melhor hora de vender.
Só por entregar o produto fora de
época, a rentabilidade já é outra. É
umbaita negócio. Mudou comple-
tamente a minha vida e fez eu me
profissionalizar ainda mais, estu-
dar omercado”, complementa.
Do alto dos 80 anos, seu
Gus-
tavo Buss
parece umguri quan-
do faladosilopara500sacasque
providenciou. Ele não esconde o
entusiasmo quando refere como
a construção arredondada me-
lhorou a vida na propriedade e
o desempenho do gado leiteiro.
Junto como filho e a nora, plan-
ta seis hectares de milho. Meta-
de vai para a alimentação do
gado e a outra parte é negocia-
da. “Neste sistema, o milho fica
com qualidade muito superior.
Depois que os bichos comem, a
gente passa a mão no cocho e
percebe que fica úmido. As va-
cas sabem que é milho melhor.
Quando é do outro tipo, sempre
fica farelo”, explica.
Nominifúndio dos Buss, o ga-
nho tambémestá no fimdo frete
atéacerealista,quearmazenava
oprodutoque serviriadealimen-
tação ao rebanho. “É outra vida.
DáparafazermédiadeR$100,00
por frete. Por baixo, são R$ 1,2
mil que a gente economiza, sem
falar na perda do produto e na
qualidade superior que se tem
agora. Foi a melhor coisa que a
gentepodia ter feito”, sentencia.
“É outra vida”, diz seu Buss
Umsistemadearmazenagembarato,derápidaconstruçãoeCOMaltaeficiênciaestámelhorando
aqualidadedevidaeaumentandoarendademilharesdepequenosemédiosagricultoresgaúchos
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