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Diferimentodocamponativo
Odiferimentodocampoépráticaeficaz.Consisteemvedardeterminada
áreaoupiquete, paraacúmulode forragemesementaçãodasespéciespre-
sentes naárea. Apráticaé realizadanaépocademaior crescimentodapas-
tagemnativa, a primavera-verão. Assim, a forragemacumulada será usada
comoalternativaparasuperarovazioforrageironooutono-inverno.
Ocamponativovaleouro
OMANEJOé
fundamentalpara
queosanimais
tenhamàdisposição
forragemna
quantidadeena
qualidadecerta
PAINELTÉCNICO
ANAPAULABRUNETTO
CoordenadoraPecuária Familiar
NDA/GET – EscritórioCentral
I
magine um estabelecimento rural com bo-
vinos e ovinos emmeio a muitas outras ati-
vidades produtivas. Esses ruminantes aca-
bam permanecendo em área de campo
nativo por 365 dias do ano. Ou seja, é nesta
área que eles pisoteiam, procriam, ruminam,
urinam, defecam e ainda, principalmente, pre-
cisampastar. Esteé tambémomotivopeloqual
a quantidade de pastagem, ou seja, a oferta de
forragem, deve ser sempre maior do que o ne-
cessário ao consumo propriamente dito.
Como se pode garantir que os animais con-
sumama forragememquantidade equalidade
suficientesparamanter e/ouganhar peso?Bas-
ta fazer conta simples: um bovino, por exem-
plo, consome por dia cerca de 2% a 3% do seu
peso vivo em matéria seca (MS). Assim, com
essa conta, sabemos que um animal de 300 kg
consome até 9 kg deMS a cada 24 horas.
Para garantir tal proporção, o animal deve-
rá ter àdisposiçãoofertaquatro a seis vezes su-
perior à sua capacidade de consumo. É este ex-
cesso que permite aos animais a seleção das
plantas que irão pastejar. Os bovinos são inte-
ligentes. Isso permite que memorizem e retor-
nem às áreas de campo que apresentam os
pastos de maior qualidade, em geral onde há
Principais espécies a seremutilizadas
para sobressemeadura de campo nativo
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Ajustedecargaanimal
O ajuste da carga animal é a adequação da carga animal (kg/peso vi-
vo-PV) à disponibilidade de forragem (kg matéria seca-MS/hectare). É
importante saber que a oferta de forragemé a quantidade de pastagem
ofertada ao animal, e édada emkgMS/100 kgdePV. Assim, 12%de ofer-
tade forragem(12kgdematériasecaparacada100kgdepesovivo) para
um animal de 300 kg significaria ofertar 36 kg de MS ao animal. Para ga-
rantir esta oferta, o campo nativo deve ser mantido com altura ao redor
de 11 cm. Isto significa que durante a primavera, época emque o campo
nativo (CN) atingeomaior crescimento, pode-secolocarmaior cargaani-
mal, pois a disponibilidade de forragemnesta época serámaior. Ao pas-
so que durante o inverno a carga deverá ser reduzida emrelação à carga
utilizada na estação quente, uma vez que o CN praticamente paralisa o
seu crescimento, tambémconhecido como vazio forrageiro.
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Melhoramento
dOcamponativo
atravésdaintrodução
deespéciesdeinverno
Como a maioria das espécies
forrageiras presentes nos cam-
pos nativos do Rio Grande do Sul
concentrama suaprodução forra-
geira nos meses de primavera-ve-
rão, é na época de outono-inver-
no que ocorre o vazio forrageiro.
Por isso, uma excelente alternati-
va para os produtores é a introdu-
ção de espécies de inverno como
o azevém, a aveia, os trevos bran-
co e vermelho e o cornichão, que
iniciam seu ciclo vegetativo no
outono, fornecendo, deste modo,
pasto de qualidade e em quanti-
dade suficiente para que os ani-
mais possam passar pela estação
fria. Na maior parte dos casos, as
forrageiras de clima temperado
podem ser implantadas em con-
sorciação para que se tenha au-
mento da produção e ainda do
valor nutritivo da forragem a ser
ofertada ao rebanho.
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Roçadadocamponativo
A roçada é prática que propicia a limpeza do campo, o controle de
espécies indesejadas, a reciclagemdos nutrientes eummaior rebro-
te da pastagemnativa. A utilização da roçada depende demaquiná-
rioadequado. Umaalternativaéopastejo controlado comalta carga
animal, em certas épocas com categorias animais que sejammenos
exigentes nutricionalmente, como vacas vazias, por exemplo.
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Usodesuplementaçãoestratégicadosanimais
A suplementação estratégica (sal proteinado) é uma ferramenta
que pode ser utilizada para superar o vazio forrageiro e deve estar
sempre associada a uma boa disponibilidade de forragem do cam-
ponativo, comoapósumdiferimento, porexemplo.Osal proteinado
suprirá a demanda proteica, e a pastagem fornecerá o volumoso ne-
cessário para alimentar os animais emquantidade e qualidade, per-
mitindo pelo menos a manutenção do peso. O sal proteinado deve-
rá ser ofertadonaproporçãodeumadois g/kgdepesovivo. Ococho
deve estar coberto para evitar a solubilização da ureia. Essa suple-
mentaçãoNUNCAdeveser fornecidaaosanimais famintos.Alémdis-
so, é necessário que se realize a adaptação dos animais à suplemen-
tação, ofertando demaneira gradual por umperíodo de pelomenos
15 dias, destamaneira, reduz-se as chances de uma intoxicação, que
pode levar àmorte dos animais.
Espécie
Densidade de semeadura
Azevém(
Loliummultiflorum
)
25 -50 kg/ha
Aveia (
Avena sp
)
80 -100 kg/ha
Trevobranco (
Trifoliumrepens
)
2 - 4 kg/ha
Trevo vermelho (
Trifoliumpratense
)
4 - 6 kg/ha
Cornichão (
Lotus sp
)
5 - 8 kg/ha
Responsável pelas informações:
Ana Paula Brunetto
Coordenadora Pecuária Familiar
NDA/GET – Escritório Central
forte presença de leguminosas. Para permitir
que tenham a chance de selecionar o alimen-
to que irão consumir, alternativa é fazer o ajus-
teda carga animal, ferramentade custo zeroao
produtor, e que permite incrementos no ganho
de peso dos animais (veja abaixo).
Durante a primavera, época em que o cam-
po nativo apresenta maior crescimento, os
animais têm à disposição forragem suficien-
te para ganhar peso, recuperar a condição cor-
poral após a parição e entrar em cio novamen-
te, desde que a carga animal esteja ajustada à
quantidade de pasto. Mas no outono e inver-
noa situaçãomuda, eoacúmulode forragemé
praticamente nulo, pois amaioria das espécies
presentes no campo nativo é de verão. Vale o
lembrete: a carga animal ajustada para o verão
deve ser reduzida pelo menos pela metade no
outono e no inverno para amesma área.
A qualidade da produção animal, aliada à
sustentabilidade dos campos naturais, pode ser
obtida através de técnicas de manejo simples.
Elas vãodoajusteda cargaanimal aodiferimen-
to do campo, associado a suplementação estra-
tégica dos animais, roçada e sobressemeadura
deespéciesde invernonocamponativo.
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JORNAL DA
EMATER
JULHO de 2017