Produto popular, de menor peso no orçamento, preserva a boa demanda
Sem
abalos
O
café nosso de cada dia pre-
serva a tradição e revela de-
sempenho em que quase a
cada ano amplia o consumo
por parte da população bra-
sileira. Em 2016, mesmo com cenário eco-
nômico complicado, a demanda chegou
até a superar as previsões iniciais, de 21mi-
lhões de sacas, e cresceu 3,5% em relação
ao período anterior. Isso se deve, conforme
Nathan Herszkowicz, diretor executivo da
Associação Brasileira da Indústria de Café
(Abic), ao fato de ser uma bebida popu-
lar, presente no dia a dia, e de custo ainda
baixo ao consumidor, de maneira que não
chega a pesar tanto no seu orçamento.
O Brasil, maior produtor mundial de
café, é o segundo em consumo, logo após
os Estados Unidos. De qualquer forma, exis-
te um mercado interno consistente para o
produto, ressalta o dirigente. Ele mencio-
na pesquisa da Euromonitor pela qual 89%
dos consumidores acimade 60 anos bebem
café tododia, enquanto juntoaos jovens, de
16 a 20 anos, a frequência diária é de 49%.
Ainda de acordo com as projeções do insti-
tuto, o consumo doméstico deverá crescer,
em média, 3,2% ao ano até 2020, levando
emconta todos os tipos de café.
O levantamento mostra que mais de
80% dos lares brasileiros pesquisados têm
café, e o produto em pó representa 81%
do volume ali consumido, mas cresce o de
cápsulas. Fora do lar, sobressai a procura
por café de qualidade, onde a desacelera-
ção econômica impactou. De maneira ge-
ral em 2016, no entanto, como observou
a Abic, o consumo não foi afetado. Cons-
tatou até a busca de alguns consumido-
res por marcas de preços mais acessíveis:
“mas não abandonaram o hábito e come-
çarama retornar ao segmento
premium
”.
O analista Jefferson Carvalho, do Rabo-
bank, por sua vez, em manifestações fei-
tas durante eventos no setor, aponta cresci-
mento do consumo na faixa de 1,3%ao ano
no País, menor do que há alguns anos. Po-
rém, cita o fator positivo, para o segmento,
do envelhecimento da população, que em
faixa de idade mais avançada toma mais
café, e do oferecimento de mais opções
ao consumidor, considerando a segmenta-
ção do produto comoumcaminho a seguir,
para sua maior valorização, e o café como
uma especialidade e não uma
commodity
.
Em 2017, mesmo com o resultado fa-
vorável de 2016, a indústria brasileira de
café via algumas dificuldades no ritmo do
consumo no início do ano. De qualquer
forma, esperava que reagisse, emparalelo
à concretização de uma expectativa de re-
tomada econômica, e que pudesse atingir
resultado próximo ao anterior. Estava em
jogo também a questão do abastecimen-
to de matéria-prima, que já apresentou
problemas em 2016, com a quebra da sa-
fra de conilon, e se colocava como interro-
gação para o novo período, diante de es-
toques mais reduzidos.
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