O
café em grão foi comerciali-
zado a preços mais altos ao
longo de 2016, quando com-
parado com os valores mé-
dios praticados no ano an-
terior. Até o café arábica, que registrou
volume recorde, teve o preço valoriza-
do em consequência da menor oferta de
café conilon, ou robusta, em 2016, safra
2016/17. A média nominal do café arábi-
ca tipo 6, bebida dura para melhor, posto
emSão Paulo, foi de R$ 501,80 pela saca de
60 quilos, com acréscimo de R$ 57,76 so-
bre o valor médio de R$ 454,04 obtido em
2015, de acordo com o Centro de Estudos
Avançados emEconomiaAplicada (Cepea),
da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq), vinculada à Universidade
de São Paulo (USP). Enquanto isso, o pre-
çomédio do café robusta tipo 6 no Espírito
Santo ficou emR$ 487,60.
Apesar de os preços terem oscilado em
2016, o café arábica teve maior liquidez do
que o robusta, devido à quantia maior dis-
ponível para negociação, aponta a equi-
pe de analistas do Cepea. No decorrer do
ano, o arábica tipo 6 bebida dura para me-
lhor, colocado em São Paulo, variou de R$
450,15 a R$ 577,74 por saca, ou seja, qua-
se R$ 130,00 de diferença por saca. Já a for-
te alta nos preços do café conilon nos mer-
cados interno e externo marcou o ano de
2016. O Cepea destaca que pela primeira
vez na história a cotação média do conilon
superou a do arábica. Na segunda quinze-
na de outubro de 2016, o robusta tipo 6 pe-
neira 13 acima, a retirar no Estado do Espí-
rito Santo, chegou a ficar R$ 13,17 por saca
acima do arábica tipo 6, bebida dura para
melhor, posto na capital paulista.
Entre os meses de março e novembro
de 2016, verificou-se movimento de alta
nos preços do robusta, provocado pela
baixa oferta do grão no mercado nacio-
nal. Em meados de agosto, o indicador
do Cepea passou de R$ 500,00 por saca
Fezbemao
bolso
Pela primeira vez na história cotação média do conilon superou a do arábica
de 60 quilos e começou a registrar recor-
des reais praticamente diários na série do
Cepea, iniciada em 2001. A máxima de R$
552,28 por saca foi atingida em 14 de no-
vembro. A safra 2016/17 de robusta foi
prejudicada pelo clima seco tanto no Es-
pírito Santo quanto emRondônia, com re-
cuo de 25% na produção frente ao perío-
do anterior, de acordo com a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab).
A oferta restrita de café robusta elevou
os preços para a indústria, que, além de
ter de pagar mais pelo grão, também bus-
cou alternativas para elaborar os
blends
,
como substituir a variedade pelo arábica
mais fraco, como bebida rio ou aqueles
de qualidade inferior. Com isso, os pre-
ços destes tipos de café arábica também
aumentaram com força, atingindo a casa
de R$ 500,00 por saca. Segundo os cola-
boradores do Cepea, a qualidade do ro-
busta foi inferior no ciclo 2016/17, em fun-
ção do clima desfavorável. Boa parte dos
grãos foi classificada como miúdos, pre-
judicando o rendimento da variedade. A
menor produção brasileira e a perspectiva
de não recuperá-la na totalidade na safra
2017/18 geraram receios quanto ao abas-
tecimento de café robusta no mundo.
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Diferença no custo
Nem sempre o aumento do preço pago ao produto resulta emmaior rentabilidade ao cafeicultor. Levantamento feito em 10
municípios das principais regiões produtoras de café arábica apontou que o custo total médio ficou em R$ 480,74 por saca em
2016. O estudo foi realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), emparceria como Centro de Inteligên-
cia emMercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/Ufla).
Os Custos Totais (CT) dos municípios produtores de arábica pesquisados variaramde acordo comas condições locais de pro-
dução, de R$ 401,77 por saca em Luís Eduardo Magalhães (BA) a R$ 535,10 por saca emGuaxupé (MG). O clima contribuiu com a
produtividade na maioria dos municípios contemplados pela pesquisa, variando de 30 a 50 sacas por hectare na safra 2016. “O
efeito da economia de escala, aliado aos bons preços de venda na safra 2016, favoreceu os resultados econômicos nas regiões
de arábica como um todo”, concluíram os pesquisadores.
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